sábado, 2 de março de 2024

Vítimas de teste nuclear dos EUA continuam sem reparação

Julian Ryall | Deutsche Welle | # Publicado em português do Brasil

Em 1º de março de 1954, Estado Unidos realizaram a detonação da maior bomba nuclear da história no Atol de Bikini. Diversas embarcações de pescadores foram atingidas pela radiação.

Setsuko Shimomoto viaja para as Ilhas Marshall para participar de um evento em memória dos 70 anos do teste nuclear Castle Bravo no Atol de Bikini. Shimomoto acredita que o experimento causou a morte de seu pai.

O teste em 1º de março de 1954 foi significativamente maior do que haviam previsto os cientistas que desenvolveram a bomba de hidrogênio. Até os dias atuais, Castle Bravo permanece sendo a maior bomba nuclear detonada pelos militares americanos. O fracasso em prever as dimensões da explosão, combinado com os ventos fortes na região do Pacífico Central, fizeram com que a radiação se espalhasse por uma ampla área no oceano e atingisse mais de mil barcos de pesca japoneses.

Daigo Fukuryu Maru (Dragão da Sorte 5) é o barco mais conhecido dentre os atingidos pela precipitação nuclear. Os 23 tripulantes da embarcação enfrentaram a síndrome da radiação aguda, cujos sintomas incluem náusea, dores de cabeça e nos olhos. Um dos tripulantes, Aikichi Kuboyama, morreu seis meses depois de complicações decorrentes dessa exposição.

Angola | O Mundo a Branco e Branco -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os filmes a preto e branco são a minha perdição. Aqueles que nasceram dos livros de Raymond Chandler e Dashiell Hammett ficam na história da sétima arte. Eternizaram o detective Marlowe e a dupla Humphrey Bogart-Lauren Bacall. Cinema é assim. Coloridos são os sonhos. Pior está o mundo que é dominado pelo branco seja sujo, marfim ou de neve. Efeitos do esclavagismo e do colonialismo. 

Pretos e vermelhos são para deitar abaixo. Aprendi isso em criança a reguadas e chapadas. Lá em casa só existia a raça humana e a “Conquista do Pão”, livro escrito pelo Príncipe Kropotkine. Anarco-comunismo! O ideal libertário vivia na nossa casinha de adobe da Kapopa. A senhora professora dizia que os brancos não podem portar-se como os pretos e eu dizia: Só existe a raça Humana! Toma lá chapadas! Toma lá cinco reguadas! 

O senhor padre dizia que Nossa Senhora apareceu a uns pastorinhos numa serra lá em Portugal. Falou com eles para anunciar que ia converter a Rússia e acabar com o comunismo! E eu dizia: Com o comunismo temos todos pão na mesa. E o capelão do colégio: Herege! Filho do diabo. Por isso és canhoto!

O mundo só a branco é violentíssimo. Eu vi, desde a infância à idade adulta, a violência dos ocupantes sobre os angolanos. Não escapava ninguém. Em Luanda, ao fim da tarde, os negros desapareciam da cidade de asfalto. Proibidos de frequentar a cidade “branca”. E só desciam à Baixa aqueles que tinham cartão de trabalho. Numa aula de História, já era aluno do sexto ano do Liceu Salvador Correia, um professor disse a uma colega que não andava ali a fazer nada e tinha tudo a ganhar como criada ou lavadeira. Era muito escura!

Fiz-lhe uma espera e insultei-o abaixo de árbitro de futebol. Levei cinco dias de suspensão. Pena máxima. O racismo era a arma mais mortífera dos colonialistas. E eles usavam-na sem qualquer remorso. No mínimo, ignoravam os negros. O normal eram os espancamentos, as prisões arbitrárias (João Lourenço aprendeu bem a lição dos ocupantes), as humilhações, o trabalho sem direitos e sem salário. Muitos detidos morriam na cadeia. Mas como eram negros, os países do ocidente alargado não os tratavam como tratam o Navalny.

