quinta-feira, 23 de agosto de 2012

MARCHA EM BRASÍLIA SELA UNIDADE DOS MOVIMENTOS DO CAMPO

 


Cerca de 10 mil pessoas participaram da marcha dos movimentos sociais do campo, em Brasília. Uma comitiva de mulheres representando as 13 organizações que gestaram o encontro foi recebida pelo ministro da secretária geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Segundo Alexandre Conceição, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no momento não há o que negociar com o governo, apenas informá-lo sobre o que estão pensando as organizações que estão iniciando um processo de aproximação.
 
Vinicius Mansur – Carta Maior
 
Brasília - Com cerca de 10 mil pessoas percorrendo a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, os movimentos sociais do campo terminaram o seu Encontro Unitário. A marcha terminou em frente ao Congresso Nacional, mas antes os militantes passaram pelo Palácio do Planalto, armaram barracos de lona na Praça dos Três Poderes e estenderam faixas cobrando a reforma agrária da presidenta Dilma Rousseff.

Uma comitiva de mulheres representando as 13 organizações que gestaram o encontro foi recebida pelo ministro da secretária geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Entretanto, não houve qualquer negociação, apenas a entrega da
declaração final do encontro. Não houve qualquer negociação.

Segundo Alexandre Conceição, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no momento não há o que negociar com o governo, apenas informá-lo sobre o que estão pensando as organizações que estão iniciando um processo de aproximação. “Essa unidade se dá em cima da construção de um projeto popular e da necessidade da reforma agrária, que está parada no governo. Teremos um calendário para a construção dessa unidade e a ideia é ter agora seminários estaduais de todos esses movimentos”, disse.

O dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Willian Clementino, afirmou que a marcha serve para dizer ao governo não duvidar da capacidade dos trabalhadores. Carmem Foro, vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o dia de hoje é marcante para o futuro da luta no campo. “Não viremos mais para Brasília isolados”, alertou. Ela ainda apontou que a CUT se empenhará em construir a aliança “operária e camponesa” e chamou atenção para importância da construção da unidade nos territórios, municípios e estados.

A declaração final do Encontro Unitário aponta que esta nova articulação busca responder ao “projeto de remontagem da modernização conservadora da agricultura, iniciada pelos militares, interrompida nos anos noventa e retomada como projeto de expansão primária para o setor externo nos últimos doze anos, sob a denominação de agronegócio, que se configura como nosso inimigo comum”. De acordo com o texto este projeto produz “desigualdades nas relações fundiárias e sociais no meio rural, aprofunda a dependência externa e realiza uma exploração ultrapredatória da natureza” e tem como protagonistas “o capital financeiro, as grandes cadeias de produção e comercialização de commodities de escala mundial, o latifúndio e o Estado brasileiro nas suas funções financiadora – inclusive destinando recursos públicos para grandes projetos e obras de infraestrutura – e (des)reguladora da terra”.

A insatisfação dos movimentos sociais do meio rural com o governo Dilma é grande. Eles afirmam que em seus dois anos de mandato não houve nenhum decreto para desapropriação de terras para a reforma agrária. Os movimentos indígena e quilombola também elencam uma longa lista de violações de seus direitos por parte do Estado. Por outro lado, a senadora e principal representante do agronegócio, Kátia Abreu (PSD-TO), foi recebidas inúmeras vezes por Rousseff, dando margem, inclusive, para especularem o nome da ruralista para comandar o Ministério da Agricultura em 2013.

Além da Contag e do MST, fazem parte desta articulação de movimentos do campo a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), a Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), a Cáritas Brasileira, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), 0 Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento Camponês Popular (MCP), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf).

Fotos: Antonio Cruz/ABr

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