quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Angola | O Incansável Corredor do Lobito – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Agostinho Neto nasceu na aldeia de Kaxicane, Icolo e Bengo. Estudou em Luanda e concluiu o ensino secundário no Liceu Salvador Correia. Arranjou trabalho nos Serviços de Saúde onde ganhou algum dinheiro para estudar Medicina em Portugal. Angola não tinha ensino superior e liceus até ao sétimo ano (curso complementar ou pré-universitário) só em Luanda e no Lubango (Liceu Diogo Cão). Conseguiu fundos e foi para Coimbra onde se matriculou na Faculdade de Medicina. Para ser mais útil nas suas actividades políticas a favor da Independência das colónias, foi para Lisboa onde concluiu a licenciatura em Medicina.

Pelo meio os colonialistas prenderam-no e para ficar mais isolado foi transferido para a cadeia da PIDE no Porto. A sua noiva, Maria Eugénia, ia visitá-lo. Libertado, voltou à prisão em Lisboa. Regressou a Luanda e começou a exercer Medicina. Abriu um consultório no musseque onde dava assistência médica e medicamentosa aos angolanos, gratuitamente. Foi preso quando atendia um  doente e deportado para Lisboa. Libertado, foi novamente deportado para Cabo Verde. Como já era médico e tinha a especialidade de doenças tropicais, foi nomeado delegado de saúde na Ilha de Santo Antão. Foi novamente preso e enviado sob prisão para Portugal donde fugiu com a família. 

No momento da fuga já era o Presidente de Honra do MPLA. Em 1963, foi eleito presidente do Comité Director e desde então dirigiu a Luta Armada de Libertação até proclamar a Independência Nacional aos primeiros segundos do dia 11 de Novembro de 1975. Chamamos-lhe Manguxi, Kilamba ou o Pai da Nação Angolana. Nosso Pai. Nosso Líder até morrer.

José Eduardo dos Santos nasceu no Sambizanga. Estudou no Liceu Salvador Correia. No final do ensino secundário, nas férias da Páscoa, foi juntar-se à guerrilha do MPLA no Exército Popular de Libertação de Angola (EPLA). No âmbito da política da formação de quadros, foi estudar no Instituto de Petróleo e Gás de Baku, União Soviética, tendo-se licenciado em Engenharia de Petróleos no ano de 1969. Ainda na URSS, depois de terminados os estudos superiores, frequentou um curso militar de Telecomunicações, que o habilitou a exercer, de 1970 a 1974, funções nos Serviços de Telecomunicações na II Região Político-Militar do MPLA, em Cabinda. 

José Eduardo dos Santos, em Setembro de 1974, foi eleito membro do Comité Central e do Bureau Político do MPLA. Em Junho de 1975, passou a coordenar o Departamento de Relações Exteriores. Com a proclamação da Independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, foi nomeado Ministro das Relações Exteriores. 

Após o falecimento de Agostinho Neto, foi eleito Presidente do MPLA a 20 de Setembro de 1979 e investido, no dia seguinte, nos cargos de Presidente do MPLA-Partido do Trabalho, de Presidente da República Popular de Angola e comandante-em-chefe das FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola). Derrotou os invasores estrangeiros, pôs o poder em disputa nas primeiras eleições multipartidárias, construiu o regime de democracia representativa, esmagou a rebelião armada do criminoso de guerra Jonas Savimbi. É o nosso Arquitecto da Paz. Num momento de grande infelicidade escolheu João Lourenço para seu sucessor na Presidência da República.

João Lourenço nasceu no Lobito entre a Kanata e os Morros, desde a Restinga às portas da Catumbela. Na biografia oficial diz que “fez os seus estudos primários e secundários na província do Bié”. Secundário, só existia o Colégio dos Maristas (até ao quinto ano do liceu). Mais a Escola Comercial e Industrial (ensino técnico). Podia bem dizer onde estudou.

Na mesma biografia oficial diz que “deu continuidade aos seus estudos, em Luanda, na então Escola Industrial e no Instituto Industrial”. Pode ser que seja verdade. Concluiu algum curso? Que mostre os certificados. Por fim diz que é “licenciado em ciências históricas” na União Soviética. Esta parte é verdade. Confirmei com os seus colegas que foram fazer cursos superiores de guerra naquele país. Em 1974, João Lourenço foi a correr marcar lugar no MPLA e à custa do partido fez toda a sua carreira e fortuna. Os amigos chamam-lhe o Corredor do Lobito porque o senhor corre desalmadamente atrás do dinheiro dos outros e das comissões. Consegue mesmo. Chega sempre primeiro que os outros. Grande corredor!

Por dinheiro ele corre da Cidade Alta à Casa dos Brancos, sejam os 100 metros com ou sem barreiros, os mil metros, os cinco mil ou mesmo a maratona. Um corredor do Lobito, incansável quando lhe cheira a dinheiro

O Corredor do Lobito deu um banquete no Palácio da Cidade Alta que reputo de pornográfico. Algumas damas ostentavam vestidos dos melhores costureiros no mundo da moda. Pareciam baleias metidas em coletes-de-forças para malucos. A primeira dama dava nas vistas por que tinha o rosto feito num oito.  O Presidente da República pode convidar os seus colaboradores para um convívio no período das festas? Pode. Mas sem a ostentação boçal dos colonos, que não perdiam a mínima oportunidade para mostrarem “aos pretos” que estavam acima deles na escala social, mesmos sendo analfabetos de pai e mãe.

A primeira-dama Ana Dias Lourenço tratou das brinquedotecas. As meninas conmvidadas para o banquete levavam vibradores suaves e os meninos as histórias do príncipe com orelhas de burro e o rei vai nu. É danada para a brincadeira!

João Lourenço, o incansável Corredor do Lobito pode correr, correr, correr na gosma do dinheiro dos outros. Mas como líder do MPLA não pode envergonhar todos os seus militantes que ainda acreditam nos valores e princípios defendidos pero partido. 

Está na hora de mandar o corredor do lobito embora. Correr com corrida e já! 

* Jornalista

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