ALIENAR TERRITÓRIO NACIONAL SEJA
A QUE PRETEXTO FOR, NESTE CASO 90.000 KM2, DEVIDO
À "ATRACÇÃO" ELITISTA, É UM ACTO PREVISTO
CONSTITUCIONALMENTE?
É UM ACTO CONSTITUCIONAL, AINDA
QUE A GESTÃO TENHA A MOLDURA DUM PERÍODO DE 20 ANOS?
OS AMBIENTALISTAS COBERTOS PELO
ELITISMO DO "PEACE PARKS FOUNDATION" SÓ VÃO GERIR A PAISAGEM,
OU VÃO-SE METER EM BRIOS POR CAUSA DE ALGUMA KIMBERLITE PROSPECTADA ANTES PELA
DE BEERS NA ÁREA DO CUITO CUANAVALE, À IMAGEM E SEMELHANÇA DO QUE ACONTECE NO
BOTSWANA?
SE É UM ACTO COBERTO PELA
CONSTITUIÇÃO ANGOLANA, COMO ENCARAR ENTÃO A REIVINDICAÇÃO DO MOVIMENTO DO
PROTECTORADO LUNDA-TCHOKWE SOBRE METADE DE ANGOLA?
A "ÁUREA" ELITISTA
QUE MANIPULOU NELSON MANDELA, EM ANGOLA, AO QUE ME PARECE, JÁ ESTÁ A IR LONGE
DEMAIS… E AGORA COMO SE VAI TRATAR DA “ÁUREA” DE AGOSTINHO NETO,
AGORA QUE SETEMBRO ESTÁ AÍ?
SERÁ QUE A CONSTITUIÇÃO ANGOLANA
ESTÁ "A DAR ZEBRA"?
Perguntas legítimas do cidadão
Martinho Júnior.
Luanda, 31 de Agosto de 2019
Imagem: “está a dar zebra”…
Constate-se esta informação do
Jornal de Angola do dia 30 de Julho de 2019:
Parques nacionais são geridos por
americanos e sul-africanos
Ambientalistas norte-americanos e
sul-africanos vão gerir, por um período de 20 anos, os parques nacionais, sem
envolver custos financeiros para o Estado, numa primeira fase, fruto de um acordo
firmado, domingo à noite, em Luanda, entre o Ministério do Ambiente e entidades
vocacionadas à preservação ambiental.
No âmbito do acordo, os
ambientalistas estrangeiros e uma delegação do Ministério do Ambiente, chefiada
pela titular da pasta, Paula Coelho, encontra-se desde ontem de manhã, na
província do Cuando Cubango, para um trabalho de constatação dos Parques
Nacionais da Mavinga e Luengue Luiana.
Na província do Cuando Cubango,
pretende-se fazer a apresentação das áreas de conservação que tenham potencial
de investimento e actividade ecológica, para cativar o interesse do sector
privado, nacional e estrangeiro, no âmbito dos contactos estabelecidos pelo
Governo com os parceiros da plataforma International Conservation Caucus
Foundation (ICCF).
O objectivo é promover
investimentos de actividades ecológicas sustentáveis, reforçar a cooperação
bilateral, com as organizações internacionais, e fomentar a melhoria da
qualidade de vida das comunidades das áreas circundantes de conservação.
O director-geral do Instituto
Nacional da Biodiversidade e Áreas de Conservação, Aristófanes Pontes, referiu
que a visita engloba o Parque de Luengue Luiana, as áreas do Sacha, Ribeira,
Boa fé, Bico e Luiana, onde existem assentamentos ou comunas com animais, com
uma biodiversidade muito alta e vegetação.
“O objectivo é fazer com que as
populações destas comunidades estejam envolvidas na gestão dos parques. Esta
visita técnica, serve para consolidar o que foi visto na primeira missão, onde
foram realizados levantamentos específicos, para tomada de decisões,
cujas concessões terão um período de 20 anos de exploração.
No Iona, o projecto já começou a
ser implementado”, disse o director. Aristófanes Pontes explicou que os
investidores es-trangeiros vão colocar à disposição dos parques todas
infra-estruturas e serviços necessários para a gestão, concretamente, o fomento
de actividades ecológicas, como o ecoturismo, reabilitação de vias, abertura de
picadas, construção de “lounges”, recrutamento de fiscais e aquisição de
equipamentos.
“A gestão dos parques pode
incluir a importação de alguns animais, caso haja necessidade de repovoamento
de determinadas espécies”, disse para acrescentar que os parques têm tido uma
gestão com dificuldades, porque é necessário muitos recursos”.
A caça furtiva continua a ser um
problema no país, mas as autoridades estão a trabalhar com a Procuradoria Geral
da República (PGR) e outras entidades do Estado, para elaborar legislação capaz
de minimizar os crimes que têm assolado a biodiversidade.
Em Angola, existem seis parques
nacionais, além de sete outras reservas naturais. Juntos, eles cobrem uma área
de 82 mil quilómetros quadrados, o que corresponde a cerca de 6.6 por cento do
território nacional. Os oito parques nacionais de Angola são: Quiçama,
Cangandala, Bicuar, Iona, Cameia, Mupa, Mavinga e Luengue Luiana.
A plataforma da sociedade civil,
"Sala da Paz", considerou este domingo (01.09) que o arranque da
campanha eleitoral foi "satisfatório", mas aponta que se registaram
alguns ilícitos eleitorais.
