Luta contra
HIV-Sida corre risco de paralisar, alerta associação
20 de Setembro de
2012, 20:07
Bissau, 20 set
(Lusa) - A Rede Nacional de Pessoas com HIV-Sida da Guiné-Bissau alertou hoje
para a situação "muito delicada" que o país atravessa, sem apoios para
fazer face à epidemia, quase sem medicamentos e em risco de "parar
tudo".
Em conferência de
imprensa, o presidente da Rede Nacional das Associações de pessoas com HIV/Sida
(RENAP-GB), Pedro Mandinca, traçou um quadro negro da situação da Guiné-Bissau face
ao tratamento da doença, especialmente devido ao facto de o Fundo Mundial ter
praticamente acabado com os apoios que dava ao país.
O Fundo Mundial,
criado em 2002, é uma organização internacional que junta dinheiro para
distribuir por 150 países, apoiando-os na luta contra a malária, tuberculose e
HIV-Sida. Apoiava a Guiné-Bissau, mas nos últimos tempos tem criado entraves
para novos apoios, de acordo com o Ministério da Saúde da Guiné-Bissau.
Segundo Pedro
Mandinca, o programa de luta contra a Sida na Guiné-Bissau não recebe apoios do
Fundo Mundial desde agosto de 2011, "o que tem constituído um risco para o
aumento de novos casos de infeção e para o abandono da terapia, por falta de
seguimento domiciliário e nutricional".
"Quando o
mundo reclama por mais apoios para fazer face à epidemia, assistimos na
Guiné-Bissau ao desmantelamento da resposta e dos bons resultados. Os recentes
acontecimentos afastam cada vez mais o país dos objetivos de desenvolvimento do
milénio", alertou.
Pedro Mandinca
disse que muitos guineenses já abandonaram a medicação por falta de alimentação
adequada e que só na região de Bafatá mais de 250 doentes deixaram de
comparecer. É que, justificou, "em 2012, nenhum apoio nutricional e
alimentar foi dado".
Segundo os números
da Rede Nacional, a Guiné-Bissau, com uma prevalência de 3.4, é dos países da
região com maior prevalência, havendo neste momento mais de 50 mil pessoas
infetadas.
"O acesso
universal ao tratamento está longe de ser realidade. No primeiro trimestre de
2012 apenas 14.969 tiveram acesso", disse Pedro Mandinca, acrescentando
que em 2013 cerca de 65 por cento das mulheres grávidas e seropositivas ficarão
sem acesso à profilaxia para eliminar riscos de transmissão aos filhos.
Depois, continuou,
o país só tem capacidade para fazer 41.800 testes por ano (três por cento da
população) e, sem dinheiro, está a verificar-se a rotura de medicamentos
armazenados e de material para análises, e não está a ser feita a prevenção.
Mandinca disse que
o governo de transição está sensibilizado para o problema e que inclusivamente
se prontificou a ir a Genebra, ao Fundo Mundial, mas que teria recebido como
resposta que "não valia a pena".
A Rede pede que o
Fundo Mundial se lembre de que se está a falar "de pessoas que reclamam
apenas o direito a vida digna e respeito" e ao governo que atribua à luta
contra a Sida um orçamento consequente.
Há dois dias também
a diretora do Hospital de Cumura (arredores de Bissau) Valéria Amato, alertou para
a escassez de medicamentos contra a tuberculose desde dezembro passado e
criticou o que apelidou de passividade das autoridades face à situação.
"O país
depara-se com rotura de medicamentos para o tratamento da fase intensiva da
tuberculose denominado HCRE e os doentes estão a passar por momentos
difíceis", alertou.
FP.
Pequeno partido
acusa militares de "continuarem a imiscuir-se" nos assuntos políticos
20 de Setembro de
2012, 18:32
Bissau, 20 set
(Lusa) - O Partido da Solidariedade e do Trabalho, pequena formação da
Guiné-Bissau sem representação parlamentar, acusou hoje as chefias militares de
"continuarem a imiscuir-se nos assuntos políticos" e de fazerem
acusações infundadas.
Num comunicado hoje
divulgado, o partido diz que os militares acusaram o presidente da formação
política, Iancuba Injai, de receber dinheiro do primeiro-ministro deposto,
Carlos Gomes Júnior, para fazer um contragolpe de Estado (em resposta ao golpe
de Estado de 12 de abril).
E diz também que as
mesmas chefias militares "deram ordem ao governo de transição no sentido
de mandar calar" o presidente do PST.
Além de presidente
do PST, Iancuba Injai tem sido o habitual porta-voz da FRENAGOLPE (Frente
Nacional Antigolpe), uma organização de partidos e associações contra o golpe
de Estado de 12 de abril, na qual está incluído o PAIGC (maior partido, que
estava no poder até 12 de abril).
No comunicado, o
PST condena as "incessantes interferências das atuais chefias militares
lideradas pelo seu chefe em assuntos políticos" e "desmente
categoricamente" o hipotético envolvimento de Iancuba Injai em qualquer
contragolpe.
O partido
responsabiliza as chefias militares "pela integridade física" de
Iancuba Injai e o governo de transição "pela manifesta incapacidade em
impedir as contínuas e intempestivas interferências das chefias militares"
em assuntos da competência dos políticos.
FP.
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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