sexta-feira, 1 de setembro de 2023

A AMAZON AO SERVIÇO DO APARTHEID ISRAELITA

Desde 2014, corporação despeja bilhões em empresas ligadas ao Exército de Israel. Visa ajudar a expandir projetos de IA para ultravigilância, de drones militares e até “robôs-snipers” autônomos. Objetivo: “limpar” aldeias e cidades palestinas

Ahmad Ibsais, na Jacobin Brasil | em Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil

“Onde está Ahmad?”. As forças militares israelenses exigiram após embarcar em um ônibus de Ramallah em direção a Jerusalém.

Eles estavam me procurando.

Como palestino de dupla nacionalidade com um documento de identificação palestino, não posso visitar áreas da Palestina ocupada sem uma autorização especial chamada Tasree7, que demora vários meses para ser obtida.

Após me localizarem no ônibus, as forças israelenses me removeram violentamente; um soldado armado então escaneou meu rosto, passaporte e outras informações pessoais e me disse que as informações serão “gravadas permanentemente” em seu sistema e usadas contra mim se eu tentar fazer a viagem novamente. (Eu estava em uma peregrinação religiosa para orar na Mesquita de Al-Aqsa.)

Meu tratamento não foi uma anomalia. O Estado e a ocupação do apartheid de Israel estão sendo patrocinados por gigantes da tecnologia, com inteligência artificial (IA) e outras tecnologias de vigilância usadas para aprofundar a repressão de longa data aos palestinos. Na Operação Guardião dos Muros de 2021, que viu Israel bombardear a Faixa de Gaza com ataques aéreos, deixando mil palestinos deslocados e 256 mortos, “a IA foi um multiplicador de forças”, de acordo com uma autoridade israelense.

ELIMINAR MERCENÁRIOS ESTRANGEIROS É PRIORIDADE MÁXIMA PARA A RÚSSIA

Lucas Leiroz* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

O recrutamento de mercenários estrangeiros tornou-se comum para o regime de Kiev. Com as suas tropas enfraquecidas e incapazes de substituir as vítimas, a Ucrânia concentra-se na contratação de soldados estrangeiros na sua chamada “Legião Internacional”. Em resposta, a eliminação das tropas estrangeiras tornou-se uma prioridade para Moscovo. Sendo a prática mercenária ilegal, estes militares estão excluídos das normas estabelecidas pelas Convenções de Genebra e outros acordos internacionais que impõem limites às ações militares, razão pela qual é legítimo não só atacá-los, mas também prendê-los e condená-los em tribunal em caso de captura.

Na verdade, a chegada constante de mercenários já se tornou um problema grave na Ucrânia. O regime parece cada vez mais interessado em procurar uma fonte externa de recursos humanos para continuar a travar a guerra por procuração da OTAN contra a Rússia. A Ucrânia não tem forças de reserva suficientes para continuar a combater a longo prazo, uma vez que as perdas são pesadas e contínuas. Assim, Kiev procura recrutar o maior número possível de estrangeiros, prometendo aos mercenários recompensas como salários elevados e cidadania ucraniana.

Muitas vezes, estas  promessas  não são cumpridas, sendo os soldados enganados e não recebendo o dinheiro prometido. Com a sua economia devastada pelas consequências do conflito e o Estado controlado por uma complexa rede de funcionários corruptos, a Ucrânia não consegue pagar os salários de todas as tropas, o que resulta em incumprimentos. Portanto, apesar do número de mercenários continuar a aumentar, têm surgido cada vez mais rumores sobre  conflitos de interesses  e disputas internas, com soldados estrangeiros a recusarem-se a  arriscar as suas vidas  em algumas missões perigosas.

Existem muitos tipos diferentes de mercenários nas tropas ucranianas, no entanto a maioria deles é caracterizada por um aspecto comum, que é a ligação anterior a ideias extremistas, racistas, ultranacionalistas e práticas terroristas. Moscovo tem trabalhado intensamente para identificar estrangeiros que se juntaram a Kiev, razão pela qual se sabe que quase todos os militantes pró-Ucrânia estão de alguma forma ligados a estas ideologias nos seus países de origem.

