Expresso Curto a seguir, com…. “O Caso das
Viagens Duplamente Pagas pelos Otários da Populaça” – um livrozeco da Gata
Cristo.
Esqueça, deixe na prateleira das calendas gregas o que acaba de ler . Isso aí atrás é fruto da fertilidade de imaginação deste humilde escritodependente que tantas vezes as expõe por não
ter mais o que fazer (falso). Adiante.
A paródia parece que ainda vai no
adro. E agora é a sério, com objetividade. Ainda na baila o caso dos deputados
das ilhas. Carlos César está piurso, lá no burgo dos Açores não havia quem lhe
pusesse estas questões assim pela rama e os treinos da liberdade de expressão e
de inquirir do continente ainda não lhe permite ter arcaboiço para não se
escamar. E ainda se escama. Perguntar-lhe se anda a receber duas vezes os tais 500
euros (1.000) por semana para ir a casa, nos Açores, é, provavelmente para ele, uma
ofensa. O quê? Interrogar-se-á. Estão a duvidar da minha idoneidade? Da minha
seriedade? Da minha dedicação a Portugal e aos portugueses? Do meu escrupuloso respeito pelos contribuintes? Pois.
Ao que a fertilidade imaginativa
permite acrescentar: Ah, pois estamos! A não ser que sejam 500 euros por cada
perna e os portugueses nada sabem sobre isso porque pode ser uma aprovação do
estilo “secreto”, daquelas do esquema alçapão.
“Deixem p’ra lá, isso agora não
interessa nada”, diria a outra ou outro dos Big Brother’s e das Casas dos
Segredos. Ah, pois. Então isso quer dizer que o Parlamento, a Assembleia da República
é assim a modos que uma Casa dos Segredos… Ah!
Pois. Deve ser. Pois é… Sabem, lembremo-nos
dos desempregados que para comparecerem nas entrevistas - na tentativa de
encontrarem emprego - não têm como se deslocar e muitas vezes acabam por ir a pé…
Ou daqueles que já fartos de andar de um lado para outro a “papar” entrevistas
se metem nos transportes públicos sem comprar título (bilhete). E vêm os
fiscais e tratam-nos como sejam terroristas… E multam-nos. Como não têm como
pagar a multa vai aumentando, aumentando, até que fica numa monstruosidade… Muito mais que 500 euros!
E porque não, senhores césares socialistas
e outros “justiceiros”, os desempregados que requeiram terem também direito a
um subsídio de mobilidade que se destina a encontrarem emprego? Pois. Pois é, é
que até há os desempregados que nem têm direito a subsídio de desemprego… E
esses são tantos. Pois. Mas é importante ter os números do desemprego em baixa.
Inexatos, mas em baixa. Pois.
Disto tiramos uma lição já
conhecida. Os plebeus não têm direito a subsídios nem em carrinhos de linha e
os deputados têm em qualquer tipo de transporte, e mesmo que não viajem até
casa têm direito a receber o subsídio de mobilidade. Sim, sim! Mesmo sem viajarem recebem!
Ora, assim também eu queria ser
deputado…. Se tivesse feitio para ser mamão (terrestre ou voador). Que giro, mamões a voarem e a
receberem mordomias em euros por cada perna que têm!
Ao fim e ao cabo os portugueses
até têm muita sorte… Felizmente não há deputados com três pernas "normais", compridas - a
do meio não vale, é, naturalmente, sempre mais curta. Pois.
Queridos Zés Pagantes e Formosos Otários, bom resto
de dia, se conseguirem. (MM | PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
João Vieira Pereira | Expresso
Esta é uma ‘história proibida’
Esta é uma história de horror,
dor e morte. Mas também é uma história de
esperança.
Daphne Caruana Galizia foi assassinada a 16 de outubro de 2017. A
jornalista maltesa investigava casos de corrupção, lavagem de dinheiro e
negócios duvidosos (revelados no âmbito da investigação dos Panama Papers,
do qual o Expresso também faz parte), que envolviam a máfia, empresários,
políticos e advogados de Malta.
