Artur Queiroz*, Luanda
O império português caiu de podre. Eu vi os primeiros sinais do desabamento. O governador e a PIDE expulsaram o juiz Albertino Almeida por ser juiz. Um sinal de que o sistema de Justiça em Angola estava a ficar fora de controlo do regime. A comissão de censura deixou passar uma reportagem assinada por Jaime Saint Maurice, publicada na revista “Notícia” sobre a morte de crianças institucionalizadas. Morreram porque lhes lavaram a cabeça com um insecticida potente, para lhes matarem os piolhos. Eram crianças negras. Taxistas incendiaram casas e mataram os seus moradores no Cazenga. Foram presos e levados a Tribunal. Os dirigentes das actividades económicas cortaram com a “metrópole”.
Os chefes locais do regime
colonialista começaram a aldrabar os patrões
O sinal mais evidente aconteceu nas páginas da revista “Notícia”. O jornalista João Fernandes entrevistou o comandante-em-chefe da Região Militar de Angola, General Costa Gomes. Um caderno completo! O chefe máximo das forças armadas portuguesas disse isto: “É impossível ganhar militarmente uma guerra de guerrilhas”. O entrevistador perguntou: Então como se vai resolver a guerra em Angola? Costa Gomes respondeu: A História Universal ensina-nos que uma guerra de guerrilhas só tem solução política”. Lisboa recusava “negociar com terroristas os destinos da pátria”. O general foi recambiado para a “metrópole”.
O estado terrorista mais perigoso do mundo ainda auxiliou Lisboa a manter o império de pé. O aparecimento da Revolta do Leste foi o primeiro sinal desesperado para destruir o MPLA, vanguarda da luta armada de libertação nacional. A UNITA foi reactivada para ocupar o espaço que fosse deixado pela guerrilha. Savimbi não tinha capacidade militar. Era um logro. Nada resultou. O Movimento das Forças Armadas (MFA), liderado por Otelo Saraiva de Carvalho, deu o sopro final no regime colonialista e fascista. O império ruía.
A velha guarda do regime ainda
tentou uma solução
Em Angola, o império ruía e os colonialistas formaram esquadrões da morte contra civis indefesos. Os Media exigiam que o governo de Lisboa ignorasse os “movimentos terroristas” e dialogasse com os partidos que nasciam todos os dias como cogumelos. Foram surpreendidos pelo Movimento Democrático de Angola (MDA), integrado por figuras progressistas angolanas e portuguesas, a favor da “independência total e completa”. Só perceberam que estavam perdidos quando as estruturas do Poder Popular assumiram a defesa das populações dos musseques de Luanda. Não ouviam as palavras, ouviram os tiros e os rebentamentos das granadas. No dia 11 de Novembro de 1975 o império colonial português acabou.
Hoje vejo o mesmo em Telavive, Casa Branca, Londres, Paris, Berlim e Bruxelas. O navio está a afundar-se mas a orquestra continua a tocar e os passageiros dançam, bebem e conversam despreocupadamente. Nem dão conta que já bateram no imenso iceberg que se formou no Médio Oriente, no Mundo Árabe e nas opiniões públicas do ocidente alargado devido à arrogância de um país que ignora as Resoluções da ONU, atropela o Direito Internacional e Humanitário, comete crimes de guerra e contra a Humanidade, cria milhões de refugiados palestinos e entrou na “solução final: Limpeza étnica e o genocídio de um povo.
A Alemanha recorda hoje o dia em que os nazis iniciaram em Berlim a deportação de 160.000 judeus para os campos de concentração. Este crime hediondo decorreu entre 1941 e 1943. No dia 9 de Outubro de 2023, os seguidores de Hitler em Telavive ordenaram a mais de um milhão de palestinos a sua deportação voluntária do norte para o sul da Faixa de Gaza, em apenas 24 horas. Quem não obedeceu está a ser morto. O campo de refugiados de Jabalia tinha 108.000 palestinos. Quem não obedeceu às ordens de Telavive morreu. Ontem o campo foi completamente arrasado pela aviação de Israel. Biden deu luz verde.
Os líderes religiosos cristãos de Jerusalém denunciaram que três dias antes do massacre no hospital da cidade de Gaza Israel bombardeou-o e causou-lhe danos. Denunciaram mais: Outras unidades de saúde já foram bombardeadas. A ONU e a Organização Mundial de Saúde (OMS) fizeram as mesmas denúncias. São todos terroristas do Hamas. Estes crimes contra a Humanidade na Palestina são executados pelos sionistas de Telavive. Mas têm mandantes: O trio assassino Biden, Blinken Austin, Úrsula von der Leyen, Roberta Metsola, Olaf Scholtz, Rishi Sunak. Foram a Telavive caucionar o genocídio na Faixa de Gaza.
Joe Biden deu ordens e na noite passada a aviação israelita atingiu “centenas de alvos” na Faixa de Gaza. A cidade de Khan Younis foi arrasada. Fica no sul, para onde os sionistas deportaram mais de um milhão de palestinos. Assim matam mais porque estão mais concentrados. Os serviços secretos de Israel e dos países europeus distribuíram pelos Media uma informação sensacional: No bombardeamento ao hospital de Gaza morreram no máximo 50 pessoas e não 500. Quando as vidas humanas são tratadas assim, os Media e os governos do ocidente alargado, para serem completamente nazis só lhes faltam as penas.
À hora
A UNITA continua a sua cruzada contra os órgãos de soberania e seus titulares. A última vítima é Carolina Cerqueira, presidente da Assembleia Nacional. O sicário Liberty Chiyaka ameaçou-a com o Tribunal. Depois queixam-se da politização da Justiça. Ainda não perceberam que se Angola entrar por esse caminho o Galo Negro nem para muamba fica.
* Jornalista
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