Um negro vivo ou morto, ontem como hoje, vale nada. No Sudão morrem negros aos milhares. Nem uma notícia. Nem uma palavra de solidariedade. Os brancos da Ucrânia são outra loiça. Os EUA e a União Europeia mandam milhares de milhões para Kiev. Armas e munições. Agentes da CIA nos postos secretos, criados desde 2014, para espiarem a Federação Russa. 

Angola | O Presente e a História -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A Constituição da República define as balizas da acção política, garante liberdades e direitos. Todos os angolanos devem orgulhar-se da Lei Fundamental. Mas a memória diz-nos que a UNITA abandonou a Assembleia Nacional na hora da votação. Desonrou o compromisso que assumiu com o seu eleitorado e pôs em causa um dos fundamentos da democracia. 

A maioria política da última legislatura foi confirmada na actual. O eleitorado premiou os políticos responsáveis e trabalhadores. Penalizou os que apostaram tudo no caos político e na instabilidade social. Mesmo unidos numa frente contra natura, perderam estrondosamente. O eleitorado castigou os políticos batoteiros. Desavergonhados. Incoerentes. Oportunistas. 

Ninguém acredita na sinceridade de Justino Pinto de Andrade, Filomeno Vieira Lopes ou Francisco Viana quando aparecem aos beijinhos no Adalberto ou qualquer outro sicário da UNITA. Apenas querem comer sentados à mesa do Orçamento Geral do Estado. Com fizeram toda a vida. Mas com outra camisola!

Ninguém acredita que o Galo Negro e o Bloco Democrático defendam os mesmos valores. Fizeram um casamento por conveniência que se alimenta de traições e facadas nas costas. Mas têm um sonho comum: Pôr Angola a andar para trás. Se possível, até aos tempos em que Savimbi e a sua camarilha lutavam contra a Independência Nacional ao lado dos colonialistas.

Os angolanos querem ir para a frente. Sabem que a guerra, além de terríveis destruições e das perdas maciças de vidas humanas, pôs Angola a andar para trás pelo menos um século. Ainda só recuperámos 22 anos. As perdas, em alguns sectores, são irreparáveis. Vamos precisar de muitas décadas para afinar a Educação, fortalecer o sistema de Saúde, desenvolver a Economia. 

Angola está entre dois mundos antagónicos: Os que querem andar para a frente dando tudo para resolver os problemas que vivemos e os que só sabem andar para trás, a UNITA e seus aliados da “frente unida”. Quem fugiu do Parlamento para inviabilizar a aprovação da Constituição da República ainda está com a cabeça na “capital” de Savimbi, o acampamento da Jamba, que tinha como programa social maior, um sinaleiro e uma escola de condução. Tudo o resto era próprio de um quartel abandalhado.

Portugal | Pedro Passos Coelho é irresponsável?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

A frase de Pedro Passos Coelho no comício da AD de segunda-feira, em Faro, que recordava algo que ele já dissera em 2016, foi esta: “nós precisamos de ter um país aberto à imigração, mas cuidado, precisamos também de ter um país seguro. Na altura o Governo fez ouvidos moucos disso e, na verdade, hoje as pessoas sentem uma insegurança que é resultado da falta de investimento e de prioridade que se deu a essas matérias, não é um acaso”.

Os órgãos de comunicação social que se dedicaram ontem a verificar os eventuais factos, as verdades ou as mentiras que sustentariam esta afirmação procuraram dados para cobrir três hipóteses:

1 - O aumento da imigração provocou um aumento de criminalidade.
2 - Houve um aumento de criminalidade, mas sem associação direta com a subida da imigração. 
3 - Houve, apenas, um aumento relevante de perceção na sociedade de que a criminalidade subiu, apesar de isso, na realidade, não ter acontecido.

Consultadas estatísticas, relatórios oficiais e estudos académicos, o Polígrafo e o Público, para estas três hipóteses, chegaram a esta lapidar conclusão: mentira, mentira e mentira. 

O Expresso, caridoso, alterou o veredito negativo inicial para “dúbio”, por não saber ao certo a que coisa Passos Coelho queria referir-se.

(Por acaso, a ideia que tenho é que a criminalidade que subiu associada à imigração em Portugal foi outra - a dos empresários que contratam ilegalmente mão-de-obra em condições sub-humanas e degradantes, como vemos frequentemente noticiado).

