domingo, 7 de abril de 2024

Crimes de Ódio à Solta -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A democracia representativa é uma espécie de disfarce da economia de mercado, título simpático dado ao capitalismo, sistema económico, social e político que é uma maquineta infernal alimentada, em simultâneo, por três combustíveis: exploração de quem trabalha, corrupção e roubo, que pode ir até à forma violenta do latrocínio. Acontece que quanto mais combustível estão a meter nos depósitos, menos o sistema funciona. 

Até ao início do século, conjunturas desfavoráveis punham o sistema em falência, mas tudo se resolvia com as máquinas de imprimir dinheiro ou o roubo generalizado de matérias-primas aos Povos do chamado Terceiro Mundo, que estiveram sempre na vanguarda do fornecimento de milhões de escravos, nos primórdios do sistema. Depois, africanos, asiáticos ou americanos forneceram especiarias, ouro, prata e pedras preciosas para o bom funcionamento da maquineta. No advento da sociedade industrial, passaram a fornecer petróleo grátis ou a preços rastejantes. 

O problema é que África mudou, Irão, Iraque e Líbia estão nas mãos de traficantes do crude, a Venezuela escapou e o Brasil está de rastos, depois de passar pelas mãos dos donos da operação Lava Jacto e da Igreja Universal do Reino de Deus. A Federação Russa vende a energia que produz cada vez mais cara, à boleia das sanções e a China açambarca quanto pode. Lá se foi a maquineta. 

A exploração de quem trabalha não chega. A corrupção generalizou-se e agora já não dá força à maquineta. O roubo democratizou-se. Antes os ladrões estavam nos palácios e palacetes, eram presidentes, primeiros, segundos e terceiros ministros, deputados, magistrados e outros polícias. Agora andam por todo o lado. Não tarda nada, chegam ao céu. O combustível dispersou-se, perdeu octanas e as máquinas de fotocopiar dinheiro de nada servem. Qualquer dia o dólar vale menos do que o kwacha da Zâmbia e o Euro não chega aos calcanhares do gourde haitiano.

Os gurus do sistema tudo fazem para mantê-lo. A dona Lagarde, antiga patroa do FMI e actual dona do Banco Central Europeu, garantiu aos fundos abutres e às suas baiucas (bancos e afins) 750 mil milhões de euros. Ainda não há máquinas de calcular para este número. A Internacional Nazi deu ordens à CIA para arranjar um Bolsonaro ou um Juan Guaidó para cada país onde haja energia e outras “comodities”. É roubar, vilanagem! Angola CFA não escapou.

A Internacional Comunista, fundada por Lenine em Março de 1919, deu preciosos frutos à Humanidade, como a derrota do fascismo e do nazismo. Mas também em África, ao apoiar os movimentos de libertação “até onde foi preciso”. No caso de Angola até à derrota do regime racista da África do Sul. Nunca se esqueçam. Operários de todo o mundo saíram dos guetos e conquistaram alguma dignidade. 

A Internacional Socialista desfraldou a bandeira do anticomunismo e vendeu o “socialismo democrático”, primeiro patamar para a Internacional Nazi. Aos poucos foram subindo até ao topo. A Europa da União Europeia está nas mãos de nazis engravatados ou feios, porcos e maus. Os que estão fora do cartel anseiam por entrar. Se for preciso até vendem as mães para terem a graça da nazificação. Em Angola já só falta fazer das Forças Armadas as FAA CFA. O resto já está. Os EUA são o sol donde irradiam os raios do nazismo para todo o planeta. 

A Internacional Nazi assenta o seu poder no capital financeiro especulativo. Agora chamam-lhe “rentista”. O Hitler também dizia que era socialista até abrir os portões dos campos de extermínio. As brigadas de choque (fundos abutres) compraram todos os Media de peso. Os que ficaram de fora são comandados pela CIA e outros prestimosas instituições de extermínio. Tudo começou com a construção do Império Rupert Murdoch. O colonialismo foi abençoado pela Igreja de Roma. A Internacional Nazi é abençoada pelos evangélicos. Sempre a religião servida aos povos como ópio.

As redes sociais pertencem aos mentores da Internacional Nazi. Os bandidos da comunicação social e da política saíram dos ninhos do capital financeiro especulativo e andam por aí a zunir furiosamente, prontos a morder quem içar a bandeira da Luta pela Liberdade. Os campos de concentração e os guetos estão de volta. 

O Jornalismo é exercido na lógica das associações de malfeitores. Partidos políticos como a UNITA são armas de destruição maciça da Liberdade e as condições concretas que lhe dão espessura: Habitação, saúde, educação, trabalho. Só entra na Internacional Nazi quem faça prova de racismo, xenofobia e ódio mortal a quem pensa. Eu não me rendo. Acção directa, já! 

A esta hora está nas ruas do Porto, cidade onde vivo, uma manifestação contra os imigrantes. Ainda ontem o governo da Internacional Nazi tomou posse já hoje os seus apoiantes passeiam crimes de ódio pelas ruas. Racismo é crime contra a Humanidade. Xenofobia é crime contra a Humanidade. Mas em Portugal estes crimes estão devidamente autorizados. Honra à Ordem dos Advogados que exigiu a proibição da manifestação, apadrinhada pela polícia que tem óbvias ligações ao partido nazi Chega. Que por sua vez dita ordens a agentes do Ministério Publico. 

Hoje fico por aqui. Vou para a rua manifestar-me contra a manifestação dos nazis. Contra os crimes de ódio. Como dizia Ernesto “Che” Guevara, “temos de lutar diariamente para que o amor à Humanidade se transforme em factos concretos.”

Em Angola a Internacional Nazi está representada, desde a primeira hora, pela UNITA. No início era uma emanação do regime colonialista e fascista de Lisboa. O partido entretanto foi reforçado pelo Chivukuvuku, que em 1992 ameaçou reduzir Angola a pó. O reforço do Galo Negro veio também de uns pobres diabos que não souberam envelhecer e usam o Bloco Democrático como brasão. Aviso já que vou lutar contra a transformação de Angola em CFA ou quintalão do estado terrorista mais perigoso do mundo. Não há unidade nem reconciliação com nazis, assassinos e criminosos de guerra.

Se sobreviver à manifestação contra os nazis amanhã voltamos a falar.

* Jornalismo

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