terça-feira, 20 de março de 2018

EUA | Snowden Critica a Nova Escolha da Cia por Participação em Tortura na Tailândia


Gina Haspel foi acusada de participar de programa de tortura, destruindo fitas de vídeo de sessões de interrogatório

O ex-contratado da NSA, Edward Snowden, criticou a administração de Trump na terça-feira por escolher uma oficial da CIA envolvida no programa de tortura para dirigir a agência.

Gina Haspel, que dirigiu uma prisão em uma base secreta na Tailândia durante a administração Bush, foi escolhida para liderar a CIA depois que o atual chefe da agência, Mike Pompeo, foi transferido para substituir Rex Tillerson no Departamento de Estado.

Respondendo a um tweet do presidente que anunciou a escolha, Snowden observou que Haspel se havia envolvido no ilegal programa de tortura, destruindo as fitas de vídeo de interrogatórios brutais.

"A nova diretora da CIA foi uma parte fundamental do programa de tortura e de seu encobrimento ilegal", disse Snowden. "O nome dela estava na ordem Top Secret exigindo a destruição de fitas para evitar que elas fossem vistas pelo Congresso. Inconcebível."

Snowden também apontou que o Centro Europeu para os Direitos Constitucionais, em 2017, pediu ao Ministério Público alemão para emitir um mandado de prisão para Haspel.

Em um artigo de 2017, Glenn Greenwald do site The Intercept, tweetou por Snowden, Haspel não apenas dirigiu um local de tortura, mas teve um "papel extensivo" na tortura de detidos também.

Haspel, que nunca foi acusada por seguir a decisão da administração Obama de não processar os torturadores da era Bush, permanecendo fora de foco durante a maior parte de sua carreira devido ao seu status secreto.

ALEGADO VENENO RUSSO VIRA VENENO DA MANIPULAÇÃO DO OCIDENTE


Sabemos que estão em marcha operações de desestabilização da Rússia e da China perpetradas pelos EUA e alguns dos seus aliados, principalmente do Reino Unido. O caso do veneno Novichok – que vitimou um espião duplo e sua filha, na Inglaterra – não foi identificado sem reservas como sendo de origem da Rússia. Os cientistas do Reino Unido “não são capazes de identificar o agente de nervos como sendo de manufactura russa e ficaram ressentidos com a pressão que lhes foi imposta.” Como pode ler a seguir nas palavras de Craig Murray, além de mais pormenores e factos. Não sendo o veneno identificado pelos cientistas do Reino Unido como genuinamente de origem russo, claramente, podemos inferir que o ocidente, o Reino Unido, usa o veneno da manipulação para atacar a Rússia. Manipulação, um veneno bem conhecido, usado e abusado pelo Reino Unido, EUA e seus aliados com mestria. Recordemos as mentiras de Bush, Blair, Aznar e Barroso sobre  as "armas de destruição em massa", gás venenoso, do Iraque... (CT | PG)

De um tipo desenvolvido por mentirosos

Craig Murray [*]

Recebi agora a confirmação, de uma fonte bem colocada no FCO [Foreign and Commonwealth Office], de que os cientistas do [laboratório de] Porton Down não são capazes de identificar o agente de nervos como sendo de manufactura russa e ficaram ressentidos com a pressão que lhes foi imposta. Porton Down subscreveria apenas a formulação "de um tipo desenvolvido pela Rússia" após uma reunião especialmente difícil onde isto foi acordado como uma formulação de compromisso. Os russos estavam alegadamente a investigar, no programa "Novichok", uma geração de agentes de nervos que pudesse ser produzida a partir de precursores comercialmente disponíveis tais como insecticidas e fertilizantes. Esta substância é um "novichok" nesse sentido. É desse tipo. Assim como eu ao teclar um computador portátil de um tipo desenvolvido pelos Estados Unidos, embora este fosse fabricado na China.

Para alguém com experiência em Whitehall [governo britânico] isto tem sido óbvio desde há vários dias. O governo nunca disse que o agente de nervos fora fabricado na Rússia, ou que só pudesse ser fabricado na Rússia. A formulação exacta, "de um tipo desenvolvido pela Rússia" foi utilizada por Theresa May no parlamento, utilizada pelo Reino Unido no Conselho de Segurança da ONU, utilizada ontem por Boris Johnson na BBC e, o mais revelador de tudo, "de um tipo desenvolvido pela Rússia" é a frase precisa utilizada no comunicado conjunta ontem emitido pelo Reino Unido, EUA, França e Alemanha:

Esta utilização de agente de nervos de grau militar, de um tipo desenvolvido pela Rússia, constitui a primeira utilização ofensiva de um agente de nervos na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Quando nunca há desvio do mesmo fraseamento extremamente cuidadoso, você sabe que este é o resultado de um compromisso muito delicado de Whitehall. Minha fonte no FCO recorda, tal como eu, a pressão extrema aplicada sobre a equipe do FCO e sobre outros funcionários públicos para aprovarem o dossier sujo sobre Armas de Destruição em Massa iraquianas. Algumas dessas pressões eu relato na minha memóriaMurder in Samarkand. Ela apresentou voluntariamente essa comparação com o que está agora a acontecer, particularmente em Porton Down, sem qualquer sugestão da minha parte.

Separadamente escrevi ao gabinete dos media da OPCW [Organização para a Proibição de Armas Químicas] a pedir-lhes para confirmarem que nunca houve qualquer evidência física da existência de Novichoks russos e de que o programa de inspecção e destruição de armas químicas russos fora completado no ano passado.

Será que conhecia estes factos interessantes? 

Inspectores da OPCW tiveram acesso pleno a todas as instalações russas de armas químicas durante mais de uma década – incluindo aquela identificada pelo alegado denunciante do "Novichok", Mirzayanov – e no ano passado inspectores da OPCV completaram a destruição das últimas 40 mil toneladas de armas químicas russas.

Em contraste, o programa de destruição dos stocks de armas químicas dos EUA ainda tem cinco anos pela frente.

Israel tem stocks extensos de armas químicas mas sempre se recusou a declarar qualquer delas à OPCW. Israel não é um estado parte da Convenção das Armas Química nem membro da OPCW. Israel assinou-o em 1993 mas recusou-se a ratificá-lo pois isto significaria inspecção e destruição das suas armas químicas. Israel indubitavelmente tem tanta capacidade técnica quanto qualquer outro estado para sintetizar "Novichoks".

Até esta semana, a crença quase universal entre peritos em armamento químico, e a posição oficial da OPCW, era que "Novichoks" eram no máximo um programa de investigação teórica o qual os russos nunca haviam tido êxito em realmente sintetizar e fabricar. Essa é a razão porque eles não estão na lista da OPCW de armas químicas proibidas.

Porton Down ainda não tem certeza de que foram os russos que aparentemente sintetizaram um "Novichok". Portanto "De um tipo desenvolvido pela Rússia". Notem bem: desenvolvido, não fabricado, produzido ou manufacturado.

É propaganda cuidadosamente fraseada. De um tipo desenvolvido por mentirosos.

