quarta-feira, 3 de abril de 2024

Novo governo em Portugal. Montenegrinos com manual de Cavaco tomaram posse

Bom dia já à tarde. Vem aí o Curto do Expresso por Margarida Cardoso. O foco de abertura até parece impossível. Mas não. Existem privilegiados neste mundo que têm consciência que são ricos em estado imoralmente escandaloso e injusto. Por isso podemos considera-los com boa dose de decência e de humanidade. Aconselhamos a ler mais em baixo. Gloria aos conscientes e justos, pelo menos nesse aspeto.

O Curto trás a seguir o novo governo da direita com um pseudo socialdemocrata a chefiá-lo. Montenegro… Na realidade um monte de réstias de Cavaco Silva de má memória, um salazarista ex-PIDE/DGS. Com a arrogância igual e a repousar na almofada com que conta (mal) chamada Chega – uns cacos de nazifascismo em que portugueses desmiolados votaram ao som de Oh Tempo Volta P’ra Trás. E isso será pior que o salazarismo fascista em que dificilmente sobrevivemos (muitos não) durante 48 anos. O governo de Montenegro, PSD/CDS, está para provar ao que vem e que vida montenegrina reserva aos milhões de portugueses que até julgavam que ele era socialdemocrata e disso se afirmava enquanto oposição à maioria do Partido Socialista e na campanha eleitoral que terminou numa vitória pífia para a AD. Assim sendo estamos para ver e sofrer. Precipitado ou não, para muitos portugueses vem aí a negritude ignominiosa característica dos procedimentos da direita revanchista e pseudodemocrática. Nisto o tempo será o melhor conselheiro. Para o povoléu seria bom e surpreendente que a perspectiva aqui expressa não acontecesse. Logo veremos.

A seguir o Curto trás a cultura em podcastes e em literatura, e mais. Vão nessa e sigam o que a todos alguém ensinou: “Aprender. Aprender sempre”. Isso ajuda muito a vivermos e a resistir aos déspotas e aos intrujões da política e da vida.

Passem bem. Parece que hoje pouco choverá. A temperatura ambiente está mais a modos de primavera. Que bom.

Bom dia e boa luta pela sobrevivência contra aldrabões das falsas promessas políticas que bem conhecemos e nos vitimizam. A nós, milhões de portugueses.

Bela Cepeda | Redação PG - Imagem novo governo: João Relvas/Lusa

Ela quer pagar mais impostos

Margarida Cardoso, jornalista | Expresso (curto)

Bom Dia!

Começo por lhe fazer um convite: hoje, às 14h00, “Junte-se à Conversa” com David Dinis e João Diogo Correia para falar sobre “O Governo e os sinais da posse”. Inscreva-se aqui.

Bem-vindo a mais um Expresso Curto 56 anos depois de Martin Luther King proferir o seu último discurso: I´ve Been to the Mountaintop. Foi assassinado no dia seguinte.

Numa convenção seriam poucos, mas eles andam por aí e por estranho que pareça querem pagar mais impostos. Marlene Engelhorn, herdeira da multinacional BASF, é apenas uma das protagonistas deste movimento de milionários que pede uma revolução fiscal para combater a desigualdade.

“Nasci numa família rica e vou herdar uma fortuna para a qual nunca tive de trabalhar”. É assim que a jovem ativista austríaca de ascendência alemã se apresentou no site do grupo Millionaires for Humanity, ao lado de outros herdeiros como Abigail Disney, neta de Walt Disney, a pedir aos governos de todo o mundo para taxarem as grandes fortunas em 1%.

O tema não está na agenda do novo Governo da AD que tomou posse na terça-feira e, em geral, quando alguém levanta a voz para falar de impostos em Portugal é para reclamar uma descida da carga fiscal. O mais comum, é exigir o fim do imposto de selo, mas também do IMT ou do ISV, a par de cortes no IRC, embora também seja possível falar de caviar. Mas a economista Susana Peralta sustenta que “devíamos de andar a falar muito mais de um novo imposto sobre a propriedade”.

“O caminho até lá chegar será longo. Pode até demorar uma eternidade, mas isso não é razão para não haver debate”, diz ao Expresso. “Quando se começou a falar no imposto sobre o rendimento, também parecia algo impossível e, de alguma forma, apesar de todas as imperfeições, ele existe. Aliás, a tributação da riqueza também é uma forma de corrigir imperfeições do imposto sobre o rendimento. Precisamos é de um mínimo de coordenação internacional, porque quanto mais países concordarem em avançar, mais eficaz será”, argumenta.

