Durante anos, existiram palavras que entraram forçosamente para o léxico político angolano. Parece até que existe um laboratório especifico para inventar, ensaiar, orientar e coagir todos os governantes a se expressarem de igual modo. É como um coral religioso que ensaia nos dias marcados e a primeira oportunidade que tem dá logo um espectáculo espectacular!
Nos anos de conflito pós eleitoral de 1992, triste memória colectiva sem dúvidas. Quando se faziam as negociações para a paz. De tantos avanços e recuos diziam os políticos “o processo de paz está pendente”.” O País não se desenvolve por causa de guerra.” E outras palavras próprias do mau ambiente militar se produziram. Mais tarde com a chegada da inequívoca e indestrutível paz, de facto os termos e as terminologias alteraram. JES passou a ser o arquitecto da paz, os demais pedreiros, ajudantes… Reconciliação e reconstrução nacional. Falou-se ou fala-se mais de reconstrução nacional do que reconciliação nacional. Um meu amigo de longa data, põe em xeque a expressão reconstrução, entende ele que depois de 1975 não se construiu o País, até porque o conflito pós independência dividiu-o e despedaçou-o. Agora estando em paz é inconcebível que se fala em reconstrução. E concluiu os políticos não dão conta do erro que cometem. Parece ser uma excelente reflexão!
Noto com alguma preocupação o paradoxo “o colono português construiu escolas (exemplo de Benguela é construção da escola do i ciclo Comandante Kassanji, vulgarmente chamado por liceu que é de dois pisos e todos extras enquanto governo actual raramente (re) constroi escolas mas sim salas de aulas”.
Chorou-se a conferência de doadores que comunidade internacional faria para Angola, não se realizou. Quiçá por desconfiança ou ostentação de muitos governantes angolanos. Partiu-se para o “bolo chinês”.Angola passou a ser um canteiro de obras. Tudo que se fazia (faz) bem ou mal, estradas, hospitais… Era porque o País era (é) um canteiro. Quando começaram a inaugurar outra frase” graças a visão estratégica do camarada Presidente”. Parecia que quem assim não falasse estaria a procurar protagonismo particular. Numa palestra em que participei um jornalista da imprensa pública, questionou-se porque tinha sido indicado cobrir uma doação de um saco de arroz por um político. Tudo mundo na sala fartou-se de rir. Apenas para acrescer que as vezes vemos “inaugurações de papeis” e ainda por cima abusando da clarividência do camarada Presidente.
A pós a tomada de posse do nosso executivo, surgiu ” vamos falar pouco e fazer mais.”Todos os novos e antigos governantes assim disseram. Já se esqueceram? Antes e depois do balanço do congresso extraordinário do MPLA deste ano. Lembram-se de Adão e Eva quando pecaram. O senhor perguntou Adão porquê fizeste isto? E ele respondeu a mulher que você me deu é que me traiu. É semelhante com justificação de que a crise económica e financeira internacional parou o País com se fosse a única causa do insucesso do chamado “desgovernar bem”. Depois surge uma panaceia “estamos a trabalhar”Meus senhores, trabalhar sempre estiveram agora trabalhar bem ai já é muito questionável.
Muitas vezes penso que existe uma escola de” formadores de discursos”.Ou como uma vez escreveu um semanário robots e guiado por um controlo remoto. Ninguém põe em causa que todos os seres humanos são racionais porém somente um inventa até parece ideologia. Quero dizer que estou ainda na primeira fase, é fácil aprender.
**Domingos Chipilica Eduardo em Benguela
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