As eleições presidenciais,
legislativas e provinciais de 15 de outubro próximo têm o concurso de quatro
candidatos à Presidência da República, 26 partidos políticos aos 250 assentos
no parlamento e aos 794 lugares das 10 Assembleias Provinciais.
A Comissão Nacional de Eleições
(CNE) apelou aos partidos e candidatos para se distanciarem de actos de
violência e de incitamento ao ódio.
"A violência eleitoral não é
mais do que falta de argumentos, porque quem tem argumentos coloca os seus
argumentos e sabe que as pessoas vão consumir esses seus
argumentos," avaliou Paulo Cuinica, porta-voz do órgão.
Díli, 01 set 2019 (Lusa) --
Militares timorenses, alguns a ser formados em Portugal, deverão a partir do
próximo ano integrar contingentes portugueses que sejam destacados em missões
de paz das Nações Unidas, disse hoje o ministro da Defesa Nacional, João Gomes
Cravinho.
"Portugal e Timor-Leste vão
trabalhar em conjunto em operações de paz. Acreditamos que em 2020 já será
possível concretizar esse objetivo. Será uma forma de dar experiência concreta
em operações de paz a militares timorenses", afirmou Cravinho em
declarações à Lusa em Díli.
A ideia de integração de
militares timorenses em operações de paz das Nações Unidas, em contingentes
portugueses tem vindo a ser discutida tanto a nível bilateral como no espaço da
ONU, permitindo a Timor-Leste participar em missões internacionais.
"É também uma forma que
Timor-Leste tem de corresponder aquilo que foi o grande apoio da comunidade
internacional nos primeiros anos de independência de Timor-Leste, fornecendo
militares para operações de paz em outras partes do mundo", disse.
Cravinho disse que há já
militares timorenses a ser formados em Lamego, em operações especiais,
"quadros com toda a capacidade para corresponder a um grau de exigência
elevado para missões das Nações Unidas".
"Será necessário ter um
período de aprontamento em Portugal, como têm as nossas forças antes de irem
para missões da ONU. Vamos trabalhar nisso e creio que em 2020 poderemos já pôr
em prática essa ideia", disse.
Netizens de Hong Kong
distribuíram recentemente uma foto de uma diplomata norte-americana em reunião
com várias figuras da oposição radical, dentre as quais Joshua Wong, em período
sensível de tumultos na cidade. Na sequência, a mídia de Hong Kong também
noticiou que aquela diplomata, Julie Eadeh, chefe da unidade política do
consulado geral dos EUA em Hong Kong, já estivera envolvida em “revoluções
coloridas” em outros países. O artigo diz que o marido de Julie Eadeh também é
diplomata norte-americano. Cita-se lá uma publicação religiosa que circula nos
EUA e mencionam-se outros membros da família.
O governo dos EUA desempenhou
papel central, no processo de desencaminhar as manifestações em Hong Kong.
Washington apoia publicamente os protestos e jamais condena a violência
organizada contra a polícia. O consulado geral dos EUA em Hong Kong está
aprofundando sua interferência direta na situação na cidade. O governo dos EUA
insufla os tumultos em Hong Kong, exatamente como fez em todas as “revoluções
coloridas” em outros pontos do mundo.
Mesmo assim, o Departamento de
Justiça dos EUA acusou os veículos de mídia em Hong Kong de “vazarem informação
privada sobre um diplomata dos EUA”, e chamou a China de “regime bandido”. Mais
uma vez, Washington tenta declarar o preto, branco. E distorce a verdade.
A ideia central do artigo
publicado pela mídia de Hong Kong era noticiar a interferência de uma diplomata
norte-americana em assuntos internos de Hong Kong, e o envolvimento dela na
organização de ações subversivas em todo o Oriente Médio. A matéria absolutamente
não teve qualquer objetivo de ameaçar Eadeh ou a família dela. É movimento
absolutamente diferente do que faz a oposição extremista e das milícias
golpistas, em Hong Kong: “Caça aos policiais de Hong Kong e respectivas
famílias”, com intimidação e perseguição a funcionários do Estado.
A mídia de Hong Kong tem pleno
direito de noticiar os movimentos de diplomatas dos EUA que participam
ativamente, ajudam a insuflar e interferem nos tumultos em Hong Kong. É dever e
ofício da mídia, e nada tem a ver com o governo. O Departamento de Estado dos
EUA agride o governo chinês e violenta direitos da imprensa de Hong Kong,
agindo como bandoleiro político irracional.
Immanuel Wallerstein, que morreu
ontem, foi o grande pensador dos sistemas-mundo. Examinava o declínio do
capitalismo, mas frisava: falta saber o que irá substituí-lo; a transição não
será apocalíptica e dependerá das escolhas de agora
Desde seu lançamento, em 2010, Outras Palavras traduziu e publicou
dezenas de textos de Immanuel Wallerstein. Neles, o sociólogo trata de temas
centrais da conjuntura global e também de sua visão particular sobre a crise do
capitalismo e a indefinição do futuro. Um índice destes artigos pode ser
encontrado aqui.
************************************
Entrevista a Sophie
Shevarnadze
(Publicada originalmente em
14/10/2011)
A entrevista durou pouco mais de
onze minutos, mas alimentará horas de debates em todo o mundo e certamente
ajudará a enxergar melhor o período tormentoso que vivemos. Aos 81 anos, o
sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein,
acredita que o capitalismo chegou ao fim da linha: já não pode mais sobreviver
como sistema. Mas – e aqui começam as provocações – o que surgirá em seu lugar
pode ser melhor (mais igualitário e democrático) ou pior (mais polarizado e
explorador) do que temos hoje em dia.