ACTUALIZAÇÃO

Esta mensagem levou outro antigo colega a contactar-me. Do lado positivo, o FCO persuadiu Boris de que ele tinha de deixar a OPCW investigar uma amostra. Mas não ainda. A expectativa é de que o comité de inquérito será presidido por um delegado chinês. O plano de Boris é fazer com que a OPCW também subscreva a fórmula do "desenvolvido pela Rússia" e diplomacia para este objectivo está a ser empreendida em Pequim exactamente agora.

Não creio que haja sinais de a BBC fazer algum jornalismo real sobre isto. Haverá?

16/Março/2018

[*] Antigo embaixador e alto funcionário britânico.

O original encontra-se em www.craigmurray.org.uk/archives/2018/03/of-a-type-developed-by-liars/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

BRASIL | Lula recebe apoio de líderes latino-americanos e denuncia complô dos EUA


Luiz Inácio Lula da Silva iniciou nesta segunda-feira sua caravana pelo sul do Brasil recebendo o apoio de três ex-presidentes latino-americanos e abraçando a tese de que os Estados Unidos estão por trás do "processo mentiroso que ocorre" no país.

Ameaçado de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula se encontrou em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, com o ex-presidente uruguaio José Mujica, o ex-dirigente equatoriano Rafael Correa e a ex-presidente Dilma Rousseff.

"Querido Mujica, você sabe que estou sendo ameaçado de prisão. Estou aqui na fronteira e poderia dar um pulinho para o Uruguai, mas não vou fazer isto. E sabe por que?! Porque estou tranquilo com minha inocência e são eles que terão que sair do país um dia".

"As digitais do governo americano estão em todo este processo mentiroso que está ocorrendo no Brasil", afirmou Lula, vestido com terno azul e camisa vermelha.

Sentado ao lado de Lula, mas em Rivera, no território uruguaio, Mujica - um ex-guerrilheiro de 82 anos - foi franco e defendeu um exercício de autocrítica da esquerda regional, inclusive do Partido dos Trabalhadores (PT).

"As mudanças não podem se respaldar em apenas uma figura, porque amanhã não está a figura e a luta continua. É preciso haver partido! Sorte que tem Lula, mas não o terão eternamente e a luta dura", advertiu Mujica.

Rafael Correa fez um paralelo da situação de Lula com o que ocorre atualmente no Equador.

"O que estão fazendo com Lula é gravíssimo, como o que estão fazendo contra Jorge Glas, vice-presidente da República do Equador detido sem uma prova sequer contra ele. Isto é a judicialização da política", denunciou Correa.

Dilma Rousseff declarou que a tentativa de prisão de Lula é a terceira etapa do "golpe" que começou em 2016 com seu impeachment. O que as elites querem é impedir que Lula seja eleito presidente.

Durante esta viagem pelo Sul, prevista para prosseguir até 28 de março, Lula pode ter sua prisão decretada pela condenação no caso do triplex recebido da construtora OAS em troca de favorecimentos na Petrobras.

"Meu problema pessoal é pequeno diante da aflição de milhões de trabalhadores brasileiros que já perderam o emprego", disse Lula sob o risco de ser preso.

Esta é a quarta caravana de Lula nos últimos meses, após percorrer o Nordeste e os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Em Bagé, Lula foi alvo de um protesto que reuniu cerca de 200 produtores rurais, que com bandeiras do Brasil e o tradicional traje 'gaúcho' fizeram rugir seus tratores diante da universidade Unipampa.

Um grupo de policiais foi mobilizado para separar os produtores rurais de cerca de 100 partidários do PT e de movimentos de esquerda que aguardavam a chegada de Lula.

AFP | Foto: AFP / Itamar AGUIAR

Importadores de madeira de EUA e Europa alimentam destruição da Amazônia, denuncia Greenpeace


A exportação de madeiras de lei do Brasil, como a de ipê, principalmente para os Estados Unidos e Europa, alimenta um comércio ilegal que devasta a Floresta Amazônica, alertou o Greenpeace nesta terça-feira.

Uma investigação levou a uma lista de 37 companhias americanas apontadas como os principais clientes de exportadores brasileiros que vendem madeira "com indícios de ilegalidade" para fabricar mesas ou móveis de jardim.

Empresas na França, Portugal, Bélgica e Holanda são as próximas na lista de grandes compradoras de madeira suspeita, de acordo com o relatório de 27 páginas da organização, intitulado "Árvores imaginárias, destruição real".

Segundo o relatório, madeireiras e funcionários públicos corruptos brasileiros executam esquemas sofisticados que permitem cortar estas árvores muito abaixo do permitido, sem que isto as impeça de obter os documentos necessários para exportar a madeira com enormes lucros.

Compradores em países ricos deveriam estar mais atentos ao que estão importando, diz o relatório.

"Podemos dizer que é quase impossível garantir que a madeira da Amazônia brasileira tenha saído de operações legais", afirmou Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil.

O ipê pode crescer até 30-40 metros e sua madeira é uma das mais densas e duras do mundo, chegando a afundar quando colocada na água.

Isso faz com que esta madeira seja um excelente material para móveis de áreas externas e deques, como no famoso calçadão de Coney Island, em Nova York.

Mas como o ipê está disperso na floresta, com suas exuberantes flores rosas, roxas, amarelas e brancas colorindo o verde da Amazônia, cortá-los exige uma destruição em grande escala.

"Vítimas de sua própria magnificência, os ipês podem ser facilmente avistados no meio da Amazônia", disse o relatório do Greenpeace.

Uma vez processado para pisos e outros produtos, o metro cúbico do ipê chega a custar até 2.500 dólares para exportação.

O Greenpeace diz que as companhias americanas importaram 10.171 metros cúbicos de ipê entre março de 2016 e setembro de 2017, e que 11 países da União Europeia importaram de forma coletiva 9.775 metros cúbicos no mesmo período.

"O alto valor do ipê (...) o torna lucrativo para os madeireiros ilegais que se adentram nas profundezas da floresta", aponta o Greenpeace.

"Madeireiros inescrupulosos destroem a floresta com estradas ilegais, invadindo de forma ilegal áreas protegidas e terras indígenas, degradando a floresta e às vezes cometendo atos de violência contra as comunidades" locais, afirma.

'Manipular as contas'

O governo brasileiro disse no ano passado que a taxa de desmatamento caiu 16% entre agosto de 2016 e julho de 2017, em comparação com os 12 meses anteriores.

Mesmo com essa primeira diminuição em três anos, foram destruídos 6.624 quilômetros quadrados de floresta. O desmatamento não só modifica o habitat tropical, mas também contribui significativamente para aumentar a emissão de dióxido de carbono, o principal motor do aquecimento global.

Para cortar ipês e outras madeiras duras, os madeireiros usam motosserras e escavadeiras.

No estado do Pará, por exemplo, engenheiros corruptos fazem inventários falsos em áreas florestais, inflando o número de árvores ou classificando árvores de baixo valor como se fossem de gama alta, diz o Greenpeace.

Estas árvores falsas são usadas depois para gerar créditos legais que madeireiros inescrupulosos usam para seu carregamento ilegal de ipês cortados em áreas protegidas.