Islâmicos radicais, neonazistas, ultradireitistas e outros grupos semelhantes estão entre os mais procurados pela inteligência ocidental para serem recrutados para servir na Ucrânia. Estes militantes são mais fáceis de serem doutrinados a odiar a Rússia e a lutar por Kiev, tendo até motivações extra-económicas para participar no conflito, uma vez que realmente acreditam que combater a Rússia é a “coisa certa a fazer”. Partilham a ideologia do Estado ucraniano pós-Maidan, tornando-se muitas vezes mais radicais do que os próprios soldados ucranianos, que são forçados a lutar independentemente da ideologia.

AIEA | Ucrânia tenta operação de bandeira falsa na central nuclear de Zaporozhye

Ucrânia tenta operação de bandeira falsa durante rotação de inspetores da AIEA na usina de energia de Zaporozhye

MOSCOU (Sputnik) – As Forças Armadas Ucranianas tentaram encenar uma operação de bandeira falsa durante o rodízio de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na Usina Nuclear de Zaporozhye, disse o Ministério da Defesa russo.

# Traduzido em português do Brasil

“Durante a travessia, o lado ucraniano tentou desacreditar as Forças Armadas da Federação Russa, garantes da segurança rotativa, colocando dispositivos que simulavam munições explosivas ao longo da rota dos inspetores”, disse o ministério.

Segundo o ministério, as Forças Armadas russas garantiram a condução segura da última rotação de observadores da missão da AIEA à central nuclear de Zaporozhye. Para o efeito, foi declarado um regime de cessar-fogo num raio de um quilómetro do ponto de transferência designado para os observadores, perto da ponte demolida na cidade de Vasilievka. Este cessar-fogo foi rigorosamente observado pelos militares russos.

As autoridades enfatizaram que, apesar das provocações levadas a cabo pelas forças ucranianas, “o pessoal militar russo garantiu com sucesso a transição segura dos observadores da missão e o seu transporte para a estação”.

A missão da AIEA consiste em cinco inspetores estacionados nas instalações para observar e avaliar as condições de segurança na Central Nuclear de Zaporozhye. Esses especialistas estão presentes na fábrica desde 1º de setembro de 2022, após a visita inicial do Diretor Geral da agência, Rafael Grossi.

Localizada na margem esquerda do rio Dnepr, perto da cidade de Energodar, a central nuclear de Zaporozhye é a maior da Europa em termos de unidades e capacidade instalada, com seis unidades de um gigawatt cada. A planta foi transferida para propriedade russa em outubro de 2022.

Enquanto isso, as forças ucranianas continuam a atacar Energodar e as áreas circundantes. O ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu, afirmou que o regime de Kiev está a tentar criar a ilusão de uma catástrofe nuclear, continuando a bombardear as instalações. Em resposta, a Agência Internacional de Energia Atómica apelou repetidamente ao estabelecimento de uma zona de segurança em torno da central.

Imagem: Sputnik

FANTOCHE

OSVAL, Cuba | Cartoon Movement

Para onde a inteligência artificial está nos levando?

A ENCRUZILHADA RUSSA -- Angeles Maestro

Angeles Maestro | O Diário | opinião

Na Rússia, é bem conhecida a frase atribuída a Pushkin: "Se queres ouvir disparates, deixa um europeu falar da Rússia". E é verdade, sobretudo no caso das elites políticas ocidentais. É provavelmente por isso que têm perdido guerra atrás de guerra contra a Rússia, apesar dos gigantescos aparelhos de guerra que têm instalado. 