Eram 1h41 da madrugada quando um simples cartão de telemóvel foi ativado e
colocado juntamente com explosivos debaixo do carro de Dapnhe.
Nessa
mesma tarde, quando se dirigia ao banco para tentar ter acesso à sua conta
bancária congelada devido aos múltiplos processos cíveis (47) intentados contra
ela no decorrer das investigações, a bomba foi acionada.
Três homens foram presos em dezembro acusados de terem planeado o assassínio,
mas o seu marido, que vive sob constante proteção policial, disse na primeira
grande
entrevista que
deu desde a morte de Daphne, que acredita que os verdadeiros culpados
estão a ser protegidos por interesses políticos.
Depois do atentado, 45 jornalistas de 18 diferentes meios de comunicação juntaram-se
para continuar o seu trabalho. E assim, seis meses depois da sua morte, foi
lançado o
projeto Dapnhe,
o primeiro da organização sem fins lucrativo
Forbiden Stories,
empenhada em continuar o trabalho de jornalistas que foram presos ou
assassinados.
Esta minha escolha pouco ortodoxa para abrir este Expresso Curto não
é mais do que a homenagem possível a todos os jornalistas vítimas das mais
diversas formas de violência e pressão na execução do seu dever de informar.
Esta semana, um
jornalista
russo que acompanhava a guerra na Síria e escreveu várias notícias
sobre mercenários russos que morreram naquele conflito em confrontos com tropas
americanas, morreu depois de misteriosamente cair do 5º andar do prédio onde
morava. Em fevereiro, um jornalista eslovaco,
Jan
Kuciak, de 27 anos, foi morto a tiro na sequência da investigação a casos
de evasão fiscal.
E agora o que está a marcar o dia. Carlos César, exaltado, optou por não
responder ao Expresso quando confrontado pela primeira vez com o caso das
viagens dos deputados das regiões autónomas. Alegou então que a questão era do
foro “pessoal”. Ontem tornou público o “pessoal” para dizer que não se demite.
O líder parlamentar do PS aproveitou a sua participação no debate semanal com
Santana Lopes na
SIC
Notícias para apresentar a sua versão dos factos: "Tenho a
certeza de que o procedimento que temos adotado, eu e os meus colegas deputados
eleitos pela Madeira e pelos Açores, é o procedimento legal e eticamente
irrepreensível".
"Recebo abono por deslocações como todos os deputados recebem. E além
disso, pago as minhas passagens e bilhetes de avião como todos os açorianos
pagam, usando a tarifa de residente. É o procedimento que sempre foi usado na
Assembleia da República", explicação que usa para defender o seu
comportamento "eticamente irrepreensível".
Pouco tempo antes, Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República
(AR), já tinha vindo em
defesa do
seu amigo César. Ferro considera que não foram infringidas leis ou
princípios éticos no caso revelado pelo Expresso no último sábado. Em
comunicado, diz que “nunca alinhou” naquilo que diz serem “dinâmicas
que apenas visam diminuir a representação democrática com julgamentos éticos
descabidos e apressados”.
Tudo isto cheira mal. Não só é perfeitamente legítimo questionar a ética do
aproveitamento monetário dos deputados de viagens que lhe são pagas, como é
necessário questionar a ética de Ferro Rodrigues que optou por afirmar,
publicamente, que não há qualquer problema legal e ético no caso, pouco tempo
depois do secretário-geral da AR, Albino de Azevedo Soares,
ter
pedido à Comissão da Transparência que analise o caso. Está o
presidente da AR a condicionar os trabalhos da Comissão? Apenas mais um
dia na vida da política portuguesa…
OUTRAS NOTÍCIAS
O Fundo Monetário Internacional (FMI)
disse
que Portugal vai crescer 2,4% este ano, contra os 2,2% que antes
estimava. O novo valor está inclusive acima da previsão do Governo e em linha
com a média da Zona Euro. Mas é também um dos piores registos. A crescer
menos que Portugal só França, Itália, Bélgica e Grécia. E para o ano só mesmo a
Itália e a Bélgica.