"As agências estatais então emitem créditos pela colheita e traslado desta madeira inexistente", disse o Greenpeace.

"Esses créditos podem ser usados para 'manipular as contas' de serrarias que processam árvores ilegalmente extraídas de florestas em terras indígenas, áreas protegidas ou terras públicas".

AFP | Foto: AFP/Arquivos / CARL DE SOUZA

Novo partido angolano quer ser "solução" de inspiração alemã


Nas próximas eleições, Angola poderá ter uma nova força política. A Acção Pelo Reforço da Democratização em Angola (ARDA) está em vias de criação por Teka Ntu, que pretende implementar um "Plano Marshall angolano".

O ARDA foi fundado no início do ano na Alemanha por Teka Ntu, ex-secretário nacional das relações exteriores da Aliança Patriótica Nacional (APN), que até às últimas eleições fazia parte desta formação. O novo partido ainda vai ser registado em Angola.

Há 35 na Alemanha, Teka Ntu espera criar uma "solução angolana" para melhorar a vida dos habitantes de seu país a partir das experiências alemães, como contou em entrevista à DW África.

DW África: Quais são as experiências políticas, económicas e sociais da Alemanha que o ARDA gostaria de promover em Angola?

Teka Ntu (TN): A experiência que eu quero promover no meu país, que é Angola, é a boa lição que consegui aprender durante os 35 anos que fiquei na Alemanha. Eu quero trazer para cá, porque a população angolana precisa de melhores perspetivas para o futuro. As chances para isso são favoráveis, mas a minha ideia é que devemos criar um Plano Marshall para Angola, que deverá não apenas finalizar a arrancada, mas também estabelecer o novo tipo de cooperação económica em nível de igualdade. Os investimentos da economia privada deverão criar empregos e perspetivas em Angola e combater em longo prazo as causas do êxodo. Angola é um país com outra realidade. Devemos falar primeiro da questão da corrupção antes de entrar na parte económica. O Governo angolano deve criar um clima seguro e atraente para os investimentos. A Alemanha e os países da Europa deverão contribuir com inovações e tecnologia para que os desafios angolanos sejam transformados em chances angolanas.

DW África: São realidades muito diferentes entre os dois países, Alemanha e Angola. Como pretende replicar essas políticas que viu na Alemanha no contexto angolano?

TN: Devemos criar uma lei contra a corrupção. Se não criarmos a lei contra corrupção, a corrupção tem o poder de travar o desenvolvimento económico do nosso país.

DW África: O ARDA já está registado em Angola?

TN: Ainda não. Estou neste momento em Angola para ver como posso criar este partido, que é meu sonho. E para que no futuro possa haver votos nos angolanos que se encontram fora do nosso país. E depois da legalização do nosso partido, claro que vou criar uma ponte entre os angolanos da diáspora e os angolanos que se encontram em Angola.

DW África: O partido diz acreditar no trabalho em conjunto de todos os outros partidos em prol da população. Não acha que isso é um pouco inocente por parte do ARDA? Acha que os outros partidos angolanos estão dispostos a trabalhar juntos?

TN: Devemos mudar o nosso comportamento. O que eu priorizo é a nação. É Angola em primeiro lugar, depois as etiquetas políticas. O que eu acho é que deve haver um bom entendimento entre todas as forças políticas angolanas. Devemos lutar por uma só nação, que é Angola. Haverá um bom tempo em que o africano ou angolano vai ser convencido a trabalhar de mãos dadas.

DW África: O que diria sobre os partidos da oposição angolana?

TN: A UNITA [União Nacional para a Independência Total de Angola] está a tentar contribuir no que pode. Passa-se a mesma coisa com a CASA-CE [Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral]. E onde eu fiquei mais de um ano, onde eu participei das grandes atividades durante as campanhas, do que eu vi na APN [Aliança Patriótica Nacional], o tal partido está a trabalhar com boa vontade.

DW África: Acha que a participação da oposição hoje em dia é mínima?

TN: Sim, é mínima mesmo. Devemos juntar os nossos esforços a fim de conseguir conduzir uma Angola livre.

Thiago Melo | Deutsche Welle

ANGOLA | Processo contra Rafael Marques: "Liberdade de imprensa está em julgamento"


Julgamento de jornalistas angolanos Rafael Marques e Mariano Brás começou sem a presença do queixoso, ex-Procurador-Geral da República. Jornalistas são acusados de "injúrias e ultraje a órgão de soberania".

O Tribunal de Luanda começou esta segunda-feira (19.03) a julgar os jornalistas angolanos, Rafael Marques e Mariano Brás, que estão a responder no Tribunal de Luanda pelo crime de "injúrias e ultraje a órgão de soberania".

O processo está relacionado com a publicação de um artigo em outubro de 2016, no portal Maka Angola, onde se denunciava um negócio alegadamente ilícito, realizado pelo ex-Procurador-Geral da República de Angola, João Maria de Sousa, envolvendo um terreno de três hectares em Porto Amboim, província do Cuanza Sul, para a construção de um condomínio residencial.

Segundo os autos da acusação, os jornalistas angolanos publicaram o artigo um ano depois do ex-procurador ter perdido o terreno por falta de pagamento de emolumentos. A procuradora do Ministério Público, Tânia Guimarães, referiu que "os arguidos agiram de modo livre, consciente e deliberado". 

Liberdade de imprensa em questão

Em resposta às questões da juíza Georgina Mussua, o jornalista Rafael Marques insistiu, no entanto, que terá havido irregularidades na concessão do terreno.

O advogado do jornalista, Horácio Junjuvili, considera que a acusação atenta contra a liberdade de imprensa em Angola: "A factualidade apontada pelo Ministério Público incide diretamente sobre a liberdade de imprensa e de expressão. Nestes termos, o que começa por estar em julgamento neste caso é a liberdade de imprensa, designadamente no que tange ao combate à corrupção."

O diretor do jornal "O Crime", Mariano Brás, também arguido no processo, frisou durante a sessão desta segunda-feira que está a ser julgado pelo simples facto de republicar a peça jornalística de Rafael Marques.

No final da sessão, o advogado de Brás, Salvador Freire, disse acreditar que o julgamento terá um desfecho favorável para os arguidos.

"Acredito que estamos muito bem", disse o advogado.

A próxima sessão do julgamento está marcada para 16 de abril - a defesa pediu a presença do ex-procurador João Maria de Sousa.

Borralho Ndomba (Luanda) | Agência Lusa | em Deutsche Welle

Confirmada presença de sete chefes de Estado em Cabo Verde na cimeira da CPLP

Praia, 20 mar (Lusa) - Sete chefes de Estado, além do anfitrião Cabo Verde, já confirmaram a presença na cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), agendada para julho, na ilha do Sal, segundo informação da Presidência cabo-verdiana.

Marcelo Rebelo de Sousa, de Portugal, João Lourenço, de Angola, Michel Temer, do Brasil, José Mário Vaz, da Guiné-Bissau, Teodoro Obiang, da Guiné-Equatorial, Filipe Nyusi, de Moçambique, e Evaristo Carvalho, de São Tomé e Príncipe, são as presenças confirmadas na cimeira.

