Manuel Carvalho da Silva | Jornal
de Notícias | opinião
Analisando a greve dos Motoristas
de Transporte de Matérias Perigosas, a justeza das suas reivindicações, o
comportamento dos atores envolvidos, os impactos daquela luta na sociedade; e,
procurando refletir sobre o que nestes dias preocupava o comum dos cidadãos,
tenho esperança que todo este processo nos ajude a tomar consciência de algumas
realidades de que porventura andamos esquecidos.
O trabalho é e continuará a ser
central na economia e na sociedade. Alteram-se formas da sua organização e
prestação, alteram-se os instrumentos de trabalho e as profissões. Há mudanças
fortes vindas da evolução tecnológica e científica, há verdades e mentiras nas
apregoadas desmaterialização e individualização do trabalho, mas tudo isso não
anula aquela centralidade.
O trabalho continuará a ser, por
muito tempo, o elo fundamental na cadeia de relações que fazem funcionar a
sociedade. Ele tem expressões organizativas aos níveis do individual, do grupo
e de coletivos bem amplos. É imperioso identificar e valorizar as profissões,
reconhecer e estruturar carreiras, retribuir justamente o trabalho, combater as
precariedades e as práticas ilegais ou semilegais que hoje invadem as relações
de trabalho.