Estamos, pensa este professor da
Universidade de Yale e personagem assíduo dos Fóruns Sociais Mundiais, em meio
a uma “bifurcação”, um momento histórico único nos últimos 500 anos.Ao
contrário do que pensava Karl Marx, o sistema não sucumbirá num ato heróico.
Desabará sobre suas próprias contradições. Mas atenção: diferente de certos
críticos do filósofo alemão, Wallerstein não está sugerindo que as ações
humanas são irrelevantes.
Ao contrário: para ele, vivemos o
momento preciso em que as ações coletivas, e mesmo individuais, podem causar
impactos decisivos sobre o destino comum da humanidade e do planeta. Ou seja,
nossas escolhas realmente importam. “Quando o sistema está estável, é
relativamente determinista. Mas, quando passa por crise estrutural, o
livre-arbítrio torna-se importante.”
É no emblemático 1968, referência
e inspiração de tantas iniciativas contemporâneas, que Wallerstein situa o
início da bifurcação. Lá teria se quebrado “a ilusão liberal que governava o
sistema-mundo”. Abertura de um período em que o sistema hegemônico começa a
declinar e o futuro abre-se a rumos muito distintos, as revoltas daquele ano
seriam, na opinião do sociólogo, o fato mais potente do século passado –
superiores, por exemplo, à revolução soviética de 1917 ou a 1945, quando os EUA
emergiram com grande poder mundial.
As declarações foram colhidas no
dia 4 de outubro pela jornalista Sophie Shevardnadze, que conduz o programa
Interview na emissora de televisão russa RT (abaixo). A transcrição e a
tradução para o português são iniciativas de “Outras Palavras”.
Há exatamente dois anos, você
disse ao RT que o colapso real da economia ainda demoraria alguns anos. Esse
colapso está acontecendo agora?
Não, ainda vai demorar um ano ou
dois, mas está claro que essa quebra está chegando.
Quem está em maiores apuros: Os
Estados Unidos, a União Europeia ou o mundo todo?
Na verdade, o mundo todo vive
problemas. Os Estados Unidos e União Europeia, claramente. Mas também acredito
que os chamados países emergentes, ou em desenvolvimento – Brasil, Índia, China
– também enfrentarão dificuldades. Não vejo ninguém em situação tranquila.
Você está dizendo que o sistema
financeiro está claramente quebrado. O que há de errado com o capitalismo
contemporâneo?
Essa é uma história muito longa.
Na minha visão, o capitalismo chegou ao fim da linha e já não pode sobreviver
como sistema. A crise estrutural que atravessamos começou há bastante tempo.
Segundo meu ponto de vista, por volta dos anos 1970 – e ainda vai durar mais
uns vinte, trinta ou quarenta anos. Não é uma crise de um ano, ou de curta
duração: é o grande desabamento de um sistema. Estamos num momento de
transição. Na verdade, na luta política que acontece no mundo — que a maioria
das pessoas se recusa a reconhecer — não está em questão se o capitalismo
sobreviverá ou não, mas o que irá sucedê-lo. E é claro: podem existir duas
pontos de vista extremamente diferentes sobre o que deve tomar o lugar do
capitalismo.
Qual a sua visão?
Eu gostaria de um sistema
relativamente mais democrático, mais relativamente igualitário e moral. Essa é
uma visão, nós nunca tivemos isso na história do mundo – mas é possível. A
outra visão é de um sistema desigual, polarizado e explorador. O capitalismo já
é assim, mas pode advir um sistema muito pior que ele. É como vejo a luta
política que vivemos. Tecnicamente, significa é uma bifurcação de um sistema.
Então, a bifurcação do sistema
capitalista está diretamente ligada aos caos econômico?
Sim, as raízes da crise são, de
muitas maneiras, a incapacidade de reproduzir o princípio básico do capitalismo,
que é a acumulação sistemática de capital. Esse é o ponto central do
capitalismo como um sistema, e funcionou perfeitamente bem por 500 anos. Foi um
sistema muito bem sucedido no que se propõe a fazer. Mas se desfez, como
acontece com todos os sistemas.
Esses tremores econômicos,
políticos e sociais são perigosos? Quais são os prós e contras?
Se você pergunta se os tremores
são perigosos para você e para mim, então a resposta é sim, eles são
extremamente perigosos para nós. Na verdade, num dos livros que escrevi,
chamei-os de “inferno na terra”. É um período no qual quase tudo é
relativamente imprevisível a curto prazo – e as pessoas não podem conviver com
o imprevisível a curto prazo. Podemos nos ajustar ao imprevisível no longo
prazo, mas não com a incerteza sobre o que vai acontecer no dia seguinte ou no
ano seguinte. Você não sabe o que fazer, e é basicamente o que estamos vendo no
mundo da economia hoje. É uma paralisia, pois ninguém está investindo, já que
ninguém sabe se daqui a um ano ou dois vai ter esse dinheiro de volta. Quem não
tem certeza de que em três anos vai receber seu dinheiro, não investe – mas não
investir torna a situação ainda pior. As pessoas não sentem que têm muitas
opções, e estão certas, as opções são escassas.
Então, estamos nesse processo de
abalos, e não existem prós ou contras, não temos opção, a não ser estar nesse
processo. Você vê uma saída?
