Venezuela pela manhã, à tarde, à
noite e de madrugada. Sempre Venezuela. Os média do imenso cartel da comunicação
social segue o que sabemos e António Aleixo nos deixou em verso, com sabedoria:
”Para a mentira ser segura e atingir profundidade tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade”.
É constante a omissão evidente de
que os EUA estão a submeter à manipulação os povos da América Latina, instalando democracias de fachada com uns
quantos seus servidores escolhidos, de modo a que a soberania ianque prevaleça
naquela parte do globo. Como era antes e assim foi durante muitas dezenas de anos. Os sul-americanos não podem ser senhores dos seus destinos. Foi e é a
palavra de ordem das administrações dos EUA.
Os EUA, o ocidente e os mais
ricos do mundo querem o petróleo da Venezuela – o primeiro país do mundo possuidor
de petróleo explorado e a explorar. Como menciona a Deutsche Welle: “De acordo
com cifras de 2015 da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a
Venezuela tem as maiores reservas de petróleo bruto do mundo, com mais de 300
milhões de barris. Isso coloca o país à frente de Arábia Saudita (266 milhões
de barris), Irã (158 milhões de barris) e Iraque (142 milhões de barris).”
A contra-revolução ao regime de
Chávez teve sempre por mentor e patrocinador o grande capital mundial, principalmente personificado
e centrado nas administrações dos EUA e da UE. Esta última menos afoita e a dar
menos nas vistas. Cinismo europeu q.b. A CIA norte-americana há anos que
recruta na Venezuela e noutros países limítrofes agentes sul-americanos que
forma e os lança no terreno do país bolivariano, como noutros da América
Latina. Os seus agentes ianques não chegavam em quantidade e operacionalidade
para os EUA reaverem a posse dos bens dos países latino-americanos,
principalmente o petróleo que era explorado e roubado por companhias privadas
adstritas à grande-potência do norte, os EUA. Todos os países da região sul do
continente americano têm sofrido os ataques sistemáticos e pungentes das técnicas
da CIA para a nova fase de submissão aos EUA e ao grande capital explorador da
humanidade e fomentador das guerras e instabilidades por todo o mundo. O fito é
sempre o mesmo: roubar. Colocar nos poderes de cada país políticos e outros
servidores domados de acordo com os interesses que permitam apossarem-se da
soberania de praticamente toda a América Latina e do globo. Aliás, como consta no manual da CIA para todos os países
que possuam no menu mais valias nas riquezas de subsolos, geoestratégicas, etc.
Por esta hora há Venezuela a
alimentar os cardápios das redações. Assim como nos dias que se seguem.
Bastantes. Jornalistas domados e carentes dos seus ordenados ao final do mês,
assim como jornalistas cujos ideais se coadunam com as políticas e métodos dos
EUA intoxicam a opinião pública – como tem vindo a acontecer de acordo com os
manuais da CIA de há anos a esta parte. Evidentemente que não é toda a classe
daqueles profissionais, mas são bastantes por esse mundo.
Verdade que o regime da Venezuela, a
situação política, social e na generalidade, está virada do avesso. Sim, existem erros e desvios na revolução bolivariana por via das pressões externas, principalmente. Sim, o povo
venezuelano está a sofrer carências imensuráveis. Não restam dúvidas. Mas o que
está a acontecer deve-se aos planos e cumprimento da contra-revolução da
autoria da CIA e administrações norte-americanas. Não só na Venezuela mas em todo
o continente sul-americano. Golpes sobre golpes é o que tem acontecido. Já
faltam muito poucos países daquele continente a abdicarem da sua soberania e a
renderem-se à submissão aos EUA e a todos os muito mais ricos que preponderam
no diretório global – aqueles que são habitualmente definidos por “Os 1%”.
Desta feita o Curto do Expresso
deu azo a uma apreciação e retórica prolongada mais que evidente. Claro que o Expresso
também se alimenta dos acontecimentos na Venezuela, a seu modo. A modo dos
ditames da imprensa do mundo dos tais 1%... e dos ‘dótores’ ao seu serviço. Nada de especial, é de ler.
Como nos deixou o mesmo António
Aleixo: “Uma mosca sem valor poisa, com a mesma alegria, na careca de um doutor como em qualquer porcaria”.
"A Venezuela tem dois presidentes". Que golpe. Que palhaçada, no pior sentido. Que desespero! Devagar, devagarinho, é que o macaco...
Bom dia, se conseguir e o
deixarem usufruir dele. Parece difícil, mas… (MM | PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
Venezuela na miséria tem dois
presidentes
Miguel Cadete | Expresso
Ontem à tarde, no centro de Caracas,
quando se celebrava mais um aniversário da queda do regime militar de 1958, o
Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, declarou
perante uma multidão de manifestantes: “Hoje, 23 de janeiro de 2019, juro
assumir formalmente a responsabilidade do governo nacional enquanto Presidente
da Venezuela”.
(Quem
é este engenheiro de 35 anos?)
