Uma ofensiva relâmpago, deitou abaixo o regime de Bashar al-Assad e parece trazer uma nova oportunidade à Síria. Reveja o que aconteceu no país nas últimas horas, naquele que é considerado um momento histórico no país.
"Depois de 50 anos de opressão sob o poder do [partido] Baas, e 13 anos de crimes, de tirania e de deslocações [forçadas] (...) anunciamos hoje o fim deste período negro e o início de uma nova era para a Síria". Foi desta forma que, no domingo, as forças rebeldes anunciaram aquele que poderá ser o início de uma "Síria Livre".
O anúncio surgiu depois de os rebeldes terem lançado uma ofensiva relâmpago na Síria em 27 de novembro.
O regime da família al-Assad, que governava o país árabe desde 1971, caiu às mãos de insurgentes maioritariamente islamitas liderados pela Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, ou HTS), que tomaram Damasco após uma ofensiva de 12 dias.
O grupo, liderado por Abu Mohammed al-Jolani, visava derrubar o governo de Bashar al-Assad e, pela frente, encontrou pouca resistência por parte do exército sírio. Os seus objetivos foram, assim, atingidos este domingo com o anúncio de que Assad abandonara o país.
Bashar al-Assad chega a Moscovo com a sua família
Muito se especulou sobre o paradeiro de Assad, depois de ter sido noticiada a sua fuga de Damasco. Sabia-se que o presidente deposto da Síria tinha embarcado num avião na madrugada de domingo, em Damasco, segundo dois oficiais superiores do exército.
A aeronave, que inicialmente voava em direção à região costeira da Síria, fez uma inversão de marcha abrupta e voou na direção oposta durante alguns minutos, antes de desaparecer do radar. Era desconhecido o seu paradeiro e o da sua mulher, Asma, e dos dois filhos de ambos.
"Assad e os membros da sua família chegaram a Moscovo. A Rússia, por razões humanitárias, concedeu-lhes asilo", viria a confirmar fonte da agência russa mais tarde.
As reações e as promessas de uma Síria "com dignidade"
Após a tomada de Damasco pelos rebeldes sírios, vários países provaram estar atentos ao que se passara no país. Rússia, China e Irão manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.
O chefe da diplomacia do Irão, Abbas Araghchi, garantiu que o Presidente sírio deposto "nunca pediu ajuda" militar ao seu país, apesar de Teerão ser o seu principal aliado, juntamente com a Rússia. Araghchi assegurou que o Governo sírio "nunca pediu ajuda" a nível militar, mostrando-se surpreendido com a "rapidez da ofensiva rebelde", bem como com a "incapacidade de resposta" do Exército sírio.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, apelou ao rápido restabelecimento da "lei e da ordem" e uma solução política que ofereça a todos os sírios uma vida "com dignidade e autodeterminação", enquanto a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, garantiu que a Europa está pronta para apoiar a salvaguarda da unidade nacional na Síria e a reconstrução de um estado que proteja todas as minorias.
Já Benjamin Netanyahu, saudou a queda do presidente sírio, Bashar al-Assad, dizendo que este acontecimento marca "um dia histórico", representando o fim de "um nódulo central do eixo do mal".
Por sua vez, a vice-primeira-ministra britânica, Angela Rayner, confessou congratular-se com a queda do regime de Assad, uma vez que "não era exatamente bom para o povo sírio". "Se Assad caiu e o regime acabou, congratulo-me com isso", disse.
Também o presidente do Conselho Europeu, o português António Costa, considerou hoje que o fim da "ditadura de Assad" é uma "nova oportunidade de liberdade e de paz para o povo sírio". E o presidente dos Estados Unidos advogou que a queda do regime de Bashar é um momento "histórico" e uma "oportunidade única de construir um futuro melhor".
O que se segue?
O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai reunir-se de emergência hoje à tarde para uma reunião à porta fechada sobre a Síria, na sequência da queda do Presidente Bashar al-Assad.
É incerto aquilo que sairá deste encontro, mas certo é que muitos consideram que esta é a oportunidade de "inaugurar uma era mais respeitadora dos direitos humanos no país".
"Chegou o momento de conduzir o país a um futuro estável, próspero e justo, que garanta os direitos humanos e a dignidade há muito negados ao seu povo", declarou em comunicado uma comissão da ONU.
Leia em NM: Irão admite que Eixo da Resistência será afetado pela queda de al-Assad
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