MP – SMA - Lusa
Lisboa, 12 nov
(Lusa) – O PS acusou hoje o primeiro-ministro de “submissão e subserviência” à
chanceler alemã, de culpar os portugueses pela crise e de não ter
“representado” o “consenso” que há em Portugal em relação à necessidade de
renegociar com a ‘troika’.
“O Governo mostrou
submissão e subserviência. Portugal não precisa de ajuda, precisa de
solidariedade. As relações entre estados da União Europeia é uma relação entre
iguais”, afirmou o membro do secretariado nacional e porta-voz do partido, João
Ribeiro, numa conferência de imprensa a propósito da visita a Lisboa, hoje, da
chefe do Governo alemão, Angela Merkel.
O dirigente do PS
considerou ainda “inaceitáveis” as declarações de Pedro Passos Coelho sobre
Portugal, durante a conferência de imprensa conjunta com Merkel.
“Disse o
primeiro-ministro que não podemos culpar o remédio pelo estado do doente, disse
que o doente são os portugueses. Está o primeiro-ministro a culpar os
portugueses? O primeiro-ministro pede os sacrifícios, falha a receita,
tira-lhes o dinheiro e a culpa é dos portugueses?”, afirmou, considerando que
Passos Coelho “não está consciente dos problemas do país que governa”.
Mas para o PS, a
visita de Merkel foi “também uma oportunidade perdida”, porque “o
primeiro-ministro não representou o consenso político e social que existe neste
momento em Portugal”, que “atravessa todos os setores da sociedade portuguesa,
da esquerda à direita”, em relação às “condições essenciais para sair da crise”
e que passam, afirmou, por ter mais tempo para controlar as contas e pagar a
dívida, por conseguir juros mais baixos e por adotar políticas de crescimento
económico e de criação de emprego.
“Representou apenas
a sua obsessão pela austeridade custe o custar”, disse João Ribeiro,
sublinhando que a renegociação das condições da dívida é “o consenso mais
alargado que a sociedade conhece hoje, que mais mobiliza os portugueses para
sair da crise e que assegura uma verdadeira concertação social”.
“É aliás o único
consenso nacional em cima da mesa”, insistiu, acrescentando: “O primeiro-ministro
escolheu reunir consenso com a senhora Merkel, mas era fundamental que
começasse a reunir consenso com o país”.
João Ribeiro
garantiu ainda que o PS e o secretário-geral do partido, António José Seguro,
não foram contactados “de nenhuma forma” para uma reunião com Merkel e lembrou
que apesar de ser a chanceler a decidir com quem se encontra, o Governo pode
sugerir contactos durante a vista oficial.
Questionado sobre
se teria sido importante haver esse contacto, respondeu que a pergunta tem de
ser colocada a Merkel e Passos Coelho, “pela própria natureza dos discursos” de
hoje.
“O PS não recebeu
nenhum convite e regista. Regista sobretudo como isso se confronta com os
apelos ao consenso social e político que são feitos em Portugal e fora de Portugal”,
afirmou.
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