Para as organizações políticas revolucionárias - sobretudo para aquelas que compreenderam a essência imperialista da guerra da NATO contra a Rússia, usando o fascismo ucraniano como aríete - é vital tentar analisar a complexidade e as contradições da Rússia de hoje, por muitas razões que não vou enumerar, mas acima de tudo porque ela está a actuar na linha da frente. Sem pretender compreender em profundidade os processos em jogo neste imenso país, creio que é possível traçar algumas linhas de estudo, tomando como referência analistas e escritores que, para além de se dedicarem de forma clarividente a desvendar a realidade do seu país, consideram, como a maioria da população russa e bielorrussa, que o colapso da URSS foi uma imensa catástrofe. Sem dúvida, o mais lúcido dos que pude consultar é Sergei Kurginyan, líder do movimento político "Essência do Tempo "1 , e remeto-me à sua análise em muitas das considerações que aqui transmito. Trinta anos após o colapso da URSS, a guerra na Ucrânia e, sobretudo, as possibilidades de esta se transformar num conflito de longa duração, estão a obrigar a sociedade russa a despertar de uma prolongada letargia baseada nas falsas ilusões de "aderir ao Ocidente" ou, pelo menos, de manter com ele relações amistosas. Além disso, a rebelião militar conduzida pelo líder do grupo Wagner, Yevgeni Prigozhin, em Junho passado, expôs fraquezas e contradições profundas na própria estrutura do Estado que, se não forem resolvidas de forma positiva, podem pôr em causa a vitória da Rússia numa longa guerra para além da Ucrânia, que é justamente vista como existencial. Sem entrar neste artigo a avaliar as causas internas e externas do colapso da URSS, gostaria de destacar alguns factos que ajudam a explicar a situação actual: a destruição da estrutura social foi feita em tempo recorde, o aparelho de Estado soviético foi demolido e substituído por outro pró-ocidental, milhares de empresas foram encerradas e grande parte delas privatizadas. As consequências foram brutais para a população. Segundo o CIDOB: "Em 1995, a taxa de mortalidade aumentou 70% em relação a 1989, atingindo a cifra de 2,2 milhões de pessoas por ano".2 Suicídios, assassínios, drogas, máfias, alcoolismo, abandono de crianças, morbilidade devida a doenças praticamente erradicadas, etc., reflectem o colapso total de uma sociedade. Estes factos não sucederam em toda a URSS. Na Bielorrússia, Lukashenko, vendo o desastre, não só não privatizou empresas e serviços, como anulou as poucas privatizações efectuadas. O gráfico abaixo, que relaciona a mortalidade por tuberculose entre os países da ex-URSS que seguiram as políticas do FMI (todos exceto a Bielorrússia) e os que não seguiram, é suficientemente explícito.

Portugal | PCP. Em queda nas sondagens, Raimundo estreia-se na Festa do "Avante!"

Paulo Raimundo estreia-se hoje a discursar na festa do PCP vestindo já farda de secretário-geral. O partido chega ao início do novo ano político com as sondagens colocando-o em pior situação do que nas legislativas de 2022. A prioridade imediata é combater o Governo, mais do que as "batalhas eleitorais".

No princípio, corria tudo bem. Paulo Raimundo foi eleito secretário-geral do PCP em 12 de novembro de 2022, sucedendo a Jerónimo de Sousa, que ocupou o cargo durante quase 18 anos. Na primeira sondagem publicada a seguir à sua eleição, da Pitagórica, para a TVI/CNN Portugal, com recolha de dados feita entre 11 e 17 de novembro, os comunistas duplicavam as suas intenções de voto, recolhendo 5,1%. No mês anterior outubro anterior estavam nos 2,6% (Intercampus).

Entretanto, o tempo passou. A princípio, Raimundo pareceu querer moderar a posição do partido sobre a guerra na Ucrânia. Mas depois voltou-se ao que era antes. Em abril, a líder parlamentar comunista dizia que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, "personifica um poder xenófobo e belicista, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e neonazi" e que "há oito anos ataca e massacra a própria população ucraniana na região do Donbass e elimina quem se lhe opõe", sendo que, ao mesmo tempo, "enaltece os colaboracionistas das SS nazis na II Guerra Mundial e branqueia as suas atrocidades cometidas contra as populações da Ucrânia e da Polónia".