Enquanto desfrutamos deste ‘milagre económico’, o
FMI
confirmou que está mais otimista com a economia mundial, que
deverá crescer 3,9% em 2018 e 2019. Para digerir isto tudo pode consultar
aqui cinco
gráficos que ajudam a traçar o retrato à economia mundial.
É sempre bom
relembrar o
que diz o FMI sobre Portugal:
“As autoridades devem ser cautelosas em relação a aumentos permanentes na
despesa, (…) principalmente em relação a decisões que podem afetar os gastos
salariais do Estado nos próximos anos.”
“Para aumentar o PIB potencial são necessárias reformas estruturais e mais
investimento e produtividade. (…) Um mercado de trabalho flexível é chave. E a
flexibilidade deve ser preservada mesmo quando se procura um ambiente de maior
estabilidade no emprego. O investimento tem de aumentar substancialmente. E
para preservar o equilíbrio externo com o aumento do investimento é necessário
aumentar as taxas de poupança.”
Entretanto, ficámos a saber que, em 2017, o investimento público, aquele
que o Governo diz ter crescido muito, foi 8% menos do que realizado em
2013, ano em que a crise atingiu o seu pico.
BE e PCE acordaram de um longo sono e agora exigem que a folga orçamental
vá para
investimento
público.
Mas Mário Centeno diz que o Orçamento do Estado depende menos dele do
que as pessoas imaginam, em mais uma entrevista, desta vez ao
Negócios.
O ministro afirma que a política orçamental não mudou, mas o discurso é
totalmente diferente. O sucesso é agora fruto da descida das taxas de juro, “num
desempenho que não tem paralelo em nenhum país do mundo” e que “não
se repete”. A poupança foi também conseguida pelo melhor desempenho da
Segurança Social mas “quando há mais contribuições, há mais responsabilidades
futuras (…) mais pensões que têm de ser pagas”, por isso é preciso poupar.
E avisa que a sua austeridade irá continuar pois “sempre que em
Portugal temos um período, infelizmente não muito longo, em que o sol brilha,
há sempre um enorme apetite pela despesa pública”. Mas não deixa de confirmar
que a folga orçamental está a ser guardada para ano de eleições: “Exatamente”.
A entrevista é em episódios e continua amanhã.
Esta quarta feira, pelas 18 horas, PSD e PS devem formalizar os acordos sobre
descentralização e fundos comunitários.
Até
lá, Rio e Costa ‘namoram’ em público.
“Primeiro Portugal, depois o partido, depois nós próprios", diz Rio. E
continua: “Tudo aquilo de que o país precise e que não possa ser feito só
por um Governo, que precise da ajuda dos outros partidos, estamos disponíveis
para isso".
Costa
responde: “O futuro de Portugal deve merecer um acordo o mais alargado
possível sobre aquilo que devem ser as traves mestras do desenvolvimento do
país entre 2020 e 2030".
A SIC continua a apresentar a
reportagem “Oui,
Monsieur - O Saco Azul do Marquês”, que não pode mesmo perder. Entretanto, o
Ministério Público abriu
um
inquérito para investigar a divulgação dos vídeos dos interrogatórios,
por considerar que “está proibida".
Na Justiça não há descanso, mas há contestação. A ministra vai mexer no mapa
judiciário, outra vez, e a
polémica
está instalada.
Em três anos, mais de 67 mil toneladas de resíduos com amianto foram
enterrados
sem
qualquer tratamento.
Feliciano Barreiras Duarte vai ter de voltar às aulas
se
quisercontinuar a frequentar o doutoramento em Direito.
A Fibroglobal, empresa ligada à Altice, poderá ter de devolver ajudas públicas
se ficar provado que houve
sobrefinanciamento.
A Autoridade da Concorrência contestou a providência cautelar da Vodafone
colocada para
travar a investigação daquele regulador à compra da Media Capital, pelo menos
até haver uma decisão de outra ação judicial, que tenta que seja considerada
válida a oposição da ERC ao negócio.
Um
estudo do
thinktank Global Future conclui que qualquer cenário para o Brexit (mesmo
o mais pacífico), vai custar dezenas de milhares de milhões de libras ao Reino
Unido.