A estes junta-se Jorge Carlos Fonseca, chefe de Estado do país anfitrião do encontro, que marca o arranque da presidência cabo-verdiana da comunidade lusófona.

A confirmação da presença de Teodoro Obiang foi divulgada oficialmente pela Presidência da República de Cabo Verde, após um encontro, na segunda-feira, em Brasília, entre o vice-Presidente da Guiné Equatorial e filho do Presidente, 'Teodorin' Obiang, e o chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca.

A Presidência cabo-verdiana confirmou hoje a presença na cimeira do Sal, do chefe de Estado brasileiro, Michel Temer, que se encontrou também com Jorge Carlos Fonseca, em Brasília, à margem do 8.º Fórum Mundial sobre a Água.

"O chefe de Estado cabo-verdiano aproveitou a ocasião para reiterar o convite endereçado ao Presidente Michel Temer para participar na conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, tendo o Presidente Temer confirmado a sua participação no evento", adiantou a Presidência.

Com a confirmação de Michel Temer, prossegue, eleva-se para sete o número de chefes de Estado a confirmar presença na cimeira do Sal.

A cimeira do Sal, agendada para 17 e 18 de julho, decorrerá sob o lema "Cultura, Pessoas, Oceanos" e deverá ter como uma das discussões políticas centrais a questão da circulação e mobilidade no espaço lusófono.

Timor-Leste, o nono país-membro da CPLP, ainda não confirmou a presença na cimeira.
CFF // VM

COMBATE À CORRUPÇÃO? É CLARO QUE SIM… NA TEORIA


O Presidente angolano, João Lourenço, criou este mês, por despacho, a Direcção de Combate aos Crimes de Corrupção, que passará a centralizar a investigação deste tipo de caso. Ao contrário da Procuradoria-Geral da República, terá esta Direcção meio humanos e técnicos para essa investigação? Ou, mais uma vez, a montanha vai parir um ratinho anão?

De acordo com o teor do decreto presidencial n.º 78/18, de 15 de Março, este novo organismo vai funcionar como um novo serviço executivo central do Serviço de Investigação Criminal (SIC), órgão policial na dependência directa do Ministério do Interior.

O combate à corrupção e a práticas lesivas do interesse público têm sido a “medicação” sedativa usada a torto e a direito nos discursos de João Lourenço, desde a investidura como terceiro chefe de Estado nos 42 anos da história de Angola, em Setembro passado, sucedendo a 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos.

“Ninguém é suficientemente rico que não possa ser punido, ninguém é pobre demais que não possa ser protegido”, foi um dos mais sonantes e cada vez mais oco avisos que o novo chefe de Estado, um general de 63 anos, figura histórica do MPLA e alto dirigente do partido, deixou ao tomar posse, a 26 de Setembro de 2017, após a vitória (claramente fraudulenta) na eleições gerais de Agosto.

Na mesma intervenção, João Lourenço prometeu que o combate ao crime económico e à corrupção seria uma “importante frente de luta” e a “ter seriamente em conta” neste mandato que já leva quase seis meses de (in)existência.

Em Dezembro passado, o subprocurador-geral da República de Angola, João Coelho, defendeu a criação de uma alta entidade de combate à corrupção, com o objectivo de dar uma “outra visão, dimensão” a esta tarefa.

João Coelho referiu que a Direcção Nacional de Combate à Corrupção da Procuradoria-Geral da República funciona actualmente com apenas quatro magistrados e este trabalho não pode ser feito com este número ínfimo de pessoas. Pois é. Discursos, promessas e mais um “bluff” como tantos outros que João Lourenço já protagonizou até agora.

“Não se combate a corrupção com apenas quatro magistrados. Uma estrutura maior, com uma direcção grande, onde estariam procuradores, eventualmente, e peritos de contabilidade, serviços de inteligência, com algum poder, poderiam efectivamente dar uma outra visão, dimensão ao combate à corrupção no nosso país”, explicou João Coelho.

Para o subprocurador-geral, seria uma mais-valia para Angola a criação de uma estrutura de nível quase ministerial, onde funcionasse “uma alta entidade” de combate à corrupção. Seria. Ainda poderá ser. O problema é que, como de costume, o governo vai optar por pôr as raposas a investigar o comportamento das galinhas.

Segundo João Coelho, há muitos casos neste momento em investigação na direcção nacional, “que tem feito um trabalho louvável”, sendo as áreas mais investigadas os bancos e Administração Geral Tributária (AGT), bem como algumas outras áreas ligadas ao funcionalismo público de uma maneira geral.

Em Outubro, o Serviço de Investigação Criminal anunciou a detenção de cinco funcionários da Administração-Geral Tributária, por suspeitas de desvio de receitas da cobrança de impostos a empresas importadoras.

De acordo com o subprocurador-geral da República, os investigados geralmente fazem “um pacto de silêncio”, mesmo sendo constituídos arguidos, condenados, “preferem ficar na cadeia do que efectivamente denunciar outras pessoas, que de alguma maneira estão ligadas ao crime”.

“As pessoas que constam numa denúncia são investigadas, na segunda fase, que é a fase da investigação criminal, as pessoas são livres de dizerem com quem participaram nessa acção criminosa, nós vamos até onde o cidadão pode efectivamente nos dizer”, referiu.

Acrescentou que “há suspeita de que há mais alguém envolvido, de um nível superior, mas não se chega ali porque os documentos muitas vezes não são encontrados e segundo porque há um pacto de silêncio”. Por outras palavras, se todos pusessem a boca no trombone… os altos dirigentes do MPLA seriam condenados.

“Quer dizer, ele vai ficar oito ou dez anos na cadeia, mas prefere ficar na cadeia do que efectivamente denunciar outras pessoas, que de alguma maneira estão ligadas ao crime”, salientou.

Folha 8 com Lusa

Reino Unido devolve a Angola 500 milhões de dólares transferidos ilicitamente


Uma agência britânica de combate ao crime vai devolver 500 milhões de dólares (406 milhões de euros) ao Banco Nacional de Angola, cuja transferência está a ser investigada no Reino Unido.

A Agência Nacional de Crime (NCA) britânica confirmou, esta terça-feira, que a Unidade Internacional de Corrupção está a investigar uma possível fraude de 500 milhões de dólares contra o Banco Nacional de Angola.

"Em dezembro de 2017 e janeiro de 2018, a NCA utilizou as novas disposições da Lei de Finanças Criminais de 2017 para impedir a transferência de ativos. A autorização necessária para que os fundos sejam devolvidos às autoridades angolanas foi obtida agora", indicou.

Um porta-voz da Agência adiantou que a investigação "está em curso" e saudou a "cooperação até à data com as autoridades angolanas para chegar a uma conclusão satisfatória para este assunto".

Embora as autoridades britânicas não tenham confirmado o nome das pessoas envolvidas, deverá tratar-se do ex-governador do Banco Nacional de Angola Valter Filipe, que foi interrogado e indiciado pelo crime de peculato e branqueamento de capitais pela Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana na semana passada.