Portugal | Moedas esconde dados sobre candidatura de Lisboa a Capital da Inovação

PS teve de recorrer à CADA para pedir documentação e informação sobre “nomeações, despachos, informações dos serviços e eventuais prestações de serviços contratadas para o efeito”.

Margarida Davim | Diário de Notícias

Os vereadores do PS recorreram à CADA (Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos) para aceder à candidatura de Lisboa a Capital Europeia da Inovação. A queixa foi feita esta quinta-feira, quase um mês depois de os socialistas terem tentado obter os documentos sem qualquer resposta de Carlos Moedas.

“Carlos Moedas tem dito ser um político que quer dialogar com a oposição, mas nem está disponível para partilhar com os vereadores da Câmara Municipal a candidatura à Capital Europeia da Inovação. E criou ainda o pelouro da transparência, mas tudo visto e ponderado temos falso diálogo e opacidade na gestão da cidade”, diz ao DN o vereador do PS Pedro Anastácio.

Na queixa à CADA a que o DN teve acesso, os socialistas pedem “toda a documentação que instruiu a candidatura da cidade de Lisboa a Capital Europeia da Inovação” e solicitam informação sobre “quantos grupos de trabalho deram apoio ao processo de candidatura”, bem como “todas as nomeações, despachos, informações dos serviços e eventuais prestações de serviços contratadas para o efeito”.

Pedro Anastácio considera “esquisitíssimo” que a informação não tenha sido já prestada aos vereadores da Câmara de Lisboa, lembrando que quando a cidade ganhou o prémio de Capital Verde Europeia toda a informação relacionada com a candidatura estava disponível num site.

“A minha incompreensão é, enquanto vereador não saber quais são os objetivos da candidatura. Não percebemos nem os projetos que justificam ter conseguido a distinção nem os objetivos com os quais a vitória comprometeu a cidade”, sublinha Anastácio que não põe em causa a importância do reconhecimento. “Naturalmente é positivo”, comenta, lembrando que o PS se congratulou com a distinção na reunião de Câmara em que foi revelado em novembro.

Portugal | OS SENHORES DO APOCALIPSE

We Have Kaos in the Garden

Portugal | CAVACO, PASSOS COELHO E DURÃO BARROSO DO CANTIGAMENTE*


Mário Motta | opinião

Eles andam por aí com loas de antigamente. Cantigas de antigamente. Cantigamente*. Passos Coelho, Cavaco e Durão Barroso, esse então chamado de Burroso pelo seu amigo e criminoso George W. Buch filho, ex-alcoólico, drogado e tresloucado, que foi levado ao colo para assumir a presidência dos EUA e posteriormente invadir o Iraque onde causou perto de meio milhão de mortes entre civis e militares. Velhos, crianças e mulheres foram vítimas de massacres denominados "danos colaterais". Tudo numa ementa de falsos pretextos com a alegada posse pelo Iraque das tais armas de destruição maciça que nunca existiram e assim ficou provado. Durão Barroso alinhou com o criminoso Bush na Cimeira das Lajes (Açores) e arrastou Portugal para a senda do crime e da violação do direito internacional à revelia da ONU.

A recompensa de Barroso foi alcandorar-se a Presidente da Comissão Europeia logo quase a seguir e abandonar Portugal e o seu cargo de primeiro-ministro passando cargo e governo para Pedro Santana Lopes. Valeu na altura o então presidente da República Jorge Sampaio que passado pouco tempo marcou eleições legislativas... e acabou-se o governo fantasma de Santana Lopes (PSD/CDS).

Mas só a presidência de Comissão Europeia não chegava a Durão Barroso, a sua fidelidade cúmplice para com Bush exigia mais. Saído da UE integrou alto cargo na Goldman Sachs com as suas falcatruas e crimes económicos que arrasaram mais de meio-mundo, incluindo Portugal. E também na crise caiu-nos em cima a Troika e Passos Coelho num governo PSD/CDS como quase sempre por costume. A penúria e a fome grassaram em Portugal por continuados anos. As negociatas e vendas de empresas estratégicas do setor público atingiram o auge. Tudo vendido ao desbarato com a definição de privatizar. Os mais ricos e certos e incertos negociadores enriqueceram, os portugueses pagaram com língua de palmo e meio e continuaram a empobrecer, com cortes nos ordenados, nas pensões, nos subsídios e no mais que puderam, então sob a batuta de Pedro Passos Coelho.