Os comunistas regressaram à ortodoxia anti Kiev. Zelensky veio a Portugal, esteve no Parlamento - e a bancada do PCP ficou vazia. Há semanas, foi o único partido a votar contra a autorização parlamentar ao Presidente da República para ir à Ucrânia.

Longe vão os 5,6% da sondagem da Pitagórica publicada em novembro de 2022. Paulo Raimundo chega hoje ao primeiro dia da edição deste ano da Festa do "Avante!" com o partido nos 3,1% (sondagem da Intercampus feita na segunda semana de agosto). É menos que os 4,6% obtidos nas legislativas de janeiro de 2022.

Este será o primeiro "Avante!" em que Raimundo se apresentará como secretário-geral do PCP. O líder do partido é novo - mas o seu programa político será o de sempre. Como os seus antecessores, Raimundo tem dois discursos marcados: um hoje, de boas vindas aos visitantes, e outro no domingo, de lançamento do novo político.

Portugal | SAÚDE DA MAIORIA

Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

Um país que pede reformas estruturais encontra numa maioria absoluta uma oportunidade singular. Apesar dos eventuais e por vezes desejáveis pactos de regime, a desnecessidade de convocar consensos alargados para virar o jogo do avesso e mudar paradigmas é uma prerrogativa quase nuclear que um Governo maioritário não pode deixar de usar, respondendo antecipadamente ao jugo de quem o acusará de não ser capaz de aproveitar uma maioria para identificar e enfrentar os erros sistémicos, mudar e dar de novo. Uma maioria absoluta não pode ser uma absoluta oportunidade perdida.

No entanto, o pecado da gula alia-se facilmente à vontade de comer. É no exercício democrático participativo que uma decisão, seja ela qual for, deve encontrar âncora, senão fundação. Quando a Oposição acusa o Governo de secretismo à volta da reforma do SNS, atira ao processo. Quando a Oposição cala ou desconfia do mérito das propostas sem construir, ela mesmo, um modelo alternativo, vem confirmar a ideia de que um pacto de regime só raramente será possível num sistema de poder ainda bipartidário como o nosso

O novo desejo reformista que o Governo tem trilhado no SNS (à semelhança de algumas das medidas relativas à tentativa de regulação do mercado da habitação) promete ser âncora de mudanças e da prometida racionalização de recursos antecipada pela criação da Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (unidades de saúde local) há cerca de nove meses. O período de gestação aproveita os bons indicadores das ULS existentes, nomeadamente a excelente referência de Matosinhos (a primeira a entrar em funcionamento, em 1999). A reorganização dos hospitais, ARS e centros de saúde da mesma região em ULS (passarão de oito para 31), protagonizada por Manuel Pizarro e Fernando Araújo, permitirá planear e desenvolver respostas locais e regionais articuladas, sopesando o financiamento em função do número de doentes e das suas patologias, ultrapassando a aferição cega da quantidade de actos médicos como instrumento de análise.

Será também uma prova de vitalidade e saúde para a maioria. Há um conjunto de poderes e de negócios adquiridos que poderão ser postos em causa quando se restrutura um sector tão vital e orgânico como o SNS. Reformar, responder, racionalizar. Não faltarão vozes descontentes e gravemente afectadas pela ânsia reformista de quem toma decisões que, em última análise, contrariam a visão daqueles que, queixando-se da mudança, preferiam ver o SNS morto e enterrado.

*Músico e jurista

*O autor escreve segundo a antiga ortografia

Portugal | À DIREITA TUDO NA MESMA

Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | GOVERNO AMEAÇA ALÍVIO DAS FAMÍLIAS

A gratuitidade dos manuais escolares fez de Setembro um mês mais fácil para milhares de famílias. Com a reutilização dos manuais no primeiro ciclo, o Governo ameaça uma das maiores medidas dos últimos anos. 

