Os activistas que desde sexta-feira estão concentrados no Rossio, em Lisboa, anunciaram que vão passar mais uma noite de vigília nesta praça emblemática de Lisboa e que novas iniciativas serão anunciadas este domingo.
De acordo com o grupo de informação e comunicação dos activistas do movimento 19M, os participantes decidiram que vão permanecer mais uma noite, durante a qual deverão trabalhar ideias que desde sexta-feira estão a ser reunidas.
"A única coisa que está garantida é que vamos continuar cá mais um dia e apelar à população que se junte a este causal de protesto", disse um elemento deste grupo à agência Lusa.
A decisão foi anunciada no seguimento do trabalho de vários grupos "criados espontaneamente" na madrugada de sábado para as áreas da logística, comunicação e informação, cultura, assessoria jurídica e de segurança, acção directa, manifestações e manifesto.
Estes grupos elaboraram várias propostas que foram na noite de sábado apresentadas, debatidas e decididas em "assembleia popular".
Os activistas marcaram esta noite uma nova "assembleia popular" para as 18 horas de domingo, adiantou à Lusa o mesmo activista.
Um manifesto entretanto aprovado refere que uma das "premissas principais" do movimento é "devolver à democracia o seu verdadeiro sentido: um governo dos cidadãos, uma democracia participativa". Exige, além disso, "uma deontologia para os políticos que assegure as boas práticas".
"Não apelamos à abstenção. Exigimos que o nosso voto tenha uma influência real na nossa vida", lê-se no documento, que pode ser consultado na Internet, nomeadamente na rede social Facebook e que é adaptado do manifesto da Puerta del Sol para a realidade portuguesa.
A Puerta del Sol, em Madrid, é o centro dos protestos contra a crise e o desemprego que levaram já milhares de espanhóis a acamparem numa "cidade improvisada".
Em Lisboa, e depois de se terem concentrado junto à Embaixada de Espanha, na Rua do Salitre, cerca de duas centenas de jovens espanhóis e portugueses concentraram-se na sexta-feira à noite na Praça D. Pedro IV para dar início a uma "assembleia popular" onde cada um dos manifestantes pode "partilhar as suas ideias".
Entre as ideias apresentadas está o fim do capitalismo, da globalização e da pena de morte, mas também o apoio aos manifestantes espanhóis "acampados" na praça da Puerta del Sol, em Madrid, há cinco dias, tal como a necessidade de uma "nova política".
De acordo com o manifesto do movimento, conhecido por "19M -- Revolução Portuguesa", "o descrédito da política trouxe consigo um sequestro das palavras, por parte de quem detém o poder". "Devemos recuperar as palavras e dar-lhes significado, para que não se manipule com a linguagem e se deixe a cidadania indefesa e incapaz de uma acção coesa", defendem os activistas.
"Os exemplos de manipulação e sequestro da linguagem são numerosos e constituem uma ferramenta de controlo e desinformação", prossegue o texto.
Sem comentários:
Enviar um comentário