segunda-feira, 15 de maio de 2023

Angola | FUNDAÇÃO SAVIMBI E PERFIL DO HITLER – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os rendimentos de uma fundação provêm das contribuições dos seus doadores que são recompensados integrando o conselho de curadores. O objecto social é definido nos estatutos. Esteves Pena (Kamy) é sobrinho do criminoso de guerra Jonas Savimbi. Na sequência da conversa entre Samakuva e João Lourenço, ele explicou que o tio “era uma pessoa que sempre apostou na formação dos homens. Para a criação de uma fundação com o seu nome, há variadíssimas ideias, mas uma das ideias é criar bolsas de estudo para ajudar as pessoas que querem estudar”.

O Hitler apostou imenso na formação de homens ajudando-os a chegarem rapidamente a cadáveres. A primeira coisa que os alemães fizeram depois da sua morte, foi criar uma fundação para a sua obra não morrer. Assim nasceram os cabeças-rapadas e a União Europeia está cheia de estudiosos à imagem e semelhança do mestre. Se ainda fosse vivo, a Úrsula von der Leyen era a sua favorita.

O Salazar também apostou na formação dos homens na universidade da PIDE onde Jonas Savimbi foi aluno de excelência. Os mais destacados iam para os campos de concentração no Portugal de Minho a Timor. O meu pai foi tão bom aluno que lhe arrancaram os dentes da frente, durante uma aula prática de tortura. No dia seguinte à morte de Salazar foi criada uma fundação com o seu nome. Os sicários da UNITA fizeram, com o seu apoio, muitos doutoramentos em terrorismo, extorsão, roubo e destruições, Não foi por acaso que a rebelião armada do criminoso de guerra teve todo o apoio em Portugal, que é cada vez mais uma grande fundação salazarista. Paz à alma do 25 de Abril.

Os Estados costumam financiar as fundações. Com toneladas de dinheiro, quando interessam aos políticos de turno, ou com isenções fiscais. A Fundação Jonas Savimbi vem mesmo a calhar. João Lourenço vê-se livre da Fundação Dr. António Agostinho Neto e oferece os restos dos “activos recuperados” ao empresário Carlos São Vicente à nova e prestimosa instituição. 

Sem se deter, o chefe assina um decreto presidencial extinguindo a Fundação José Eduardo dos Santos e entrega o seu património aos curadores savimbistas. O dinheiro escondido pela UNITA oriundo dos diamantes de sangue vai ser lavado na Fundação Jonas Savimbi. O FMI declara que Angola esta no bom caminho. Aquela flausina holandesa, que rebaixa a União Europeia em Luanda, grita Kwacha Angola! O Banco Mundial manda umas carradas de fotocópias de dólares (se hão-de ir para o lixo…) e o Grupo Carrinho vai comprar o milho de Cacuso a prestações suaves. Estou a trabalhar mais e informar melhor.

Os pasquins a soldo de vários donos dão conta que a Fundação Jonas Savimbi só ainda não começou a lavar dinheiro dos diamantes de sangue nem recebeu os activos das futuras extintas fundações Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos porque o ministro Marcy Lopes meteu o projecto no congelador. Se é verdade, finalmente alguém no Executivo ganhou juízo, desde o titular daquele poder ao mais humilde secretário de estado.

Hitler Samussuku, do braço terrorista da UNITA, publicou no Club K “Angola o perfil de um ditador”. Aquilo está escrito numa língua estranha mas muito parecida com o português. No final consegui decifrar tudo e fiquei sem vontade de nunca mais voltar a nomear o Presidente João Lourenço, mesmo sabendo que ele precisa de saber o que está a fazer mal, para passar a fazer bem. Que se lixe! Não posso correr o risco de ser equiparado ao terrorista da UNITA. 

Impossível reproduzir o que escrevinhou o Hitler galináceo. Graves atentados à honra do Chefe de Estado. Gravíssimos ataques ao seu bom nome e consideração social. Falsificação da sua história pessoal. Violação da sua privacidade e da esfera pessoal. Mentiras e falsificações grosseiras tão ao gosto do Galo Negro. Se alguém publicasse esse “perfil” nos EUA e a vítima fosse Joe Biden, o autor ia preso. Se num país do ocidente alargado alguém se atrevesse a cometer tão graves crimes contra um Chefe de Estado, ia passar alguns anos na cadeia. 

Em Angola aconteceu e não há a mínima reacção. O ministro da comunicação social está a tratar das telecomunicações e do ciberespaço. O Pita Grós está filado na “recuperação de activos” e ainda ninguém lhe disse que ofender o Chefe de Estado é um crime público. Angola é o paraíso dos abusos de liberdade de imprensa. Mas convém não exagerar tanto.  

Um herói do chamado grupo 15 Mais 2 deu com a língua nos dentes e revelou que os “activistas” se calaram porque receberam casas. Mas alugaram-nas e voltaram às kibangas da UNITA. Disse o revu: “Nos deram casas, tudo bem. Mas tenho que pagar taxa de condomínio, água, luz, empregada, sem emprego vou fazer como, por isso aluguei a minha casa”. Este não chegou a deputado da UNITA. Se tiver sorte ocupa o lugar do Justino Pinto de Andrade. já confunde as funções fisiológicas e puxa da gravata quando vai ao urinol. Depois sacode o nariz para se libertar da última pinga.

A médica Faustina Alves de Sousa demitiu-se da direcção do MPLA para concorrer a presidente da Cruz Vermelha. Um gesto honrado, para não partidarizar a instituição. Os pasquins de vários donos deram assim a notícia: “Dirigente abandona o MPLA”. A candidata Delfina Cumandala ganhou as eleições. Os assassinos do Jornalismo escreveram: MPLA cilindrado nas eleições da Cruz Vermelha!

Um tal Ramiro Aleixo escrevinhou que o presidente do Tribunal Supremo não é honesto. E depois de uns quantos insultos rematou:  “Joel Leonardo não tem nível nem postura para ser jurista e menos ainda presidente do Tribunal Supremo ou sequer, estar associado à academia”. Se alguém nos EUA ou em qualquer país do ocidente alargado escrevesse isto era logo alvo de um processo-crime. Em Angola, paraíso dos abusos de liberdade de imprensa, zero!

O chefe da juventude da UNITA, Nelito Ekuikui, afirmou que a anunciada manifestação (marcha pacífica) de militantes do Galo Negro contra Adalberto da Costa Júnior “é um plano do MPLA de combate até à exaustão do nosso presidente”. O terrorista Nelito Ekuikui deu mais força ao desvario: “A Manifestação não passa de um plano vergonhoso do regime do MPLA contra Adalberto Costa Júnior”. Informem o jovem terrorista que o regime do MPLA é a democracia representativa. Fora quem está contra e luta pelo regresso às fogueiras da Jamba, ao colonialismo e ao regime racista de Pretória. Felizmente, ainda há jovens na UNITA que têm cabeça, tronco e membros.

* Jornalista

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