Pela frente, há toda a questão conceptual relativa à forma de estimar o valor da propriedade para efeitos de tributação, mas Susana Peralta acredita que “tudo é uma construção política”. O primeiro passo, diz, é mapear a propriedade dos ativos, uma vez que “sem um registo coerente será difícil avançar”.

E será preciso “avançar de forma cautelosa”, admite. Desde logo, colocando o foco inicial no patamar mais elevado de riqueza. “A ideia é começar pelos 500 mais ricos do mundo, mesmo que futuramente se venha a descer a fasquia, à medida que formos aprendendo e afinando instrumentos”, precisa.

Até nos Estados Unidos, onde residem 186 das 500 pessoas mais ricas do mundo, o presidente Joe Biden já propôs ao Congresso impostos mais altos para as grandes fortunas do país e, no último discurso do Estado da União, em março, insistiu no tema como parte da sua proposta orçamental para o ano fiscal de 2025. Na pandemia, o próprio Fundo Monetário Internacional sugeriu a tributação temporária das grandes fortunas para ajudar a financiar os custos da Covid-19. O Brasil, na presidência do G20 até novembro, também deu sinais de querer um acordo internacional para taxar os mais ricos. Na Europa, o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, deixou claro que “a França estará na vanguarda” desta revolução fiscal.

Quanto aos números, falam por si: De acordo com um relatório do banco suíço UBS, o mundo tem 2.544 bilionários. São mais 7% do que em 2022 e a sua riqueza total engordou 9% no ano passado, para 12 biliões de dólares.

ranking dos mais ricos do mundo da revista norte-americana Forbes, divulgado esta terça-feira, apresenta um recorde de 2.781 milionários. Liderados por Bernard Arnaud e família (LVMH), com 322 mil milhões de dólares, Elon Musk (195 mil milhões) e Jeff Bezos (194 mil milhões), detêm em conjunto um valor agregado de 14,2 biliões de dólares, mais 2 biliões do que em 2023 ou mais um do que no anterior recorde, de 2021. O único nome português nesta lista é o de Maria Fernanda Amorim, viúva de Américo Amorim, no 522º lugar, com 5,2 mil milhões. Uma das novas entradas é a de Taylor Swift.

Com base no último relatório Evasão Fiscal Global 2024 da UE, de que é coautor, o economista Gabriel Zucman concluiu que um imposto mínimo de 2% sobre estas grandes fortunas, abrangendo menos de 3 mil pessoas no mundo, permitiria obter qualquer coisa como 250 mil milhões de dólares adicionais por ano para combater as desigualdades. Em euros, estamos a falar de 231 mil milhões ao câmbio atual, um valor muito próximo do PIB português (€266 mil milhões em 2023).

OUTRAS NOTÍCIAS

Governo Luís Montenegro e mais 17 ministros tomaram posse na terça-feira. No seu discurso, o novo primeiro-ministro deixou claro que o Governo “não está de turno”, admitiu não pensar na demissão se o OE 2025 for chumbado na Assembleia da República, podendo até governar em duodécimos. Na cerimónia, marcada pelas ausências de Pedro Nuno Santos, BE e PCP, pediu “humildade” à oposição. Já António Costa, pediu para ser ouvido pela justiça o mais rapidamente possível. É o tema do podcast Expresso da Manhã. E já agora: Sabe quem é o líder da oposição?

Saúde A violência contra os profissionais de saúde está a aumentar. Em 2023, foram registados 2.100 incidentes.

Trabalho As empresas tecnológicas recrutam cada vez mais profissionais no espectro do autismo. Saiba porquê.

Energia A Iberdrola emagrece o mega-projeto eólico no Tâmega para salvaguardar o lobo ibérico.

Futebol O Sporting é o primeiro finalista da Taça de Portugal, depois de ir à Luz empatar 2-2 com o Benfica. “Continuamos no campeonato e na Liga Europa", reage Roger Schmidt. O Jamor é “sempre especial”, comenta Rúben Amorim. Porto e Guimarães disputam a outra meia final esta quarta-feira.

