Pedro Ivo Carvalho* | Jornal de Notícias | opinião
Ao ouvirmos determinadas coisas
da boca de alguns agentes políticos ficamos com aquela sensação de torpor
típica dos domingos à tarde, em que comemos um pouco mais e acabamos por ficar
menos reativos. A semana que passou foi pródiga em momentos anestesiantes e
inconsequentes. Começámos por ouvir a ministra da Saúde (há quatro anos no
cargo) a anunciar, com pompa, uma comissão para acompanhar a resposta das
urgências de ginecologia e obstetrícia, a abertura a acordos com os setores
privado e social (depois da asneirada com o fim das PPP hospitalares) e a
revisão da remuneração médica em serviço de urgência. Marta Temido dirigiu-se
ao país com solenidade, como se tudo fosse uma enorme surpresa, como se não
houvesse, há anos, suficientes sinais sonoros da longa degradação do Serviço
Nacional de Saúde. Depois, entrou
A semana não terminou sem que a
diretora-geral da Saúde tratasse mais uma vez os portugueses como crianças de
colo, ao pedir-lhes o enorme favor de não padecerem em agosto, porque esse é o
pior mês para "se ter acidentes ou doenças". Durante a apresentação
do Programa Juntos por um Verão Seguro, Graça Freitas aconselhou ainda os
cidadãos a ligarem o ar condicionado em locais fechados, a beberem água quando
está calor e a evitarem o bacalhau à Brás nos piqueniques de família: "É
uma coisa pré-feita de manhã, aquece-se, não chega a aquecer e os ovos são uma
cultura de salmonela". Não satisfeito, o presidente da República reforçou
a mensagem: "Cada qual fará o esforço para não estar doente, por si mesmo,
e para não pressionar o cuidado da saúde dos outros". Por isso, já sabe:
neste verão, fique
*Diretor-adjunto
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