AbrilAbril | editorial

A ausência de medidas estruturais, argumento que serve a muitos peditórios (em geral, aos que defendem «menos Estado») é uma das críticas que se faz amiúde relativamente à governação do País, desde 2015. A verdade é que algumas aconteceram e com forte impacto na vida de quem vive do que ganha. O alargamento do passe social intermodal foi um desses casos, outro emblemático é a gratuitidade dos manuais escolares, nenhum deles por iniciativa do partido de António Costa.

No caso dos manuais escolares, de resto, desde o início que o PS esteve comprometido em boicotar uma medida de enorme alcance social, com a imposição da reutilização, a partir do primeiro ciclo, em nome da sustentabilidade financeira da medida. Financiar a educação é um custo ou um investimento? A resposta é clara e é a opção política de quem nos governa que a determina. Portugal é um dos países da União Europeia onde as famílias têm mais custos directos com a educação, tendência que o Governo parece querer perpetuar, ao recuar na gratuitidade dos manuais escolares dos mais novos.

A decisão tomada em Junho pelo Ministério da Educação, de retomar o plano de devolução dos manuais escolares do 1.º ciclo, apesar de as famílias terem a garantia, desde o início do ano lectivo, de que os livros não seriam reutilizados, não só ameaça a consolidação das aprendizagens, como a equidade da própria medida. Não será difícil imaginar que as famílias com maiores rendimentos optarão pela aquisição de livros novos, e que serão as mais carenciadas a usufruir da medida, embora amputada. Esta quarta-feira, a Confederação das Associações de Pais denunciava que, em muitos casos, os manuais escolares estão a chegar às mãos dos alunos já escritos, desenhados e rabiscados.

Como fica a consolidação das aprendizagens se as crianças de terceiro e de quarto ano já não têm consigo os livros do ano anterior? Por outro lado, como podem usar integralmente os manuais, se eles tiverem colagens ou outras aplicações efectuadas?

É incompreensível que o Governo insista numa medida anti-pedagógica, que impede o manuseamento e livre utilização dos livros pelos mais novos, e interfere no sucesso escolar, em nome da sustentabilidade financeira. Não faz sentido que, com tanto dinheiro público malbaratado (parcerias público-privado, benefícios fiscais, ...), o executivo se demita do necessário investimento na educação e penalize as famílias.

Portugal | A VIDA CUSTA COSTA, PARA A GRANDE MAIORIA DOS PORTUGUESES

Portugal pede ajuda à Europa para resolver crise na habitação. Poupanças da pandemia já foram. Corridas de toiros regressam ao Campo Pequeno

Miguel Cadete, diretor-adjunto | Expresso (curto)

Bom dia!

Já está nas bancas mais uma edição do Expresso, também acessível a partir de uma assinatura digital.

E na manchete pode ler-se que António Costa quer ajuda da Comissão Europeia para a crise da habitação. O Governo de Portugal enviou uma carta a Ursula von der Leyen onde inclui a proposta a habitação, bem como a retenção de talentos, passem a constituir uma das prioridades da União Europeia. "A falta de oferta imobiliária é um problema em muitas cidades, e os encargos com habitação têm vindo a subir, ocupando já um espaço muito significativo no rendimento mensal das famílias europeias”, pelo que “a Comissão Europeia deve estar atenta ao problema da escassez e dos altos custos da habitação”, diz a missiva que o chefe do Executivo português enviou para a Comissão Europeia. Saiba ainda que o número de quartos disponíveis para estudantes caíu 14%. Com mais procura e menos oferta, os preços médios dos quartos aumentaram mais de 10% no último ano. Lisboa e Porto são as cidades mais caras, mas o fenómeno é transversal ao país.

Além da habitação, também crescem os problemas na educação. Os estudantes mais qualificados enveredam pela emigração que está a crescer mais depressa. Há países nórdicos com recorde de entradas de portugueses sobretudo porque o peso da renda da casa (ou a sua propriedade) nos baixos salários praticados em Portugal está a expulsar jovens do país e ameaça trazer uma nova vaga de emigração nos próximos anos.