Trump enviou o diretor da CIA para encontrar-se com Kim Jong-un e
preparar
o encontro entre os dois.
Em Cuba começou o fim da era Castro. O novo rosto do poder é
Miguel
Díaz-Canel.
Os
médicos que
trataram as vítimas do alegado ataque químico em Douma estão a ser
alvo de elevada intimidação para que abandonem os pacientes e não contem nada
do que se passou.
Aécio Neves, o senador do partido do Movimento Democrático Brasileiro, foi
constituído arguido no âmbito da
Operação
Lava Jato. Está acusado de corrupção e obstrução à justiça.
Barbara Bush, antiga primeira-dama norte-americana, mulher de George Bush e mãe
de George W. Bush, morreu aos
92
anos. Vale a pena ler
este
obituário do 'New York Times'.
A Starbucks vai fechar todas as suas lojas nos Estados Unidos,
cerca de
8 mil, por um dia para que os 175 mil empregados sejam formados em
políticas
anti-discriminação
racial, depois de dois negros terem sido presos numa das suas lojas em
Filadélfia.
A
China vai eliminar
as limitações à propriedade de empresas da indústria automóvel que tinham
de ser detidas em partes iguais com um parceiro chinês. Esta decisão é vista
como
uma
cedência aos EUA na sequência das imposição de tarifas sobre produtos
chineses.
Jérône
Hamon tornou-se a primeira pessoa do mundo a receber dois transplantes
de face.
O QUE EU ANDO A LER?
A economia sul-africana deverá registar o quarto ano consecutivo de quebra
do seu produto interno bruto. A queda será pequena de acordo com os dados do
FMI (-0,1%), mas não deixa de ser mais um ano em que o futuro fica adiado num
dos mais ricos países da África subsariana.
Um cenário muito diferente daquele idealizado por Mandela. Desde o fim do
Apartheid (1994) a pobreza tem vindo a diminuir, mas entre 2011 e 2015 os dados
mostram que a tendência se inverteu, ameaçando mesmo comer os ganhos
conseguidos desde 1994, segundo um
relatório do
Banco Mundial.
E quando olhamos para a desigualdade, vemos que esta não parou de crescer. Os
ricos são cada vez ricos deixando para trás a esperança de eliminar a
pobreza até ao ano 2030, meta estabelecida pelas autoridades sul-africanas.
Talvez as mesmas que em pouco mais de 20 anos fizeram desaparecer “tens of
billions of dollars” em fundos públicos. Há toda uma elite do ANC que
enriqueceu em troca dos sonhos do milhões de sul-africanos.
A
reportagem ‘They
Eat Money’: How Mandela’s Political Heirs Grow Rich Off Corruption’, publicada
pelo 'The New York Times', é um retrato cruel de uma nação que continua a
segregar oportunidades e a fomentar a separação entre riscos e pobres. A não
perder.
ERRATA - No Expresso Curto de ontem, foram indicadas datas de publicação da
Biblioteca Expresso com erros. Pelo lapso pedimos desculpa aos nossos leitores
e aqui escrevemos as datas corretas:
Biblioteca Expresso
- Já nas bancas: “A Ordem Mundial”, de Henry Kissinger (prefácio de Miguel
Monjardino)
- 5 de maio: “Blink”, de Malcolm Gladwell (prefácio de Ricardo Costa)
- 2 de junho: “A Nova Era Digital”, de Eric Schmidt e Jared Cohen (prefácio de
Miguel Cadete)
- 7 de julho: “O Cisne Negro”, de Nassim Nicholas Taleb (prefácio de Henrique
Raposo)
- 4 de agosto: “Keynes: O Regresso do Mestre”, de Robert Skidelski (prefácio de
Francisco Louçã)
- 1 de setembro: “Uma Sociedade Funcional”, de Peter F. Drucker (prefácio de
Pedro Santos Guerreiro)
Este Expresso Curto fica por aqui, tenha uma ótima quarta-feira e
aproveite os primeiros ares da primavera. Dizem que são de curta duração.