Sobre esses dois trastes estamos esclarecidos. São esses mesmos que servem de respaldo bolorento na atual campanha eleitoral da AD (PSD,CDS, PPM). 

Falta aqui referir Cavaco Silva também com cantigas de antigamente na dita campanha eleitoral com refrão recordado nas características dos seus governos dos ricos ainda mais ricos e dos pobres muito mais pobres. Com Cavaco nasceu o BPN e similares, com fraudes que ficaram por ser devidamente punidas pela Justiça. Encheu-se mais o arquivo dos processos e suspeições. Oliveira e Costa foi o cabeça de turco de todas aquelas negociatas, amigão de Cavaco. Ainda quando Cavaco era presidente da República (quase no fim do mandato) proporcionou-lhe a compra de ações - para Cavaco e sua filha - que num ápice deram avantajado lucro. Tudo legal, como foi dito. Pois.

E são esses mesmos de Cantigamente* que, sem vergonha, surgem no apoio eleitoral à atual AD repleta de teias de aranha e imensa sujidade do passado tenebroso de quase máfias, segundo a memória de muitos portugueses que ainda não deixaram o mundo dos vivos e os reprovam pelos males que fizeram a Portugal e aos portugueses. São esses tais supra citados que cantam histórias de falsos Eldorados dos seus tempos idos enquanto PSD's e CDS's ativos. 

Nas suas loas só cai quem quiser. Por ingenuidade, desconhecimento e/ou falta de memória. Ou então por estupidez natural.

Paulo Portas, do CDS - ou talvez Adolfo Dias - não é aqui citado porque pertence a outra parte do filme submerso... A sua vez soará.

* Cantigamente (1975) é uma série de filmes portugueses produzidos para a RTP pelo Centro Português de Cinema, a primeira cooperativa de cinema existente em Portugal. A série é constituída por seis filmes de longa-metragem que ilustram a História de Portugal, usando em grande parte imagens de filmes antigos e do arquivo da RTP – Wikipedia

As duas guerras em que o Ocidente se perdeu -- Rafael Poch

Quem diria: as potências que até há pouco dominavam o cenário mundial agora estão isoladas, eticamente batidas e inseguras no terreno militar. Como isso se deu, tão rápido? Que brechas se abriram? Por que ainda não há o quê comemorar?

Rafael Poch* | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins | # Traduzido em português do Brasil

Falar separadamente da guerra na Ucrânia, do massacre em Gaza e das tensões em torno de Taiwan, pode levar a ignorar que essas três frentes de batalha ou pré-batalha, abertas na Europa, Oriente Médio e Ásia Oriental, apontam para a mesma crise do declínio ocidental. É a esse ponto de inflexão, na até então indiscutível preponderância mundial do Ocidente, que o presidente chinês, Xi Jinping, se refere quando diz que “O mundo está testemunhando mudanças sem precedentes em um século”.

Vamos ver, em dez pontos, alguns sintomas e tendências dessas mudanças:

1 - A distância entre o bloco ocidental (formado pelos EUA, União Europeia, Inglaterra, Japão e Austrália, para conter Rússia e China) e o resto do mundo, que rejeita sanções e chamados à ordem unida, está se ampliando. Do apoio, compreensão ou não alinhamento do Sul Global em relação à guerra na Ucrânia resulta o isolamento do Ocidente.

2 - O massacre em Gaza e a cumplicidade ocidental, política e midiática com ele (particularmente clara na França e na Alemanha), consagram um verdadeiro suicídio moral do Ocidente. Sua credibilidade em matéria de direitos humanos, mediação de conflitos e justiça global é igual a zero. Seu duplo padrão ao medir Ucrânia e Gaza é evidente.