Sim! O que acontece numa
bifurcação é que, em algum momento, pendemos para um dos lados, e voltamos a
uma situação relativamente estável. Quando a crise acabar, estaremos em um novo
sistema, que não sabemos qual será. É uma situação muito otimista no sentido de
que, na situação em que nos encontramos, o que eu e você fizermos realmente
importa. Isso não acontece quando vivemos num sistema que funciona
perfeitamente bem. Nesse caso, investimos uma quantidade imensa de energia e,
no fim, tudo volta a ser o que era antes. Um pequeno exemplo. Estamos na
Rússia. Aqui aconteceu uma coisa chamada Revolução Russa, em 1917. Foi um
enorme esforço social, um número incrível de pessoas colocou muita energia
nisso. Fizeram coisas incríveis, mas no final, onde está a Rússia, em relação
ao lugar que ocupava em 1917? Em muitos aspectos, está de volta ao mesmo lugar,
ou mudou muito pouco. A mesma coisa poderia ser dita sobre a Revolução
Francesa.
O que isso diz sobre a
importância das escolhas pessoais?
A situação muda quando você está
em uma crise estrutural. Se, normalmente, muito esforço se traduz em pouca
mudança, nessas situações raras um pequeno esforço traz um conjunto enorme de
mudanças – porque o sistema, agora, está muito instável e volátil. Qualquer
esforço leva a uma ou outra direção. Às vezes, digo que essa é a “historização”
da velha distinção filosófica entre determinismo e livre-arbítrio. Quando o
sistema está relativamente estável, é relativamente determinista, com pouco
espaço para o livre-arbítrio. Mas, quando está instável, passando por uma crise
estrutural, o livre-arbítrio torna-se importante. As ações de cada um realmente
importam, de uma maneira que não se viu nos últimos 500 anos. Esse é meu
argumento básico.
Você sempre apontou Karl Marx
como uma de suas maiores influências. Você acredita que ele ainda seja tão
relevante no século 21?
Bem, Karl Marx foi um grande
pensador no século 19. Ele teve todas as virtudes, com suas ideias e
percepções, e todas as limitações, por ser um homem do século 19. Uma de suas
grandes limitações é que ele era um economista clássico demais, e era
determinista demais. Ele viu que os sistemas tinham um fim, mas achou que esse
fim se dava como resultado de um processo de revolução. Eu estou sugerindo que
o fim é reflexo de contradições internas. Todos somos prisioneiros de nosso
tempo, disso não há dúvidas. Marx foi um prisioneiro do fato de ter sido um
pensador do século 19; eu sou prisioneiro do fato de ser um pensador do século
20.
Do século 21, agora.
É, mas eu nasci em 1930, eu vivi
70 anos no século 20, eu sinto que sou um produto do século 20. Isso
provavelmente se revela como limitação no meu próprio pensamento.
Quanto – e de que maneiras –
esses dois séculos se diferem? Eles são realmente tão diferentes?
Eu acredito que sim. Acredito que
o ponto de virada deu-se por volta de 1970. Primeiro, pela revolução mundial de
1968, que não foi um evento sem importância. Na verdade, eu o considero o
evento mais significantes do século 20. Mais importante que a Revolução Russa e
mais importante que os Estados Unidos terem se tornado o poder hegemônico, em
1945. Porque 1968 quebrou a ilusão liberal que governava o sistema mundial e
anunciou a bifurcação que viria. Vivemos, desde então, na esteira de 1968, em
todo o mundo.
Você disse que vivemos a retomada
de 68 desde que a revolução aconteceu. As pessoas às vezes dizem que o mundo
ficou mais valente nas últimas duas décadas. O mundo ficou mais violento?
Eu acho que as pessoas sentem um
desconforto, embora ele talvez não corresponda à realidade. Não há dúvidas de
que as pessoas estavam relativamente tranquilas quanto à violência em 1950 ou
1960. Hoje, elas têm medo e, em muitos sentidos, têm o direito de sentir medo.
Você acredita que, com todo o
progresso tecnológico, e com o fato de gostarmos de pensar que somos mais
civilizados, não haverá mais guerras? O que isso diz sobre a natureza humana?
Significa que as pessoas estão
prontas para serem violentas em muitas circunstâncias. Somos mais civilizados?
Eu não sei. Esse é um conceito dúbio, primeiro porque o civilizado causa mais
problemas que o não civilizado; os civilizados tentam destruir os bárbaros, não
são os bárbaros que tentam destruir os civilizados. Os civilizados definem os
bárbaros: os outros são bárbaros; nós, os civilizados.
É isso que vemos hoje? O Ocidente
tentando ensinar os bárbaros de todo o mundo?
A Polónia relembra as oito
décadas do início da Segunda Guerra. Sobretudo os alemães têm o dever de lutar
contra o nacionalismo e a xenofobia e defender as conquistas do pós-guerra,
opina o jornalista Jens Thurau.
Há 80 anos, a Alemanha invadia a
Polónia, iniciando a Segunda Guerra Mundial. E, porque as consequências do que
ocorreu décadas atrás ainda afetam tantas pessoas, muitas vezes parece que
acabou de acontecer.
Depois da guerra, a geração que
viveu o conflito permaneceu, em maior parte, em silêncio. Os filhos e netos
questionaram e, a muito custo e insistência, e muitas vezes muito
tardiamente, se foi falado sobre todas as coisas terríveis que os alemães
haviam feito com os povos vizinhos. Desde então, muito foi superado e
esclarecido, mas ainda permanecem lacunas, feridas e distâncias. E elas vão
ficar por muito tempo, talvez para sempre.