Valter Filipe é acusado de estar envolvido na transferência ilícita de 500 milhões de dólares para uma conta no exterior do país.

O procurador-geral adjunto e coordenador da Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP), João Luís de Freitas Coelho, confirmou a existência de outras pessoas no processo, "que também têm alguma responsabilidade na saída ilegal deste dinheiro" de Angola, mas que não identificou.

Valter Filipe foi ouvido um dia depois de ter regressado a Angola, proveniente da África do Sul, e a suposta transferência de 500 milhões de dólares foi realizada em setembro de 2017, um mês antes da sua demissão do cargo a seu pedido, para uma conta do banco Credit Suisse de Londres.

Lusa | em TSF | Foto: Andy Rain/EPA

100 anos de Champalimaud, o homem que pagou para se tornar santo


Uma vida inteiramente dedicada à acumulação pessoal de riqueza

Nasceu há 100 anos um dos homens que simbolizou o poder dos monopólios durante o regime fascista e que acabou reabilitado com as privatizações. O filantropo só surgiu depois da morte.

António Sommer Champalimaud nasceu a 19 de Março de 1918, filho de um descendente de fidalgos e comerciante de vinhos do Douro, e de uma neta de um barão alemão.

Na década de 1940, com a morte do pai e de um tio, assume os negócios do vinho, a urbanização da Quinta da Marinha, em Cascais, e a Empresa de Cimentos de Leiria (futura Cimpor). Mas da sua herança recebe, também, propriedades em São Tomé e Príncipe e participações em minas de cobre, em Angola. Casa com uma das filhas de Manuel de Mello, o herdeiro da CUF de Alfredo da Silva, e cimenta a sua posição na elite económica do regime fascista.

Com os frutos da herança, alarga o seu grupo económico à banca, através do Pinto & Sotto Mayor, às seguradoras Mundial e Confiança, e à Siderurgia Nacional, no Seixal. Apesar do mito, fabricado posteriormente com a ajuda preciosa do seu amigo Daniel Proença de Carvalho, de que seria um liberal e crítico do regime, o único problema com o fascismo surgiu já com Marcello Caetano, quando tentou comprar o Banco Português do Atlântico. No entanto, o negócio só foi travado quando, ainda antes de fechado o negócio, pressionou a administração do banco para que concedesse empréstimos astronómicos às empresas do seu grupo económico.

A expansão das suas posições nas colónias portuguesas foi outra das apostas, com a construção de várias fábricas de cimento em Angola e Moçambique, e o alargamento para o sector do ferro e do aço, tornando-se num dos principais homens de confiança do regime na exploração dos recursos naturais das colónias africanas. Em palavras suas, entendia a sua presença em África da mesma forma como olhava para a guerra: a luta pela manutenção do «homem português» no continente.

Após a Revolução de Abril, as suas empresas são nacionalizadas e António Champalimaud vira as suas atenções para o Brasil, onde já tinha começado a montar negócio no sector dos cimentos. Seriam o Banco Pinto & Sotto Mayor e a Cimpor, já nacionalizados, a pagar os empréstimos com que pagou a reconstituição da sua fortuna do outro lado do Atlântico.

Com Cavaco recebe indemnização, bancos e seguros

Champalimaud viria a regressar em força ao sector financeiro nacional com as privatizações promovidas pelo governo de Cavaco Silva, com o apoio do então Presidente da República Mário Soares. Mas primeiro o executivo do PSD resolve o pedido de indemnização que corria desde 1975. Em 1990, Champalimaud exigir 80 milhões de contos (900 milhões de euros, a preços de 2017).

Apesar de a primeira proposta apontar para um valor nunca superior a 200 mil contos (2,2 milhões de euros, a preços de 2017), viria a pagar 10 milhões de contos (mais de 100 milhões de euros, a preços de 2017). Também os empréstimos com que construiu as suas unidades no Brasil, pagos pelas empresas públicas, foram perdoados, no valor de mais de 15 milhões de contos.

Com os 25 milhões de contos que lhe foram entregues pelo governo de Cavaco, recuperou as suas antigas seguradoras, entretanto transformadas na Mundial-Confiança. Depois, na privatização do Pinto & Sotto Mayor, aproveitou várias condicionantes que fizeram do processo um verdadeiro «pronto-a-comprar» para Champalimaud. Entretanto, já tinha entrado no capital da Petrogal e somou o Totta & Açores e o Crédito Predial Português ao seu universo financeiro.

As suspeitas de favorecimento pelo governo do PSD a António Champalimaud levaram a Assembleia da República a investigar as privatizações das seguradoras e dos bancos através de uma comissão de inquérito. Viria a terminar sem conclusões porque o PS se absteve, em 1999, com o argumento de que a aprovação do documento seria uma provocação que levaria à venda do grupo Champalimaud aos espanhóis do Santander. O relatório foi chumbado e dias depois, Champalimaud vendeu mesmo.

A consciência social que nunca teve em vida

Quando morreu, em 2004, ostentava a distinção de homem mais rico de Portugal, sendo o único português na famigerada lista da revista Forbes. Depois de sucessivas operações, ao longo de mais de meio século, com o único objectivo de construir fortuna, guardou para depois da morte a imortalização do seu nome, sob a capa de filantropia.

Com apenas um terço do seu património, deixou em testamento a constituição de uma fundação que ostenta o nome dos seus pais, dedicada à investigação em neurociências e sobre o cancro. Para a sua presidência deixou um nome já escolhido: a ministra da Saúde do governo que lhe devolveu a fortuna em Portugal, Leonor Beleza.

Apesar do assomo filantrópico do final da sua vida, não deixou os seus herdeiros de mãos vazias. A Gestmin, criada por Manuel de Mello Champalimaud, o descendente das duas famílias icónicas do regime fascista, em 2004, aí está para o provar: tornou-se recentemente na principal accionista dos CTT. Na família, as privatizações continuam a ser um bom negócio.

Foto: António Champalimaud durante um jantar no Clube dos Empresários, em Lisboa. 25 de Julho de 1985CréditosAlfredo Cunha / Agência LUSA

AbrilAbril

Offshore da Madeira: Empresa da ENI já recebeu 200 milhões em benefícios fiscais


Entre 2010 e 2016, GALP e ENI, que querem explorar petróleo em Aljezur, receberam mais de 270 milhões em benefícios fiscais. Climáximo pede que governo revogue autorização do furo petrolífero e promove uma manifestação a 14 de abril.

Público(link is external) deste domingo, dia 18 de março, escreve que a “empresa do petróleo no Algarve já teve 200 milhões de apoios fiscais”.

A Eni, que tem o Estado italiano como principal acionista, lidera o consórcio com a Galp autorizado pelo Governo português a avançar, ainda este ano, com um furo petrolífero no mar de Aljezur.