Segundo o bastonário da Ordem dos Engenheiros, há empresas a dar apoios ao alojamento para não perderem mais trabalhadores. Para reter os engenheiro por cá, as empresas já lhes pagam a casa. A dificuldade sentida pelas empresas portuguesas em competirem com os salários propostos pelo mercado estrangeiro tem levado algumas a diversificarem o tipo de apoios que oferecem.

O futebol regressa à primeira página do Expresso, não por causa da Liga dos Campeões europeus - que ontem conheceu o seu sorteio - mas sim devido à candidatura de Luís Figo à presidência da federação Portuguesa de Futebol. O ex-jogador do Sporting, assim como do Barcelona, Real Madrid e Inter de Milão, tem sido pressionado para concorrer às eleições de 2024 e estará perto de avançar. Segundo o Expresso apurou, o ex-jogador internacional terá sido abordado por pessoas ligadas ao mundo do futebol para avançar para o cargo e estará praticamente decidido. A FPF é liderada por Fernando Gomes desde 2011, e terá, em 2024, novo responsável máximo.

Ainda o desporto-rei: o tempo extra está a mudar o futebol. Os jogos estão maiores e os golos em período de compensação dispararam ( 251%) em relação à época anterior. Por que razão temos sempre jogos com mais de 100 minutos?

Na capa da Revista do Expresso encontra-se o matador de toiros Andrés Roca Rey. A sua rivalidade com Morante de la Puebla pode representar o derradeiro fôlego de um decadente mundo taurino. Mas, à sua boleia, as maiores praças de Espanha voltaram a ter lotação esgotada. Morante regressa ao Campo Pequeno esta quinta-feira atiçando a controvérsia qu e tem rodeado a tauromaquia, também em Portugal.

Aos 46 anos, Rodrigo da Costa tornou-se o português - oriundo da cidade de Chaves - que manda no Espaço. É ele quem lidera a Agência da União Europeia para o Programa Espacial, que emprega quase 300 pessoas, tem um orçamento anual de €1,5 mil milhões e controla sistemas estratégicos como o Galileo, de navegação por satélite, e o Copernicus, de observação da Terra. Um perfil.

È considerado um dos maiores escritores latino-americanos da atualidade. Juan Gabriel Vásquez fala ao Expresso da sua visão da literatura, dos anos que viveu em Paris e Barcelona, do regresso a uma Colômbia desde sempre marcada pela violência e da importância da ficção nas nossas vidas. “A ficção permite-nos antecipar o futuro”, diz.

Na primeira página do caderno de Economia fica-se a saber que os portugueses já gastaram a poupança da pandemia. A taxa de poupança das famílias atingiu 13,7% em 2020 mas recuou para 5,9% este ano. A almofada de segurança constituída pelas famílias portuguesas durante a pandemia de covid-19 já desapareceu. Num contexto de agravamento da fatura mensal de muitos agregados — por causa da subida dos preços e do agravamento das prestações do crédito à habitação —, e com poucos estímulos ao aforro — grandes bancos ainda têm depósitos a dar zero e a taxa de juros dos certificados baixou —, a taxa de poupança das famílias está num dos valores mais baixos deste século.

A procura mundial dos medicamentos para a diabetes que fazem emagrecer fez disparar o excedente comercial dinamarquês. Marcas como Ozempic e Victoza, da farmacêutica Novo Nordisk, têm provocado um excedente da balança corrente dinamarquesa (que contabiliza a diferença entre as exportações e as importações e recebimentos e envios de capital) calculado nos 12,8% do produto interno bruto (PIB) em 2022. É o 15º rácio mais elevado do mundo.

Educação, Saúde e Função Pública lideram greves. Depois de um recuo em 2020, a contestação social disparou. Inflação, salários e maioria alimentam greves no país.

Não esqueça a Opinião do Expresso que a partir desta semana se vê reforçada com o contributo de Sebastião Bugalho e Rui Tavares. Os dois escreveram na edição semanal que chega todas as sextas-feiras às bancas, mas também noutros formatos e plataformas ao longo da semana.

Tenha um bom fim de semana!