Politicamente, o período
pós-guerra também não foi pacífico, visto globalmente. Quando as armas já
silenciavam na Europa, os Estados Unidos jogaram a bomba atómica no Japão. Depois vieram as guerras da Coreia e do Vietname, as guerras no Oriente Médio, os
regimes militares na América do Sul. Novos conflitos também eram percebidos na
vizinhança direta da Europa: a Iugoslávia se desintegrou sangrentamente em suas
nacionalidades; o ataque aos EUA em 11 de setembro de 2001 também atingiu
fortemente a Europa. Mas, durante muito tempo após a guerra, a grande maioria
desejava uma coisa acima de tudo: destruição nunca mais, nacionalismo nunca
mais!
Três estados da antiga Alemanha
Oriental vão às urnas e podem dar vitórias históricas à AfD, partido que abriga
políticos com ideias racistas e extremistas. O que explica essa inclinação
populista na região?
Sem o movimento por direitos
civis da antiga República Democrática Alemã (RDA), a Alemanha seria bem
diferente hoje em dia. Há 30 anos, dezenas de milhares de ativistas
contribuíram para a queda do Muro de Berlim e para a reunificação de um país
que esteve dividido por décadas. Cidadãos da antiga Alemanha Oriental foram às
ruas por mais liberdade e direitos humanos. Agora, às vésperas de eleições em
três estados do Leste, os slogans dessa época foram apropriados por outro
grupo.
Populistas de direita da Alternativa
para a Alemanha (AfD) fazem campanha com frases populares da revolução
pacífica que resultou no fim da RDA, como "O Leste levanta" ou
"Torne-se defensor dos direitos civis". Alemães vão às urnas para
eleições parlamentares regionais nos estados da Saxônia e de
Brandemburgo neste domingo (01/09), e na Turíngia no final de
outubro.
Os slogans escolhidos pela AfD
fazem referência aos anos pós-reunificação, que para muitos cidadãos da antiga
Alemanha comunista foram marcados por frustação, decepção e promessas não
cumpridas.
Afinal, o ditador que tanto batia
com a mão no peito e evocava deus e os santos a torto e à direita era um
toxicodependente, um "carocho", como chamam na gíria aos que usam
drogas e delas são dependentes por esta ou aquela razão, com este ou aquele
objetivo. Quem diria, o ditador até nem era exemplo para os que se iludiam e o
idolatravam, benzendo o seu regime fascista. Esta é a conclusão que retiramos
do que a seguir transcrevemos de "Palavra de Autor" no Expresso.
Salazar, o "carocho" de São Bento. Atente. (PG)
“Salazar injetava-se com
frequência” com um opiáceo “primo” da heroína
O Eucodal, medicamento injetável usado
por Hitler para ganhar vitalidade, nomeadamente no discurso eufórico em que
convenceu Mussolini a manter o apoio à Alemanha, durante a II Guerra Mundial,
também foi usado por Salazar. O seu nome aparece registado no diário do ditador
português em abril de 1956 e até à publicação de “A Queda de Salazar - O
Princípio do Fim da Ditadura” (Tinta da China, 2018) desconhecia-se tal facto.
A descoberta foi feita pelos jornalistas José Pedro Castanheira, António Caeiro
e Natal Vaz, e é apenas uma das novidades avançadas pela investigação que deu
origem ao livro. Neste episódio de Palavra de Autor, podcast sobre livros do
jornal Expresso, os três jornalistas leem passagens do livro e conversam com
Cristina Margato, revelando a face menos visível do ditador que tanto tempo
governou Portugal.
A Queda de Salazar – O Princípio
do Fim da Ditadura” começa no momento em que se inicia o declínio físico e
político de Salazar. Ou seja, a queda da cadeira no Forte de Santo António da
Barra, no Estoril, no verão de 1968, à qual se segue um AVC.
A partir desse acontecimento
Salazar dá lugar a Marcello Caetano no governo do país. Morre dois anos depois,
acreditando talvez que ainda é ele o Presidente do Conselho. Uma encenação que
se mantém até ao fim, e para a qual todos contribuem – nomeadamente o
Presidente da República Américo Thomaz, que nunca o informou da exoneração e a
governanta do ditador, D. Maria – por receio de que a verdade pudesse
precipitar a morte de Salazar.
Este episódio de Palavra de Autor
tem como convidados três jornalistas, José Pedro Castanheira, António Caeiro e
Natal Vaz, autores da investigação que conduziu ao livro.
Tantos anos depois, cinquenta,
ainda há surpresas a descobrir: como a visita de Marcello Caetano logo após a
cirurgia de Salazar ao hematoma que a queda provocou; ou a ata do Conselho de
Estado que o Presidente da República Américo Thomaz convocou antes de nomear o
novo Presidente de Conselho.
*José Pedro Castanheira é
jornalista desde 1974, trabalhou em "A Luta", "O Jornal" e
o Expresso. António Caeiro iniciou-se como jornalista em 1975 e trabalhou na
Lusa até 2015. Natal Vaz entrou para uma redação em 1972, e trabalhou na Lusa.
Salazar e Aristides de Sousa Mendes. Da repressão à liberdade em apenas 22 km
No Vimieiro e em Cabanas de
Viriato avançam projetos para a construção de um "centro
interpretativo" e de uma casa-museu que querem recuperar a memória de
António Oliveira Salazar e de Aristides de Sousa Mendes. Mundos opostos que se
cruzam.