A revolução chavista, que há 20 anos domina o poder, nunca tinha conhecido tal
afronta. Nicolás Maduro, o Presidente da Venezuela tinha tomado posse
para um mandato de mais seis anos há duas semanas, após um sufrágio que
levantou dúvidas junto da comunidade internacional, reagiria de imediato,
assumindo que a declaração de Guaidó
(veja
aqui as imagens do pronunciamento) se tratava de uma manobra
conspirativa dos Estados Unidos da América para o demover. Como
demonstração de força, assinou, na varanda do palácio presidencial, a ordem
para que todos os diplomatas dos EUA abandonassem o país no prazo de 72
horas.
(O
Expresso seguiu em direto os acontecimentos, acompanhe aqui o desenrolar da
situação)
Desde ontem, a Venezuela tem dois presidentes. O insurgente Guaidó foi
prontamente apoiado por Donald Trump. Em Washington um responsável da
administração Trump, avisou que
os
EUA iriam impor sanções económicas à Venezuela caso Maduro, o presidente
contestado, usasse a força contra os seus opositores não deixando de fora a
possibilidade de uma intervenção militar. O “New York Times acrescenta
ainda que Mike Pompeo, o Secretário de Estados, assumiu que “os EUA
trabalhariam de perto com o legitimamente eleito Presidente da Assembleia
Nacional de modo a facilitar a transição da Venezuela para a democracia e o
estado de direito”
Seguiu-se o apoio do Canadá e de
quase
todos os países da América Latina, com vários Chefes de Estado a anunciar o
seu apoio via Twitter: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa
Rica, Honduras, Panamá, Paraguai, Perú, Equador e
a Guatemala reconheceram Guaidó enquanto Presidente. De fora ficaram
o México e a Bolívia, estando também
ao
lado de Maduro Cuba, Nicarágua e a Rússia.
No mesmo sentido foram as reações de Donald Tusk, Presidente do Conselho
Europeu (também no Twitter), e Federica Mogherini, chefe da diplomacia da
União Europeia que disse
“apoiar
plenamente “a Assembleia Nacional da Venezuela. No mesmo sentido, Augusto
Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, assumiu, em
declarações à Lusa,
que
“o tempo de Maduro acabou”.
Na Venezuela residem cerca de 400 mil portugueses mas estima-se que
os luso-descendentes possam triplicar esse número. Muitos regressaram nos
últimos meses,
mais
de cinco mil à ilha da Madeira, quando deixou de haver comida, medicamentos
e a inflação chegou aos 1 000 000 por cento em 2018, um valor similar
ao da Alemanha em 1923. Segundo o FMI,
o
PIB terá caído, nos últimos doze meses, 18 por cento, sendo este o
terceiro ano consecutivo em que a descida do Produto Interno Bruto é de dois
dígitos.
O número de venezuelanos de saída, nos últimos anos,
chega
aos três milhões (dados do Alto Comissariado para os Refugiados das
Nações Unidas) e as mortes devidas à crise estão na ordem das dezenas de
milhar (dados do Observatório Venezuelano de Violência).
Ontem, nas ruas de Caracas e das principais cidades venezuelanas,
confrontos
entre manifestantes e com as forças da ordem terão provocado sete mortos.
Como conta Daniel Lozano, o correspondente do Expresso na Venezuela,
o
país está exausto mas os próximos dias não serão certamente de paz. Juan
Guaidó promete “eleições livres”.
OUTRAS NOTÍCIAS
Sporting na final da Taça da Liga. O Sporting precisou de ir até às grandes
penalidades para vencer a meia final da Taça da Liga contra o Sporting de
Braga. Renan, o seu guarda-redes, defendeu três penáltis. Vai encontrar,
sábado, na final, o FC Porto.
Na
Tribuna está tudo sobre um jogo em que
o
árbitro e
o
VARvoltaram a ser muito criticados pelo presidente e treinador da equipa
derrotada.
Sete créditos da CGD dados como totalmente perdidos. O relatório preliminar da
auditoria da EY aponta imparidades de 100% do valor em dívida em relação a sete
devedores, segundo o Expresso Diário: Investifino, Júpiter SGPS,
Always Special, Soil SGPS, Fundação Horácio Roque, FDO e Fercal. O
“Público” nota, na edição de hoje, que Santos Ferreira, um dos presidentes
do banco público mais visados no relatório,
foi
chefe de grande parte dos mais altos quadros que atualmente se encontram no
Banco de Portugal, BCP, Novo Banco e na própria CGD. Já Teresa
Leal Coelho, a deputada que preside à Comissão de Finanças, assegura que
esta
versão preliminar do relatório que foi conhecida é “diferente” da final.
Durante 20 horas não existiram rondas em Tancos. O responsável pela
segurança dos paióis, coronel João Paulo Almeida, admitiu ontem na Comissão
Parlamentar que não existiu vigilância durante aquele período de tempo. O
deputado Jorge Machado questionou-se: “
como
é possível que as punições tenham ficado pelo sargento e pela praça”.