A petrolífera Eni é também a maior acionista da Saipem Spa, com 30,54% do capital, que, por sua vez, detém a 100%, através da Saipem International BV, a Saipem Portugal Comércio Marítimo, proprietária do navio autorizado a fazer o furo de petróleo em Aljezur, o SAIPEM 12000. Conforme sinaliza o jornal diário, a ligação entre o Saipem 12000 e a Saipem Portugal foi detetada pela organização ambientalista Climáximo(link is external).

A Saipem Portugal Comércio Marítimo é uma das empresas que, nos últimos anos, mais benefícios fiscais recebeu em Portugal, por estar sediada na zona franca da Madeira.

Em 2014 e 2015, a Saipem Portugal chegou a ser, inclusive, a empresa que mais benefícios fiscais teve no nosso país. Já em 2016 surgiu em segundo lugar, sendo apenas ultrapassada pela EDP — Gestão da Produção de Energia. Desde 2010, a Saipem Portugal já acumula, pelo menos, 202 milhões de euros em benefícios fiscais, já que não estão disponíveis no Portal das Finanças os valores relativos a 2011. Também ainda não foram divulgados os montantes referentes a 2017.

De acordo com o Público, a Saipem Portugal, além de estar sediada em Machico, está referenciada numa base de dados internacional como tendo sido registada na Austrália em 2002, na Índia em 2004 e em Chipre em 2015.

Por sua vez, existem três sociedades Saipem Spa que constam das bases de dados públicas dos Paradise Papers. Uma das sociedades aparecia ligada às Baamas, outra a Malta e outra a um dos territórios das Antilhas Holandesas.

"Governo tem de revogar a autorização do furo de Aljezur"

Em comunicado, a Climáximo (link is external) sublinha que “a opacidade do processo de concessões petrolíferas em Portugal ganhou hoje mais um novo episódio de vergonha, com a descoberta de que a GALP e a SAIPEM, directamente envolvidas no furo petrolífero autorizado pelo governo para ocorrer este ano no mar de Aljezur, receberam benefícios fiscais de 271 milhões de euros entre 2010 e 2016”.

“O argumento falacioso levantado pelo Secretário de Estado, de que havia autorizado a perfuração no mar porque as empresas já tinham investido 70 milhões de euros fica portanto exposto: três governos já deram quase quatro vezes esse valor em benefícios fiscais às petrolíferas”, escreve a organização ambientalista.

Destacando que “todo o processo das concessões petrolíferas em Portugal cobre-se hoje de um enorme manto de opacidade e mentiras”, a Climáximo defende que “o governo tem de revogar a autorização do furo de Aljezur e cancelar as concessões ainda em vigor”.

“E tem, definitivamente, de parar de subsidiar a indústria petrolífera e, aliás, todas as empresas sediadas no paraíso fiscal da Madeira”, acrescentam os ambientalistas.

A Climáximo apela “a toda a população que se junte a movimentos, autarquias, associações de estudantes e populações de todo o país e, no próximo dia 14 de Abril, às 15h em Lisboa, marche connosco, do Largo Camões até à Assembleia da República, na Manifestação ‘Enterrar de Vez o Furo, Tirar as Petrolíferas do Mar’”.

ESTADO PORTUGUÊS DEU BENEFÍCIOS FISCAIS DE MAIS DE 271 MILHÕES DE EUROS ÀS PETROLÍFERAS QUE QUEREM FURAR O MAR EM ALJEZUR

Entre 2010 e 2016 as petrolíferas GALP e ENI (através da sua subsidiária SAIPEM) receberam respectivamente, mais de 70 milhões e de 201 milhões de euros em benefícios fiscais. O argumento falacioso levantado pelo Secretário de Estado, de que havia autorizado a perfuração no mar porque as empresas já tinham investido 70 milhões de euros fica portanto exposto: três governos já deram quase quatro vezes esse valor em benefícios fiscais às petrolíferas. Todo o processo das concessões petrolíferas em Portugal cobre-se hoje de um enorme manto de opacidade e mentiras: o governo tem de revogar a autorização do furo de Aljezur e cancelar as concessões ainda em vigor.

A opacidade do processo de concessões petrolíferas em Portugal ganhou hoje mais um novo episódio de vergonha, com a descoberta de que a GALP e a SAIPEM, directamente envolvidas no furo petrolífero autorizado pelo governo para ocorrer este ano no mar de Aljezur, receberam benefícios fiscais de 271 milhões de euros entre 2010 e 2016.

Em 2010 e 2011 a GALP recebeu 34 milhões de euros na Zona Franca da Madeira, enquanto em 2015 e 2016 recebeu mais de 32,8 milhões, principalmente por isenções fiscais no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos. Entre 2012 e 2014 os benefícios fiscais da GALP em Portugal foram mais baixos, principalmente porque a sua sede fiscal se deslocou para a Holanda.

Entretanto, a SAIPEM Portugal Comércio Marítimo Unipessoal Limitada, empresa proprietária do navio autorizado a fazer o furo de petróleo em Aljezur, o SAIPEM 12000, recebeu quase 200 milhões de euros em benefícios fiscais na Zona Franca da Madeira. A SAIPEM Portugal Comércio Marítimo Unipessoal Limitada, além de ser proprietária do SAIPEM 12000, é 100% propriedade da SAIPEM SpA, empresa que era uma divisão da ENI e cujo maior accionista é também a ENI, concessionária da área “Santola”, onde está projectado o furo de Aljezur.

Em 2010 a SAIPEM Portugal, dividida em SAIPEM Perfurações e Construções Petrolíferas e SAIPEM SGPS recebeu 5.767.081 euros.

• Em 2012, recebeu 43.636.284 €;
• em 2013 recebeu 24.086.513 €,
• em 2014 recebeu 53.068.618€,
• em 2015 recebeu 42.899.518€;
• em 2016 recebeu 32.498.501€.

Em 2014 a SAIPEM Portugal foi mesmo o maior receptor de benefícios fiscais do país. Nestes 6 anos, recebeu mais de 201 milhões de euros.

Os dados de benefícios fiscais para 2017 ainda não estão publicados pela Entidade Tributária e Aduaneira, mas há poucos motivos para crer que não tenha sido mais um ano de dezenas de milhões de euros em benefícios fiscais às petrolíferas, atribuídos quer através do offshore da Madeira, quer através do Impostos Sobre Produtos Petrolíferos. Além disso, antes de 2010 seguramente existirão mais dados relevantes em termos de benefícios.

Entre as muitas falsidades invocadas pelo Secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, para autorizar o prolongamento pela terceira vez do furo ao largo de Aljezur, baseadas quase exclusivamente num relatório da Entidade Nacional para o Mercado dos Combustíveis (ENMC), foi dito que as empresas já haviam investido 70 milhões de euros na concessão entre 2007 e 2016. Ora, mesmo que tal fosse verdade, hoje ficamos a saber que, só numa parte desse período (entre 2010 e 2016), três governos sucessivos (o segundo governo de José Sócrates, o governo de Passos Coelho e o actual governo de António Costa) permitiram a estas empresas receber benefícios fiscais num valor que é quase o quádruplo daquele invocado pela ENMC. Esta entidade, cuja extinção foi aprovada em 2016 pelo Parlamento, mas que se mantém em funcionamento, é uma caixa de ressonância dos gabinetes de comunicação das petrolíferas.

