quarta-feira, 22 de maio de 2024

Campeão da Paz Longe da Suíça -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Israel não é o HAMAS disse Joe Biden indignadíssimo com o mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional contra Netanyhau e o seu ministro da Defesa Gallant. Pela primeira vez na sua longa vida de político até apodrecer, o chefe do estado terrorista mais perigoso do mundo disse a verdade e nada mais do que a verdade.

Israel é um país, HAMAS é um m partido político da Palestina que tem um braço armado. Israel é um Estado com Leis de apartheid e ocupa há décadas a Palestina, ilegalmente e pela força das armas. O governo de Telavive atropela todas as decisões da ONU no sentido de acabar com os colonatos ilegais e a ocupação militar na Cisjordânia. O governo de Israel fez da Faixa de Gaza, há muitos anos, uma imensa prisão a céu aberto, O HAMAS é o partido que governa esse território da Palestina. Ganhou as eleições. Está legitimado pelo voto popular.

É verdade. Israel não é o HAMAS. O braço armado do partido palestino desencadeou uma acção armada no dia 7 de Outubro de 2023 em território de Israel. As forças armadas, policiais e milícias israelitas desencadeiam acções na Palestina há décadas. Permanentemente. Prendem, torturam e matam milhares de palestinos diariamente, na Palestina. 

Os guerrilheiros do HAMAS mataram civis inocentes no dia 7 de Outubro. Talvez duas centenas. Todos os outros civis foram assassinados pelas tropas israelitas. Para não serem prisioneiros! É verdade, os guerrilheiros do HAMAS fizeram mais de uma centena de reféns no dia 7 de Outubro de 2023. Imperdoável. Ainda os mantêm em cativeiro. Inaceitável. O Estado de Israel mantem reféns todos os palestinos que vivem na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, há décadas. Não há comparação possível.

Joe Biden tem toda a razão. Israel não é o HAMAS. Os guerrilheiros do braço armado do partido político palestino mataram civis inocentes no dia 7 de Outubro. Mesmo que haja um milhar de vítimas, estão muito longe dos civis assassinados pelas tropas de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Hoje o número de civis mortos na Faixa de Gaza é este: 35.645, sepultados. As organizações internacionais que operam no território garantem que sob os escombros causados pelos bombardeamentos israelitas estão mais 12.000!

As tropas israelitas assassinaram na Faixa de Gaza, desde 7 de Outubro até hoje, 15.000 crianças cujos corpos foram identificados e sepultados. As autoridades estimam que mais 5.000 estejam sepultadas sob os escombros! 

Em quatro meses de guerra, de Outubro de 2023 a Fevereiro de 2024, o número de crianças palestinas mortas na Faixa de Gaza foi superior ao de todas as guerras do mundo durante quatro anos, entre 2019 e 2023. Estes números foram compilados pela Organização das Nações Unidas (ONU) que chegou a esta conclusão terrível: “Na Faixa de Gaza as tropas israelitas matam uma criança de dez em dez minutos!”

Contas da ONU: As guerras no mundo entre 2019 e 2023 causaram a morte de 12.193 crianças. Nos quatro primeiros meses da agressão israelita na Faixa de Gaza as tropas israelitas assassinaram 12.300 crianças. Em Março, o número de crianças mortas em Gaza ultrapassou as 13 mil. Abril e Maio já vai em 15.000. Philippe Lazzarini, responsável da Agência da ONU de Assistência aos Palestinos (UNRWA) declarou: “Esta guerra é uma guerra contra as crianças. É uma guerra contra a sua infância e o seu futuro”. Joe Biden tem razão, o HAMAS é muito diferente de Israel. 

O Presidente da República, João Lourenço, foi convidado por Zelensky para participar na Cimeira de Paz na Ucrânia, marcada para os dias 15 e 16 de Junho, na cidade suíça de Bürgenstock. O nazi de Kiev ainda não percebeu que já acabou o seu mandato. Está a mais. Não ouvi a conversa mas imagino: Não posso ir à Suíça, Volodimyr! Nesses dias vou fazer turismo para o Iona e prometi à minha Evita uma volta de moto quatro. Não te esqueças, meu kamba, já não és presidente. Expirou o teu prazo de validade Ou convocas eleições, ou ficas igual ao Savimbi. E arriscas o mesmo fim.

O campeão da paz em África conseguiu neutralizar o golpe de estado em Kinshasa. Mas recusou ir à Suíça porque aí é território do Pita Grós, filado no dinheiro dos outros. E nos hotéis da AAA Activos. Nesta parte a Voz da América escreveu: “Num cenário incomum nas privatizações em Angola, o leilão da venda dos 39 hotéis apreendidos ao empresário Carlos São Vicente foi realizado, no passado dia 16, sem anúncio de candidatos nem valores das propostas, o que está a suscitar críticas relativas à falta de transparência e de improbidade”.

O golpe de Kinshasa afinal tem raízes em Moçambique. Cabo Delgado. Terrorismo. Três dirigentes golpistas, incluindo o congolês Christian Malanga, que liderou o movimento, são proprietários de uma empresa mineira com sede em Maputo, Matola, a Bantu Mining Company. Além de Malanga, os norte-americanos Cole Patrick Ducey e Benjamin Reuben Zalman Polun também são donos da capa para as actividades terroristas em Cabo Delgado. Espero que não haja ramificações em Angola. O sipaio da Damba não é de confiança.

Uma constatação que me alivia. Aninhas, filha do chefe Miala, é administradora executiva da empresa estatal Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG). Ninguém contestou a sua nomeação, por ser filha do chefe das secretas e presidente da república na sombra. Ana Miala tem um grande tacho. Espero que em 2027 não a obriguem a fugir para o Dubai nem peçam à Interpol para emitir mandados de captura contra a senhora. Como dizia o meu mestre Tuma, dia não mata dia e pau podre não mata cobra. 

Álvaro Sobrinho, “patrão” do BES Angola, foi hoje a Tribunal, para um debate instrutório. Isto quer dizer que requereu a instrução contraditória. Já não era sem tempo. O processo foi aberto há 16 anos. Em 2006 foi anunciado que é suspeito de 20 crimes: sete de branqueamento de capitais e 13 de abuso de confiança agravado. Segundo o juiz Carlos Alexandre (já é desembargador no Tribunal da Relação de Lisboa) e a procuradora do Ministério Público, Rita Madeira, o arguido montou um plano “que visou manter o financiamento do BES Angola à área imobiliária da Escom".

O “esquema” segundo a acusação, permitiu a Álvaro Sobrinho apropriar-se 399 milhões de euros do BES Angola.   No início de 2023, a defesa Álvaro Sobrinho informou que o arguido foi acusado  pelos mesmos factos que em Angola conduziram ao arquivamento do processo “por falta de indícios de atividade criminosa”. Veremos como vai ser em Portugal. Aconteça o que acontecer, justiça ao fim de 16 anos não é justiça. É barbaridade.

* Jornalista

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