LER O EXPRESSO

Portugal | OS SEM-ABRIGO E O JOGO DO EMPURRA

António Capinha | Diário de Notícias | opinião

Recuámos tão atrás quanto os meios digitais nos permitem para analisarmos as declarações políticas sobre os sem-abrigo. Desde 2015 que a nossa busca se revelou profícua em afirmações de protagonistas políticos sobre a urgência de acabar com os sem-abrigo em Portugal. António Costa, em 2015, então Presidente da Câmara de Lisboa, manifestava a necessidade de "devolver dignidade aos sem-abrigo".

O tema foi estando presente, sucessivamente, na agenda mediática, com afirmações do socialista Vieira da Silva, então responsável máximo no ministério da Solidariedade, quando falava da "integração dos sem-abrigo na sociedade". Marcelo Rebelo de Sousa foi, mais tarde, o paladino deste combate no conveniente período natalício de 2018 quando afirmava que "estar em cima da realidade social dos sem-abrigo era muito importante".

Pois bem! Vejamos então os resultados, actuais, desta sucessiva prosápia política.

Em 2018, números de Lisboa, havia 2473 cidadãos sem um tecto para dormirem. Em 2022, ainda na capital, existiam 3138. O número dos sem-abrigo em 2021, em todo o país, era de 9604, sendo que um terço "vive" em Lisboa.

A mesma Lisboa onde, em 2022, o número de pessoas sem-abrigo ascendia aos 394. Para constatar esta realidade basta, aliás, percorrer algumas ruas da cidade.

O orçamento dedicado ao assunto, apesar de ter aumentado ao longo dos anos, tem-se revelado, manifestamente, insuficiente. Em 2022, em Lisboa, foram gastos 5,7 milhões de euros com a protecção dos sem-abrigo. Em 2019 esse valor tinha sido de 1,6 milhões de euros, tendo ascendido aos 4,2 milhões de euros em 2021.

Com este panorama ficámos surpreendidos com a notícia da situação de braço de ferro que existe entre o Governo e a Câmara de Lisboa a propósito de necessidade de encontrar, em Lisboa, um espaço alternativo para albergar, provisoriamente, os sem-abrigo que vivem, actualmente, no Quartel de Santa Bárbara em Arroios. Nesta velha unidade militar da GNR, em boa hora, vão ser construídos 240 fogos de renda acessível, pelo que o espaço deverá ser desocupado até 30 de Setembro. Para o efeito, Carlos Moedas pediu ao Executivo de António Costa a cedência de um espaço que recebesse (repito, provisoriamente) os sem- abrigo do Quartel de Santa Bárbara. A resposta, sob a forma de um rotundo não, veio da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.

Ó vida! Mas será que no dimensionado património imobiliário de Estado não haverá um espaço para receber (digo outra vez, provisoriamente) os sem-abrigo do Quartel de Santa Bárbara? Então Sra. ministra? Procurou bem? A Sra. ministra acha mesmo que responder à Câmara de Lisboa "que a situação dos sem-abrigo é da responsabilidade das entidades locais" é uma resposta que se dê para uma questão desta gravidade?

É no mínimo lamentável que, para um assunto com esta sensibilidade social, não exista um patamar de entendimento entre a Câmara de Lisboa e o Governo. Já sabemos que pactos de regime e plataformas de entendimento não é coisa que esteja no ADN dos partidos que nos representam. Mas caramba! Trata-se de dar um tecto a concidadãos nossos que dele necessitam.

Talvez não seja má ideia, então, a Sra. ministra Ana Mendes Godinho reler o discurso de tomada de posse do primeiro-ministro António Costa em Outubro de 2019, quando este prometeu uma "maioria de diálogo. De diálogo parlamentar, político e social".

E, assim, colocar em prática este salutar princípio político que António Costa fez questão de escolher para o solene momento da sua tomada de posse.

Esta questão dos sem-abrigo é, deste modo, uma excelente oportunidade para materializar as promessas políticas do Governo e acabar com o jogo do empurra numa questão tão prioritária como dar um tecto a quem precisa dele.

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