Jorge Rocha | opinião
Firmeza é a atitude revelada pelo
governo perante o surto grevista, e é essa a atitude judiciosa a tomar perante
a tentativa de uns poucos pretenderem colher só para si os dividendos de uma
evolução positiva da economia, que, dentro dos limites de manter certas as
contas do Estado, deverão ser distribuídos pelo maior número possível de
portugueses.
Apesar de alguns amigos
facebookianos imitarem o inenarrável secretário-geral da UGT no pânico quanto
às consequências de tanto protesto, constato a usura de tais formas de luta e
sinais de, em muitas delas, verificarem-se recuos estratégicos pelos efeitos
nefastos na reação progressiva dos portugueses perante situações extremamente
desproporcionadas entre elas e os danos coletivos provocados.
Há, igualmente, coincidências que
não passam despercebidas: a instrumentalização dos enfermeiros numa altura em
que os interesses privados e das misericórdias arriscam ser beliscados por uma
Lei de Bases da Saúde, que possa impor a complementaridade e a subordinação da
sua «contribuição», em vez do seu carácter supletivo, que tanto agrada a
Marcelo por deixar tudo exatamente na mesma, ou seja na contínua sangria de
recursos do SNS para encher os bolsos dos que fazem obsceno negócio. Ou ainda
as reivindicações dos caciques dos bombeiros voluntários que, não só querem
evitar verem-se marginalizados do lucrativo fornecimento dos meios de combate a
incêndios como se querem livrar de quem lhes possa auditar as contas.
É porque tais argumentos podem e
devem ser utilizados no momento certo mostrando aos portugueses o que está
verdadeiramente em causa, que não me assustam as greves e muito menos a muralha
intransponível, com que o governo as enfrenta. À exceção da luta dos
estivadores de Setúbal, que tinha fundamento para se considerar justificada,
todas as demais não encontram resposta assertiva do governo, que mantém o
princípio de optar por dar mais a muitos, mas considera irresponsável dar tudo
a todos.
No momento de depositarem o voto
na urna, os eleitores preferirão quem lhes promete a continuidade de um
processo, que lhes tem garantido a melhoria da qualidade de vida, do que quem
se cola oportunisticamente aos supostos descontentes e, ou lhes cortaram
direitos e remunerações, quando estiveram no poder, ou se escusam a cumprir
regras europeias, sabendo de sobra o que tal significaria quanto à
impossibilidade de conseguir os necessários créditos para financiar o Estado.
Sem comentários:
Enviar um comentário