“Eis o mus" e só se
adivinham as outras duas letras, "eu", muito apagadas, com uma seta a
apontar para a porta verde da casa branca, um piso térreo com a marca do tempo,
uma janela partida, a caliça caída, que só a placa escura resgata do esquecimento
- para curiosos e devotos. "Aqui nasceu em 28-4-1889 Dr. Oliveira Salazar
um Senhor que governou e nada roubou" e a bandeira portuguesa inscrita. Há
ideias feitas que perduram. Como a ideia de um museu, que não será museu, alimentando a polémica há semanas e cujo projeto será
apresentado na próxima quarta-feira, 4 de setembro.
"A polémica só acontece
porque vivemos em democracia", atira em jeito de saudação Rui Oliveira, 66
anos, presidente da Junta de Freguesia de Óvoa e Vimieiro. "A
controvérsia é saudável, se vivêssemos em ditadura seria diferente." Nesse
tempo, no tempo de quem ali nasceu, naquele lugar de Vimieiro, concelho de
Santa Comba Dão, "quem estivesse contra ia para o Tarrafal", recorda,
referindo-se ao campo de concentração em Cabo Verde para opositores políticos à
ditadura do Estado Novo.
A democracia tem esta virtude: as
opiniões diferentes são acolhidas, ninguém é preso nem morre por as defender.
Para Rui Oliveira, o futuro Centro Interpretativo do Estado Novo, que a Câmara
Municipal de Santa Comba Dão quer instalar na antiga Escola-Cantina Salazar no
Vimieiro, "devia ter à entrada uma foto de Salazar ou de uma das suas
obras e ao lado a foto de Humberto Delgado a dizer que foi morto por
Salazar". "O homem não era um santo", completa o autarca
socialista sobre o antigo presidente do Conselho, enterrado no cemitério da
aldeia, para defender que "um homem só não faz um regime, toda a máquina
funcionava". Mas, garante Rui Oliveira, esse centro "nunca será
um oratório de Salazar".
Nem lhe chamem museu. O
presidente da câmara, Leonel Gouveia, ausente de Santa Comba Dão, não quer
falar mais, como a funcionária da autarquia que atende o DN a remeter para o
comunicado emitido a 24 de agosto sobre o assunto e a corrigir o jornalista quando
se fala em "museu".
No comunicado, Leonel Gouveia,
também socialista, sublinhou que "conscientes das notícias, muitas delas
descontextualizadas, que recentemente davam como certa a criação, em Santa
Comba Dão, de um museu dedicado a António de Oliveira Salazar, vem a Câmara
Municipal de Santa Comba Dão, em nome da verdade, informar o seguinte: jamais
esta autarquia teve intenção de promover a criação do denominado "Museu
Salazar"".
Na avenida com nome de ditador,
Rui Oliveira conduz o DN até à escola que será o futuro centro interpretativo,
registando que os "saudosistas" que ali vêem "são minorias
insignificantes". E recorda um evento recente em que estiveram "não
mais de 40 pessoas... saudosistas".
O secretário-geral socialista
exaltou os valores do défice das contas públicas, mas não referiu que o outro
lado da moeda dessas contas são os inúmeros serviços públicos que ficaram sem
investimento.
O PS fez, este sábado, a sua
rentrée política, na Madeira, tendo em conta as eleições legislativas de 6 de
Outubro e as da Assembleia Legislativa daquela Região Autónoma, que se realizam
a 22 de Setembro, e nas quais os socialistas têm como objectivo a retirada da
maioria absoluta ao PSD, com ou sem o CDS-PP.
Perante uma larga plateia, com
candidatos e dirigentes regionais e nacionais, António Costa sublinhou, na sua
intervenção, que é preciso manter no País a «continuidade da boa governação que
tem dado bons resultados».
O líder do PS, considerou ainda,
a propósito dos «desafios do País», que «a regra de qualquer boa governação é
ter as contas certas» e um «orçamento equilibrado», prosseguindo a narrativa de
que os partidos de esquerda têm ambições despesistas.
Perante o balanço positivo que o
PS faz da sua governação, os socialistas não partilharam créditos, e tão pouco
se referiram ao facto de que muitas das medidas sociais e económicas benéficas
para as populações e o seu ritmo de aplicação lhes terem sido impostas pelas
lutas sociais e pelos partidos à esquerda no parlamento – a título de exemplo,
recorde-se o aumento das pensões, o reforço do subsídio de desemprego, a
melhoria dos apoios sociais às famílias, a reposição salarial e o
descongelamento de carreiras, a diminuição dos impostos sobre os trabalhadores,
os manuais escolares gratuitos e o aumento do salário mínimo nacional.
A descida ao inferno do PSD
continua, mês, após mês. Na mais recente sondagem da Pitagórica para a TSF e
para o JN, o partido liderado por Rui Rio volta a perder intenções de voto,
desta vez, a favor do Aliança e do Iniciativa Liberal. PS dá mais um passo rumo
à maioria absoluta.
Quanto mais a luta aquece, mais
perto da maioria absoluta está o PS. E quanto mais o tempo passa, mais o PSD se
afunda nas sondagens. A "narrativa" tem vindo a ser construída ao
longo dos últimos cinco meses. Se em abril o Partido Socialista tinha 37,2% das
intenções de voto, em agosto chegou aos 43,6%. É uma subida de 6,4 pp em apenas
150 dias. De julho para agosto, o PS cresce mais 0,4 pp.