As mesmas potências que estão financiando e armando a Ucrânia estão financiando e armando um genocídio pelas forças israelenses supremacistas raciais em Gaza. Isso dá uma nova plausibilidade à narrativa russa de que, sem sua intervenção militar, teria ocorrido na Crimeia e no Donbass uma limpeza étnica, expulsão e massacre de pró-russos por forças parcialmente animadas por uma ideologia de extrema direita com o apoio e a bênção do Ocidente.

Toda morte na prisão de um opositor político é, por definição, suspeita – seja a do russo Aleksei Navalny ou a de Gonzalo Lira, um blogueiro “incorreto” norte-americano de origem chilena estabelecido em Kharkov, morto em janeiro em uma prisão ucraniana sem pena nem glória. Ambos foram acusados por seus carcereiros de trabalhar para serviços secretos (ocidentais ou russos). Não se deve esperar uma investigação crível sobre a causa dessas mortes em países onde a eliminação de opositores tem rastros recentes e conhecidos. Os governos, políticos e meios de comunicação que mais protestam pela morte de Navalny são os mesmos que ignoraram a morte de Lira, ou o destino de Assange, e que apoiaram o massacre em Gaza. Eles não têm credibilidade. Os únicos que podem expressar sua consternação com credibilidade por esses crimes são aqueles que levam os direitos humanos a sério e, portanto, rejeitam o uso hipócrita dos direitos humanos como arma na luta contra o adversário.

PERDIDA A APOSTA DA OTAN EM KIEV

South Front | # Traduzido em português do Brasil | -- ver vídeo

O exército ucraniano está a recuar rapidamente de linhas estrategicamente importantes, abrindo caminho para novos avanços russos.

A recente tentativa ucraniana de lançar uma segunda frente na região de Kherson falhou. A operação das forças especiais ucranianas para desembarcar em Tendrov Spit resultou na morte de 25 profissionais ucranianos treinados pelos militares britânicos. Eles foram derrotados por seis combatentes russos. Um dos militares ucranianos foi capturado e compartilhará os segredos de suas viagens ao exterior com os militares russos.

Na frente de Zaporozhye, os combates continuam em Rabotino. Como a aldeia foi destruída por batalhas prolongadas, ambos os lados enfrentam dificuldades para se firmar nas ruínas.

Nos últimos dias, outro campo de batalha foi revivido. Como resultado de um ataque relâmpago, as forças russas expandiram a sua zona de controlo na periferia sul de Gulyai-Pole. Ataques precisos bem sucedidos ameaçam a defesa ucraniana com um avanço em qualquer sector da frente onde o comando ucraniano não consiga reforçar as posições devido a deficiências nas reservas.

Na direção sul de Donetsk, os russos ganharam posição nos arredores de Krasnogorovka. As tentativas ucranianas de contra-ataque não tiveram sucesso.

No início desta semana, grupos de assalto russos entraram na aldeia de Ivanovskoe, localizada a oeste de Artemovsk. No final da semana, relatórios preliminares afirmavam o controle total da Rússia sobre o assentamento. Embora não haja confirmação oficial, a operação de limpeza e os combates nas periferias continuam, mas é pouco provável que o exército ucraniano detenha a ofensiva russa. Ao mesmo tempo, as forças russas já se aproximaram do principal reduto ucraniano na região, em Chasov Yar, onde as posições ucranianas são constantemente atacadas por bombas pesadas russas.

O principal sucesso do exército russo foi o avanço devastador a oeste de Avdeevka. Depois de completar as operações de limpeza em Lastochkino, Severnoe e Stepovoe, os militares russos romperam a principal linha de defesa ucraniana na região e quase assumiram o controlo total da mesma. Os militares ucranianos não têm qualquer hipótese de recuperar a iniciativa e já estão a recuar através das estepes sob forte fogo da artilharia russa.

Os fomentadores da guerra da OTAN compreendem claramente o fracasso da sua candidatura a Kiev nesta guerra e já não escondem os seus planos de entrar nas batalhas no terreno. Em resposta, as elites políticas russas, bem como o seu complexo militar-industrial, demonstram a sua total disponibilidade para qualquer desenvolvimento do conflito. Apesar de todos os esforços dos líderes ocidentais para o esconder, a Rússia tem lutado com um contingente militar da NATO na Ucrânia há anos. Os soldados russos já adquiriram experiência bem sucedida no confronto com a máquina militar ocidental no campo de batalha. Enquanto os soldados europeus e americanos são alimentados pela propaganda ocidental sobre esta guerra e têm pouca ideia do que poderão enfrentar nas estepes ucranianas.