Depois das sucessivas contestações à realização deste furo, do profundo desprezo pela opinião de populações, movimentos, autarquias, este novo capítulo da história das concessões petrolíferas em Portugal mancha um processo já de si sujo com a ignomínia do apoio directo, com o dinheiro dos cidadãos, à indústria petrolífera. Está na hora do actual governo, que não perde um momento para propagandear que está empenhado no combate às alterações climáticas enquanto apoia o investimento em fósseis e enche com 271 milhões de euros em benefícios fiscais os cofres das petrolíferas, ganhar vergonha.

O governo tem de revogar a autorização do furo de Aljezur e cancelar as concessões petrolíferas em terra e no mar em Portugal. E tem, definitivamente, de parar de subsidiar a indústria petrolífera e, aliás, todas as empresas sediadas no paraíso fiscal da Madeira.

Apelamos a toda a população que se junte a movimentos, autarquias, associações de estudantes e populações de todo o país e, no próximo dia 14 de Abril, às 15h em Lisboa, marche connosco, do Largo Camões até à Assembleia da República, na Manifestação “Enterrar de Vez o Furo, Tirar as Petrolíferas do Mar”.


- em Esquerda.net

Foto: A Eni, que tem o Estado italiano como principal acionista, lidera o consórcio com a Galp autorizado pelo Governo português a avançar, ainda este ano, com um furo petrolífero no mar de Aljezur. Foto Antonio Ponte, Flickr.

Portugal | HOJE CHEGA A PRIMAVERA. CHEGA? NÃO SE NOTA NADA…


Abertura para o Expresso Curto, do Expresso Balsemão e Bilderberg

Todos os dias acontecem desgraças e coisas agradáveis que são objeto de notícias. Depois há ainda a perspetiva de que uma notícia que é agradável, boa, para uns pode ser uma desgraça, má, para outros. É assim. Sempre assim foi, e assim continuará a ser. A notícia boa é que hoje chega a primavera. A notícia má é que isto não é primavera nenhuma mas sim um inverno retardado, bafiento, carregado de tempestades, de chuva (que bastante falta faz), de frio terrível… No caso, os portugueses andam trombudos, não todos, mas bastantes. As perspetivas são de que esta primavera chegada hoje é mais invernosa que outra coisa qualquer. Já não é primavera a que estávamos habituados, amena apesar da chuva que ainda caía. Tudo está diferente, para pior, para mais complicado e não só no clima. Mas dizem que não. Até chamam “simplex” a uma modalidade tremendamente complicada, pelo menos para os infoexcluídos. É sempre assim: o que é bom para uns é mau para outros.

Também o Curto que trazemos hoje vai ser considerado pelas duas bitolas, bom e mau. Está aqui já em baixo, à sua disposição, se quiser ler. Pedro Cordeiro foi o obreiro, o cimento é do Pinto Balsemão e do seu  grupo... Isto dos grupos é um grande grupo (treta) e quem se lixa é o mexilhão, como sempre.

Bom dia, que venha o sol e amenas temperaturas. É que a primavera já está a chegar… mas não se nota nadinha. É tempo de mudanças. Piores para uns, melhores para outros. É assim a vida, mais curta que comprida. E isso é bom ou mau? (CT | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Ela vem às 16h15

Pedro Cordeiro | Expresso

Bom dia, caros leitores. Já terão reparado (apesar da intempérie) que os dias estão mais compridos. “Janeiro fora, cresce o dia uma hora”, reza o ditado popular. Com fevereiro fora e março a mais de metade, chega aquela data em que as horas de luz são tantas como as de escuridão. É o equinócio, que é como quem diz que a primavera está aí. Chega hoje às 16h15 e quem no-lo diz não é uma andorinha (sabemos que só por si não faz a primavera) mas o Observatório Astronómico de Lisboa, que nos promete 92,79 dias desta estação, por regra associada a fecundidade, renascimento e esperança. Que sejam bons, é o voto que faço.

Indo agora ao plano noticioso, a primavera não começou bem para o ex-Presidente francês Nicolas Sarkozy, detido esta manhãpor suspeita de financiamento irregular, de origem líbia, da campanha que o levou ao Palácio do Eliseu, em 2007. O antigo chefe de Estado está, à hora de publicação deste Expresso Curto, nas instalações da Polícia Judiciária em Nanterre, no norte de Paris. O sítio Mediapart explica que a investigação a Sarko dura há cinco anos.

Outro caso que promete preencher a semana é o da Cambridge Analytica. Se é dos que reagiram a esta frase com “Cambridge quê?”, este video é para si. Preparou-o o diário “The Guardian” e raras vezes terá ficado tão claro o perigo que as redes sociais podem representar para a democracia (à qual, antes que me chamem Velho do Restelo, digo já que também podem prestar grandes serviços). No Expresso Diário de ontem a Cristina Pombo explica muito bem o cuidado que temos de ter com as aplicações que nos vão surgindo inopinadamente nas redes sociais, mormente no Facebook (como realça aqui a “New Statesman”, revista inglesa muito lá de casa), e às quais tendemos a dar autorizações com a facilidade de um clique sem percebermos bem em que nos estamos a meter.

Em breves palavras, a Cambridge Analytica é uma empresa de marketing que usa dados para influenciar comportamentos. Até aqui é banal. Só que um antigo funcionário, Christopher Wylie, denunciou práticas como a recolha não autorizada de dezenas de milhões de perfis de Facebook (das informações mais básicas até conversas privadas) para espalhar mensagens dirigidas. Fê-lo com o apoio de Steve Bannon, o ex-estratega de Donald Trump e antigo editor do sítio de extrema-direita “Breitbart News”, com o dinheiro do bilionário Robert Mercer, um dos maiores contribuintes para a campanha do Presidente dos EUA, e com o apoio científico de Aleksandr Kogan, professor da Universidade de Cambrige.

Uma investigação da cadeia de televisão britânica Channel 4 (em colaboração com o semanário “The Observer”) filmou, em segredo, dirigentes da Cambridge Analytica a gabar-se de ingerência em eleições no mundo inteiro, com estratagemas que vão do suborno ao recurso a prostitutas, passando pela criação de firmas-fantasma. Quem o afirma com orgulho e altivez é o próprio CEO da empresa, Alexander Nix, na segunda parte da reportagem. A primeira parte inclui uma entrevista com Wylie, o whistleblower que denunciou o escândalo. Haverá mais duas partes, a emitir nos próximos dias, que desvendarão pormenores sobre uma teia que preocupa o Governo britânico, mas sobre o qual nada se ouviu a Mark Zuckerberg, patrão do Facebook. Isto apesar de o chefe dos sistemas de segurança da omnipresente rede social se ter demitido, em rota de colisão, conta o “Público”.
***
Na política nacional as atenções continuam voltadas para o PSD, onde até poderíamos dizer que rei morto, rei posto, mas o título de secretário-geral, neste partido, é mais um subalterno do chefe, ou pajem do rei, Pouco sobressai em tempos normais mas, se a vida lhe correr mal, pode fazer mossa a um líder recém-eleito, a quem custa afirmar-se e que tem contra si quase meio partido e bem mais de meia bancada parlamentar. Sobre o pajem morto, nada acrescentarei ao que recordou o Filipe Santos Costa no Expresso Curto de ontem.