Em sentido contrário, o PSD
continua em queda acelerada. De abril a agosto, os sociais-democratas já
perderam 5,2 pp (de 25,6% para 20,4%). E as eleições são já daqui a pouco mais
de um mês. Na mais recente sondagem da Pitagórica para a TSF e para o JN, o PSD
volta a deslizar 1,2 pp para os 20,4% de intenções de voto. E não é preciso
procurar muito, para saber onde param estes eleitores que o Partido Social
Democrata está a perder.
Muitos continuam, claramente a ir
para o PS. Mas outros tantos estão a dispersar-se por partidos do
centro-direita, que acabaram de chegar à política portuguesa: o Aliança e o
Iniciativa Liberal (IL). O partido de Pedro Santana Lopes volta a surgir no
estudo de opinião da Pitagórica, com fortes possibilidades de eleição. 1,5% de
intenções de voto, que representam um crescimento de 0,3 pp, face à sondagem de
julho. Mas a grande surpresa, este mês, vem do Iniciativa Liberal. O partido
liderado por Carlos Guimarães Pinto aparece, pela primeira vez, com fortes
probabilidades de ganhar um assento na Assembleia da República. Em agosto, o IL
alcança 1,3% de intenções de voto, o que representa um crescimento de 0,5 pp
face a julho e 0,8 pp face a abril.
Rui Rio passou temas quentes em
revista, deu motivos para não votar no PS e até homenageou o poeta António
Aleixo. Do Pontal, sai ainda uma declaração de guerra e um prémio para os
socialistas.
Vai ser uma guerra daquelas de
que Rui Rio gosta, palavra de líder social-democrata. O dossiê é o da
descentralização e que até foi alvo de acordo entre governo e
sociais-democratas nesta legislatura, mas o trabalho feito está longe de estar
completo.
"Vamos comprar uma guerra
daquelas que eu gosto, vamos comprar uma guerra pela descentralização, pela
desconcentração, vamos afrontar, se necessário for, interesses instalados em
nome de um país mais equilibrado", defende Rui Rio no comício que marca a
rentrée política do PSD.
O presidente do partido sublinha
a injustiça territorial de Portugal - "algo que já toca a estupidez" -
com a concentração que existe nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto em
contraste com a desertificação do interior. "Isto degrada a vida das áreas
metropolitanas e degrada a vida no interior, é difícil mas tem de acabar",
nota Rio que tem uma farpa para António Costa, cujo nome nunca referiu ao longo
de mais de meia hora de discurso. "O secretário-geral do Partido
Socialista vai fazendo a estrada nacional 2 mas depois, quando interrompe o
percurso e se senta na cadeira de primeiro-ministro, esquece em larga medida
aquilo que vê porque, se não esquecesse, tinha tomado as medidas que deveriam
ser tomadas no sentido de começarmos a caminhar ao contrário", frisa.
O problema da Direita não é Rui
Rio, embora as elites não gostem do "parolo do Norte", como o chamam
em surdina, e o seu ar de autossuficiência apartidário não ajude. O problema da
Direita, protagonizada pelo PSD, é que lhe falta tudo, a remoer na herança de
Passos Coelho e repleta de líderes órfãos.
Não tem discurso. Não se
vislumbra um projeto político diferente e melhor do que o dos socialistas. Não
está mobilizada. Divide-se no ruído de putativas lideranças que ainda não
perceberam o risco de chegar a 6 de outubro com um partido nos mínimos. E com
pouco para liderar depois das eleições.
A última sondagem da Pitagórica
para o JN e a TSF (sim, as sondagens valem o que valem, mas quanto a serem
encomendadas estamos no mesmo domínio do delírio de quem acredita em bruxas), a
cinco semanas das eleições, deveria ser suficiente para fazer soar as
campainhas.
O bloco tradicional (PSD + CDS)
já só vale 25,3% (teve mais de 38% em 2015, quando a austeridade ainda parecia
um fosso sem fundo). Ou seja, perde mais de 13 pontos relativamente às últimas
legislativas. E quase sete pontos desde que começou este ciclo de sondagens, em
abril.
O retrato só melhora se somarmos
dois novos partidos, o Aliança e a Iniciativa Liberal. Chega aos 28,1%, mas,
mesmo assim, representa uma queda de mais de dez pontos percentuais comparando
com as eleições de 2015.
Portanto, em queda e
simultaneamente a fragmentar-se, restando um partido de média dimensão (o PSD,
a rondar os 20%) e três pequenos partidos (o CDS com 4,9%, o Aliança com 1,5% e
o Iniciativa Liberal com 1,2%), não sendo sequer possível dizer ainda se estes
chegarão ao Parlamento.
O diabo, se vier pela confirmação
das sondagens em urna, é o PSD entrar numa crise profunda, com menos
militantes, menos subvenções estatais, uma estrutura pesada e uma guerra de
lideranças difícil de superar. O diabo, para a Direita, é um Parlamento quase
unicolor, com o sistema partidário a perder pluralidade, e na expectativa de
que a Esquerda volte a desaprender a dialogar. Rio remete para as bruxas. Resta
saber se está preparado para o diabo.
Foi terra de deportados políticos
e presos de delito comum que, condenados a trabalhos forçados, caíam como
tordos, vítimas de malária, picadas de cobra, difteria e outras maleitas do
equador. Agora é um território francês, encravado entre o Brasil e o Suriname.