Ler/Ver em South Front:

Oficiais alemães discutem plano para atacar a ponte da Crimeia com mísseis em gravação vazada

Forças de segurança russas frustram carro-bomba na Crimeia (vídeo)

Forças russas completam ataque em Ivanovskoe, aproximando-se de Chasov Yar (18+) -- vídeo

A Transnístria pode tornar-se o gatilho para uma guerra mais ampla

Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Já se sabe, após a admissão tácita do chanceler alemão Scholz na semana passada, que a guerra por procuração entre a OTAN e a Rússia na Ucrânia se transformou numa guerra não declarada mas limitada, mas este tênue estado de coisas poderia facilmente desmoronar num conflito incontrolável se a Transnístria cair.

Houve alguma especulação na semana passada de que a região separatista não reconhecida da Moldávia, a Transnístria, poderia tornar-se o fio condutor de uma guerra mais ampla, depois de o seu parlamento ter solicitado assistência russa para aliviar o bloqueio económico que Chisinau e Kiev lhe impuseram. Tiraspol também solicitou os esforços diplomáticos de Moscovo para relançar as negociações paralisadas sobre o seu estatuto, todas as quais o Kremlin prometeu considerar devido ao facto de cerca de metade dos 450.000 residentes da região serem cidadãos russos.

Foi há quase exactamente um ano, no final de Fevereiro de 2023, que os altos escalões da Rússia alertaram que a Ucrânia estava a planear uma provocação de bandeira falsa na Transnístria que seria levada a cabo por militantes de Azov em uniformes russos. Foi analisado aqui na altura, mas nada aconteceu, muito provavelmente porque o Ocidente estava hiperconcentrado na preparação para a contra-ofensiva fracassada daquele Verão. No entanto, meio ano depois de esse desastre se ter tornado inegável, a Transnístria está agora de volta às notícias.

O Ocidente preferiria forçar a capitulação política daquela região através de meios económicos, a fim de obter uma vitória gratuita para aumentar o moral, enquanto a Ucrânia luta para conter os ganhos da Rússia após a sua vitória em Avdeevka no final do mês passado. Isto explica o bloqueio, a guerra de informação antigovernamental e a infiltração especulativa de agentes de células adormecidas naquela região, que se tornaram cada vez mais insuportáveis ​​para as autoridades locais e, portanto, a razão pela qual solicitaram o apoio russo.

Se a situação se deteriorar, seja como resultado da pressão acima mencionada ou devido a uma provocação nos moldes daquela sobre a qual a Rússia alertou no ano passado, então esta região separatista poderá tornar-se o fio condutor de uma guerra mais ampla. Já se sabe, após a admissão tácita do chanceler alemão Scholz na semana passada, que a guerra por procuração entre a OTAN e a Rússia na Ucrânia se transformou numa guerra não declarada mas limitada , mas este tênue estado de coisas poderia facilmente desmoronar num conflito incontrolável se a Transnístria cair.

A Rússia tem mais de 1.000 soldados da paz no país, de acordo com um acordo anterior da década de 1990 com a Moldávia, que hoje quer que eles saiam , além de aproximadamente 200.000 cidadãos daquela região. O primeiro poderia ser facilmente dominado por uma ofensiva conjunta da Moldávia e da Ucrânia, apoiada pela Roménia, deixando assim a segurança do segundo à mercê dos dois. A Rússia não poderia ficar de braços cruzados enquanto isso acontecia, mas também não pode intervir convencionalmente para evitar esse cenário, uma vez que lhe falta uma “ponte terrestre” para a Transnístria.

