quinta-feira, 23 de agosto de 2012

BRASIL ENFRENTA “DESINDUSTRIALIZAÇÃO” PRECOCE

 

Jornal de Notícias
 
O Brasil está a atravessar um processo de "desindustrialização" precoce, que afasta o país das economias avançadas, indica um estudo de três economistas da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
 
André Nassif, Carmem Feijó e Eliane Araújo consideraram dados como a perda de peso da indústria transformadora no Produto Interno Bruto (PIB) e na criação de empregos e a comparação da produtividade do trabalho da indústria brasileira com a da norte-americana.
 
"À medida que as economias se desenvolvem e alcançam um estado de bem-estar e alto PIB per capita, acontece uma perda de participação da indústria e um aumento do setor de serviços. Mas, em economias intermédias, essa perda de participação pode ser danosa para o crescimento", disse à agência Lusa André Nassif, economista da UFF e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
 
O peso da indústria brasileira de transformação no crescimento da economia caiu de 31,3 por cento em 1980 para 14,6 por cento em 2001.
 
Na comparação entre a produtividade do trabalho nas indústrias do Brasil e dos EUA, a brasileira representava entre 36,7 por cento e 41,7 por cento da norte-americana nos anos 70, passou para 25 por cento nos anos 80, voltou a crescer nos anos 90, e chegou a menos de 16 por cento em 2008, segundo os economistas.
 
Ao contrário do que se propaga atualmente, o estudo demonstra que o Brasil não está a ir tão bem quanto parece, ao contrário de outros países emergentes, como a China.
 
"O estudo indica que o país está a ficar para trás, a afastar-se dos avançados", diz Nassif, que atribui a diminuição da desigualdade e o crescimento da classe média no país a programas de transferência de rendimento e não necessariamente ao desenvolvimento sustentado da economia.
 
Na conclusão do estudo, entretanto, Nassif deixa uma nota otimista ao afirmar que ainda há tempo de reverter a situação, para que o crescimento do Brasil não seja limitado.
 
Para que isso aconteça, o estudioso aponta como essenciais os investimentos em tecnologia, em educação e em produção.
 
O estudo, "Structure Change And Economic Development: Is Brazil Cacthing Up Or Falling Behind", será apresentado em São Paulo na quinta-feira, num encontro internacional da Associação Keynesiana Brasileira.
 

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