Este território, vital para os programas espaciais da França e da União
Europeia, está na origem da guerra de palavras entre os presidentes francês e
brasileiro
A guerrilha verbal entre Jair
Bolsonaro e Emmanuel Macron tem razões políticas, diplomáticas, estratégicas e
territoriais, que escondem uma disputa territorial que vem do tempo da
colonização. O assunto é de tal forma pertinente que o jornal francês “Le Figaro”
o destaca num artigo do escritor Sébastien Lapaque, intitulado “A terceira ‘guerra’ franco-brasileira da história”.
Nesse texto, Lapaque recorda que
a “França e o Brasil nunca serão indiferentes um ao outro. Muitas memórias
comuns unem as nossas duas pátrias, das profundezas míticas do século XVI, para
que as nossas relações sejam estabelecidas um dia sem paixão. História, arquitetura,
literatura, música, futebol: tudo nos une. Este corpo-a-corpo testemunha a mais
importante fronteira terrestre da França, os 730 quilómetros que
separam o Estado do Amapá e a Guiana” francesa.
(Texto parcial)
Manuela Goucha Soares | Expresso
| Foto: Vista da capital da Guiana Francesa, Cayenne | Getty
Para continuar a ler o artigo,
clique AQUI
(acesso gratuito: basta usar o código que está na capa da revista E do
Expresso. Pode usar a app do Expresso - iOS e Android - para descarregar as edições para leitura
offline)
Líder do Partido Trabalhista saiu
à rua para se juntar aos milhares de britânicos que nesta tarde protestaram
contra a decisão de Boris Johnson em suspender o Parlamento britânico no
período que antecede o Brexit. E deixou recados.
Jeremy Corbyn foi dos políticos
britânicos que saíram à rua para se juntar aos protestos anti-Brexit. O líder
do Labour, que discursava em Glasgow, na Escócia, na George Square, dirigiu-se
especificamente ao primeiro-ministro, Boris Johnson, dizendo-lhe: "Nem
pense que nos tira da UE sem acordo, vamos travá-lo. Dê ao povo os seus
direitos e deixe-o definir o seu futuro."
Corbyn manifestou ainda, perante uma multidão, sentir-se orgulhoso por estar
ali e ter aquele apoio. Voltando a repetir: "Nem pense, é o nosso
Parlamento." O líder dos trabalhistas referia-se assim à decisão tomada
pelo primeiro-ministro, nesta semana, e já aceite pela rainha, de suspender o
Parlamento por dois meses, prazo que antecede o Brexit.
O trabalhista referiu ainda que
os protestos que se registaram em mais de 30 cidades do Reino Unido e que
levaram milhares à rua "são uma demonstração de como as pessoas estão
revoltadas com o que está a acontecer".
As vozes dos trabalhistas
fizeram-se ouvir hoje contra Boris Johnson. John McDonnell, que discursou em
Londres, junto a Downing Street, acusou mesmo o primeiro-ministro de ser
"um ditador". Lembrando que no passado "já derrotámos ditadores.
Por isso, também derrotamos o ditador Johnson".
Com pouco tempo restante para a
saída oficial da União Europeia (UE), e com limitações jurídicas que reduzem o poder do Parlamento
legislar para barrar uma eventual saída sem acordo, os Partidos de oposição
ao governo britânico se articulam para impedir que o país saia abruptamente no
dia 31 de outubro*. Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista (Labour Party),
o maior Partido de oposição no Parlamento, propôs um plano para um voto de não-confiança** ao governo
de Boris Johnson. De acordo com o plano, Corbyn lideraria um Gabinete
temporário com o objetivo de conseguir uma extensão ao prazo de saída junto à
UE e, por conseguinte, a convocação de novas eleições gerais.
O grande entrave se encontra na
baixa aceitação da figura de Jeremy Corbyn como líder de um possível governo
temporário. Ele foi alçado líder do Labour Party em 2015 com o apoio
de mais de 250 mil correligionários. Apesar de ocupar cargo de membro do
Parlamento desde 1983, Corbyn nunca fez parte dos quadros principais de
liderança do Trabalhista, pelo contrário, ele foi um dos parlamentares que mais se
opôs às propostas de seu próprio Partido. A sua eleição em 2015
representou um direcionamento mais à esquerda em relação às tendências mais
liberais dos governos de Tony Blair e Gordon Brown.
Após os recentes ataques
israelitas contra o Líbano, a Síria e o Iraque, o Oriente Médio foi envolvido
numa guerra não declarada.
Quase todo a gente no Líbano parece concordar. "Desta vez, Israel foi
longe demais. Em apenas dois dias, bombardeou três países", disse-me
um funcionário local da ONU com sede em Beirute.
No mesmo dia, meu barbeiro local dizia como via as coisas, com voz cheia de
sarcasmo e determinação:
"O primeiro-ministro
israelita Benjamin Netanyahu enfrenta eleições difíceis em casa, enquanto sua
esposa está a ser julgada por fraude. Um bocado de excitação durante o
noticiário da noite só pode ajudar suas probabilidades de recuperar a atenção
de seu eleitorado. Mas nós aqui já tivemos o quanto baste; estamos prontos para
combater pelos nossos países. "
Mas "combater pelos seus
países" pode demonstrar-se letal, pois Netanyahu ameaçou atacar o Líbano
como um todo se o Hezbollah decidir retaliar.
Meu barbeiro não é apenas barbeiro. Ele é um engenheiro sírio, exilado no
Líbano. Toda a região está dispersa, descarrilada e entrelaçada, após ataques
da NATO e de Israel, ocupações e campanhas de desestabilização.