Guerra Israel - Hamas A ONG World Central Kitchen decidiu suspender atividades na Faixa de Gaza, após a morte de sete funcionários de ajuda humanitária num ataque aéreo israelita. Em Israel, o parlamento aprovou a proposta do governo para permitir o encerramento de órgãos de comunicação estrangeiros e o canal Al-Jazeera deixa de ser difundido no país. Em Portugal, a embaixada israelita chamou as autoridades depois de receber um envelope suspeito.

Ucrânia Não há uma ameaça “iminente” de guerra com a Rússia, garantiu a embaixadora dos Estados Unidos na NATO antes de rejeitar “botas da aliança” na Ucrânia. A Inditex está de regresso a Kiev com as suas sete marcas de moda. Foi assim o 779º dia de guerra.

Finlândia Uma criança morreu e duas sofreram ferimentos graves após um ataque a tiro numa escola.

Taiwan Um sismo de magnitude superior a 7 na escala de Richter fez pelo menos quatro mortos e 700 feridos.

FRASES

O mundo está pior em 2024 do que em 2023, e pode piorar, dependendo da influência das eleições norte-americanas
Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, na posse do Governo

Se o senhor Ruben é o tal ‘grande traficante’, como é que justificam a quantidade de produtos estupefacientes que continua a ser apreendida todos os dias?
Vítor Parente Ribeiro, advogado, em declarações aos jornalistas, no arranque do julgamento de “Xuxas”, onde se falou mais de açaí do que de cocaína

A eventual reintrodução do Serviço Militar Obrigatório em Portugal é uma matéria que não deverá ser vista numa lógica redutora de solucionamento de carência de efetivos
Estado Maior General das Forças Armadas, chefiado pelo General Nunes da Fonseca, sobre o eventual regresso daquele serviço

PODCASTS A NÃO PERDER

A 1 de abril de 1964, o Brasil mergulhou numa ditadura. No podcast O Mundo a Seus Pés, o professor Renato Lessa explica como os ecos desse tempo ainda perduram na sociedade brasileira

“Parece quase antagónico dizermos que do pior veio mesmo o melhor, mas a verdade é que a dor tem um propósito revolucionário que é o de crescermos e melhorarmos. Podemos crescer pela dor ou pelo prazer, mas está provado que 99% das pessoas crescem pela dor”. As palavras são de Sofia Manso, CEO da Academia da Felicidade, no Podcast o CEO É o Limite

Na música, a Inteligência Artificial promete fazer de cada humano um potencial compositor: “O que vai acontecer é um empoderamento gigante de centenas de milhões de pessoas que vão passar a poder fazer mais música com inteligência artificial”, prevê André Miranda, líder da startup Musiversal no podcast O Futuro do Futuro

O QUE ANDO A LER

Judas. Foi o nome que ditou a escolha deste livro de Amos Oz para me acompanhar no fim-de-semana prolongado da Páscoa. Esta história sobre a traição para lá do romance, apanha-nos no inverno de 1959-1960, mas puxa-nos até à guerra que dividiu Jerusalém 10 anos antes e à tragédia palestiniana. Tudo pela mão de Samuel Asch e de uma tese de doutoramento sobre Jesus Visto pelos Judeus em que Judas se revela muito mais do que um simples discípulo traidor, palavra também colada por alguns ao escritor israelita, crítico da ocupação dos territórios palestinianos.

O livro que se segue é uma sugestão da Cátia Barros, minha colega na delegação Norte do Expresso: Uma valsa com a Morte, de João Tordo, é um conjunto de textos que explora a relação entre o ser humano e aquilo que o rodeia. Com os pensamentos do autor português somos levados a refletir sobre a presença da morte na nossa vida. Numa série de reflexões melancólicas, somos levados a pensar sobre como nos relacionamos com o outro, com as redes sociais e com a espiritualidade. Uma visão sobre os dias de hoje que nos leva a pensar em assuntos da atualidade como a guerra, os guias espirituais, a moda dos livros de autoajuda e a #gratidão partilhada nas redes sociais. Mas uma coisa é certa: “Ninguém sobreviverá para ver os resultados de uma vida inteira”.

Cento e dois anos depois do nascimento da atriz e cantora norte-americana Doris Day (1922 - 2019), termino este curto com um convite para a ouvir em Whatever Will Be, Will Be (Que sera, sera) ou para a reencontrar no original de O Homem que Sabia Demais, de Alfred Hitchcock.

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Boas leituras

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