Marcelo quer manter condecorações de Ronaldo. O PR está a averiguar a
possibilidade de CR7 não ser obrigado a devolver as altas condecorações
com que foi agraciado pelo Estado português depois de ter sido condenado
em Espanha por fraude fiscal. Cristiano Ronaldo foi condecorado em 2014 por
Cavaco Silva com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. E em 2016 por
Marcelo Rebelo de Sousa com a Grã Cruz da Ordem de Mérito. De acordo com a lei,
o cidadão perde automaticamente os títulos após condenado a mais de três anos.
Vistos Gold na mira da Comissão Europeia. A comissária europeia com a
pasta da Justiça, Consumidores e Igualdade de Género
considera
injusto que a cidadania seja atribuída mais facilmente a quem tem dinheiro do
que a alguém que está integrado num determinado país. No caso português e dos
Vistos Gold de residência, defende que deve haver transparência e ligações
genuínas da pessoa em causa ao país. Věra Jourová exige mais transparência.
Macron em presidência aberta. O Presidente de França reuniu-se com
600
autarcas do sul do país e discursou, sem notas, durante horas a fio abordando
temas como a saúde pública e a habitação. As sondagens refletem uma subida
da popularidade de Macron enquanto os distúrbios dos coletes amarelos vão
diminuindo.
Anti-globalização em Davos. Numa intervenção por vídeo,
o
Secretário de Estados dos EUA associou a administração Trump ao Brexit e ao
governo de Itália, segundo um certo “padrão de disrupção”. Giuseppe
Conte, primeiro-ministro de Itália, gostou e repetiu. Angela Merkel defendeu
as democracias liberais o multilateralismo.
Realizador de filme dos Queen acusado de abuso sexual de menores. Um dos
filmes que revitalizou o musical enquanto género dilecto de Hollywood tem o seu
realizador sob suspeita. Bryan Singer, o realizador de "Bohemian
Rhapsody", é acusado de abuso sexual por quatro homens. As
situações na base destas
alegações
surgem descritas na “The Atlantic”, resultado de uma investigação levada a cabo
ao longo de doze meses pela revista norte-americana.
FRASES
“Tivemos de encontrar uma nova identidade para os Xutos”. Entrevista do grupo
português que celebra 40 anos, ao “DN”
“O PT foi o único partido a sair desta eleição de pé. Machucado, mas de pé”. Fernando
Haddad, ex-candidato a Presidente do Brasil pelo PT, em entrevista ao jornal “i”
“O que me preocupa é ouvir um presidente criticar um árbitro e vê-lo pedir
dispensa”. Frederico Varandas, presidente do Sporting, após os jogos
das meias-finais da Taça da Liga
“A inovação é a única arma para criar mais empregos”. Carlos Moedas,
comissário europeu, em entrevista ao “Jornal de Negócios”
O QUE ANDO A LER
A gastronomia, está bom de ver, é um ato de cultura. Para Nuno Diniz,
cozinheiro, gastrónomo, professor, antigo parceiro de António Sérgio nas ondas
da rádio e agitador, é ainda amais do que isso. É economia e, sobretudo,
política. Radical.
O livro que acaba de publicar, “Entre Ventos e Fumos”(Bertrand Editora),
codifica os fumeiros e enchidos de Portugal como nunca havia sido feito. Nos
tempos mais recentes, só Edgardo Pacheco com “Os 100 Melhores Azeites de
Portugal” havia tentado algo semelhante capaz de ombrear com a obra magna
de Maria de Lourdes Modesto, “Cozinha Tradicional Portuguesa”, onde se
encontra codificado o receituário português.
Mas o livro de Nuno Diniz que agora chega aos escapares é radical porque, além
de publicar informação preciosa sobre os mais recônditos enchidos do país,
dá início a uma batalha contra o segredo provinciano costume nestas ocasiões:
em cada entrada são revelados sempre que possível os contactos dos produtores -
pequenos e nada industrializados - de chouriços, farinheiras, morcelas,
alheiras, maranhos, cacholeiras, paios, buchose outros que tais, pouco ou nada
conhecidos.
Mas é essencialmente radical por ser um grito contra a industrialização e,
muito claramente, contra o capitalismo, mas também em firme oposição ao vegetarianismo e
a todas as práticas que desvirtuam um mundo que se ainda não desapareceu está à
beira disso mesmo. Qual Giacometti dos fumeiros de Portugal, Nuno Diniz pugna
pela utopia de um mundo que só existe devido ao isolamento e, nalguns
casos, a condições de vida muito difíceis senão mesmo miseráveis; mas onde
resiste uma ancestralidade fundada no mais profundo dos humanismos.
Logo a abrir, uma escorreita e detalhada descrição do que é uma matança do
porco dá o tiro de partida. No caso, a facada. Obrigatório para quem quiser
entender o que é algo tão primitivo ou sofisticado como a alimentação.
Tenha boas refeições. Siga toda a informação atualizada em permanência no
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Tribuna e
Vida Extra.