O Presidente Putin pode, portanto, sentir-se compelido a “escalar para desescalar”, ordenando uma salva total de mísseis contra as forças atacantes moldavas e ucranianas apoiadas pela Roménia e/ou possivelmente usando armas nucleares tácticas, de acordo com o que foi recentemente relatado sobre o limiar supostamente baixo do seu país. . Também não se pode excluir que a infra-estrutura de apoio dentro da Roménia possa ser atingida com munições convencionais para este fim, apesar do risco de activação do Artigo 5º se ele calcular que o bloco recuaria.

Começar a Terceira Guerra Mundial sobre a Transnístria parece absurdo, e é por isso que nem a Rússia nem a OTAN provavelmente arriscariam, mas cada uma poderia tentar infligir grandes danos à reputação da outra, no caso de o Ocidente agir primeiro, autorizando a Moldávia e/ou apoiada pela Roménia Ucrânia para capturar aquela região. A OTAN poderia considerar este “fruto mais fácil” que poderia elevar o moral ocidental neste momento difícil, enquanto a Rússia poderia testar o Artigo 5, conforme explicado acima, se não esperar uma retaliação directa e esmagadora.

Caso este cenário continue a ser administrável, o que não pode ser dado como certo, a Rússia perderia a Transnístria juntamente com os seus mais de 1.000 soldados e pelo menos um quinto de um milhão de cidadãos (que provavelmente não seriam massacrados, mas sofreriam sob a ocupação). ), enquanto o artigo 5.º ficaria desacreditado. É do interesse de ambos os lados evitar este resultado mutuamente prejudicial, mas isso só pode acontecer dissuadindo-o através da retoma das conversações de paz ou, mais arriscadamente, pela Rússia “escalando para desescalar” se for forçada a fazê-lo.

* Analista político americano especializado na transição sistémica global para a multipolaridade

Andrew Korybko é regular colaborador em Página Global há alguns anos e também regular interveniente em outras e diversas publicações. Encontram-no também nas redes sociais. É ainda autor profícuo de vários livros.

A fraqueza do Império é que ainda precisa de pessoas normais para suas engrenagens

Caitlin Johnstone* | Caitlin Johnstone.com | # Traduzido em português do Brasil

O meio de propaganda imperial The New York Times está atualmente envolvido num enorme escândalo devido às suas reportagens que alegam violações em massa no dia 7 de outubro – e o escândalo está a ser alimentado em parte por fugas de informação provenientes do seu próprio pessoal.

Caso você não esteja acompanhando a história, em dezembro o Times publicou um artigo intitulado “' Gritos sem palavras': como o Hamas arma a violência sexual em 7 de outubro ”, que estava repleto de buracos gritantes na trama que foram expostos por pesquisas de lojas como The Grayzone Electronic Intifada Mondoweiss . Mais tarde, com a ajuda de uma conta anônima no Twitter chamada zei_squirrel , descobriu-se que um dos três autores do artigo do New York Times – Anat Schwartz – é um veterano da inteligência israelense que apoia o genocídio e que nunca havia trabalhado com jornalismo antes, e que outro autor da peça - um escritor de culinária chamado Adam Sella - é sobrinho de seu parceiro.

No final de janeiro, uma reportagem do The Intercept revelou que havia um grande conflito interno no The New York Times sobre a força da reportagem em “Screams Without Words”, com um podcast do Times dedicado ao artigo adiado e depois abandonado quando a equipe não conseguiu. Não concordam se devem manter o relatório original e arriscar uma retratação embaraçosa, ou apresentá-lo sob uma luz menos certa e anunciar tacitamente que não tinham confiança no seu relatório. 

Outro dia, o The Intercept publicou um artigo de acompanhamento que incluía mais informações de fontes do New York Times, bem como confissões contundentes que Schwartz fez em hebraico num podcast israelense sobre o processo de publicação de “Screams Without Words”. Os comentários de Schwartz deixam claro que onde quer que ela olhasse no início da sua investigação não havia nenhuma evidência de agressão sexual, só encontrando “evidências” quando ela passou para fontes completamente desacreditadas como o grupo ultra-ortodoxo Zaka. Também deixa claro que foi o The New York Times quem abordou Schwartz para ajudar a escrever “Screams Without Words” por sua própria iniciativa – portanto este escândalo é todo deles.

Mais lidas da semana