Versando a polémica sobre o currículo académico de Feliciano Barreiras Duarte (em parte, que também há alegadas casas declaradas a 83 km do local de residência real), recomendo a leitura da crítica literária à tese de mestrado do visado, feita pelo Observador, e, aqui no Expresso, o pertinente comentário do Martim Silva acerca da permanência do agora ex-secretário-geral no Parlamento. Já quanto ao pajem posto, que é como quem diz o seu sucessor, também é deputado, dá pelo nome de José Silvano, ainda tem de ser confirmado pelo partido e até já colocou cartazes à beira da estrada, para defender o interior, mas as últimas proezas por que se destacou não colheram aplauso unânime.

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Espreitemos as manchetes dos jornais...

Jornal de Notícias: “Subsídios para funeral com atrasos de um ano”

Público: “Exportações portuguesas para Luanda caíram 11% desde eleições em Angola”

Diário de Notícias: “Estado não organiza dados sobre violência policial”

i: “O regresso de Sócrates”

Correio da Manhã: “Novo Banco mete mais 18 milhões no Sporting”

Jornal de Negócios: “Investimento acelerou o dobro da Zona Euro”

A Bola: “Pensem sempre em grande” [é Cristiano Ronaldo quem o diz]

Record: “Jonas até 2020”

O Jogo: “Digo e demonstro que sou o melhor” [de novo CR7]

OUTRAS NOTÍCIAS

Sócrates voltou. Não, não se trata de qualquer confirmação de rumores de que o ex-primeiro-ministro aspire a Belém, antes de uma conferência do antigo secretário-geral do PS. Conta a Luísa Meireles que irá falar aos estudantes da Universidade de Coimbra sobre a sua experiência da crise.

propósito de universitários, o Governo quer equiparar as licenciaturas pré-Bolonha a mestrados. E não me lembrei disto por causa do engenheiro técnico que é orador na conferência supracitada...

Ainda se vai autopsiando a vitória de Vladimir Putin nas presidenciais russas de domingo. A Mariana Lima Cunha falou com um dos principais adversários do homem do Kremlin: Garry Kasparov, o histórico campeão de xadrez, que comparou o ato eleitoral a um espetáculo na Broadway. Outro bom texto sobre o ex-agente do KGB que é o líder que mais durou em Moscovo desde Estaline é este, publicado por “The Guardian” dias antes da ida às urnas.

É impossível referir Putin sem revisitar o caso, ainda por resolver, do envenenamento do espião russo Sergei Skripal em Salisbury, Inglaterra. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Boris Johnson, não é meigo com o Presidente russo, a quem chama “ameaça sinistra”. Ainda a respeito de ataques rocambolescos e dignos de filmes de James Bond, como os que atingiram Skripal ou o seu conterrâneo Litvinenko, em 2006, um bom texto do “Público”.

E por falar do Governo de Londres, “The Guardian” resume o princípio de acordo alcançado ontem com Bruxelas a propósito do Brexit. Theresa May teve de fazer cedências, que poderão fazer deste desbloqueio uma vitória pírrica. E até dentro do seu Partido Conservador as vozes mais eurocéticas preparam ações de algum folclore contra a “traição abjeta” de que acusam a primeira-ministra. Para outros, o melhor seria travar já a saída da UE, nem que seja pelos problemas tremendos que poderá causar em relação à Irlanda do Norte.

Noutro drama interminável europeu, o da Catalunha, parece que a investidura à distância de Carles Puigdemont já esteve mais longe... Outro protagonista da crise, Jordi Sànchez, também apontado como putativo presidente, volta a pedir ao tribunal que o liberte da prisão preventiva onde passou os útimos meses.

Virando-nos agora para Portugal e para a esfera desportiva, leiam este texto da Mariana Cabral sobre a Taça da Liga e o que nela tem faltado. Fiquem a conhecer as que poderão ser as novas fardas da seleção nacional e do Benfica. E acompanhem a análise da jornada do fim-de-semana com o ex-árbitro Duarte Gomes.

Cruzando o Atlântico mas ainda em português, prossegue no Brasil a busca pelos assassinos de Marielle Franco, vereadora cuja morte chocou o globo, e a ONU questiona a Polícia Militar. Uma companheira de partido da política morta denuncia que também recebeu ameaças.

Mais a Norte, aceitam-se apostas: irá Donald Trump exonerar Robert Mueller, o homem que lidera a investigação às ligações entre a sua campanha presidencial e a Rússia? O Presidente despediu recentemente Andrew McCabe, vice-diretor do FBI, dizendo-se vítima de uma “caça às bruxas”. O Partido Republicano, que o apoiou, nada tem dito quanto aos ataques da Casa Branca a Mueller, mas o caso pode mudar se Trump tentar mesmo livrar-se do seu pior pesadelo.

Entretanto, a empresa que tem o nome de outro americano poderoso foi à falência.

Quase a terminar, uma notícia arrepiante vinda da China. E uma história não menos dramática da Síria.

E, para aligeirar o clima, a ideia de que podemos mesmo ficar verdes de ciúme ou vermelhos de raiva.

O QUE ANDO A LER

Poesia da Grécia Antiga. “Poemas da Antologia Grega” (Assírio & Alvim) retoma a Antologia Palatina, a primeira de que há nota em termos de poesia grega, em versões lusas de José Alberto Oliveira. São escritos dos séculos VII a.C. a VI d.C. O organizador do compêndio original, de nome Meleagro, comparou-o a uma grinalda de flores. Tenho ido lendo estes poemas mais como cerejas.

E “Homage to Barcelona”, sobre uma das minhas cidades diletas, vista por um irlandês. Trata-se do romancista Colm Tóibín, autor de livros como “O testamento de Maria” ou “Brooklyn” (este já deu filme no grande ecrã, com a maravilhosa Saoirse Ronan). Com título a apontar a Orwell, mas menos denso e dramático, foi escrito antes da recente agitação separatista, o que não o torna pior, pelo contrário. Para quem anda saturado dessa novela, como yours truly, sabe bem revisitar o Bairro Gótico, as obras-primas modernistas, cheiros e sabores, festas e seres humanos, pela pluma de um (outro) estrangeiro.

O QUE VOU OUVIR

Um Prémio Nobel da Literatura a cantar, que é como quem diz Bob Dylan na quinta-feira, em Lisboa.

O QUE VOU QUERER VER

fime sobre Sá Carneiro e Snu Abecasis, cuja história de amor desde cedo me fascinou.

Por hoje é tudo, desejo-lhe um ótimo dia, que da minha janela está a amanhecer azulinho, mas com nuvens escuras no horizonte. Estaremos cá o dia todo, no Expresso online, e logo à tarde no Expresso Diário (18h), para lhe dar conta do mundo. Ainda antes disso, não esqueçamos, chega a primavera.

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