quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Portugal: PR pede acordo com PS sobre cortes e Seguro já admite eleições

 

Liliana Valente – ionline
 
O Presidente diz que papel do Estado deve ser discutido com partidos e parceiros sociais e garante que vai guiar-se por pareceres jurídicos para verificar se o Orçamento é constitucional
 
O Presidente da República mostrou-se ontem pouco confiante no sucesso dos cortes da despesa do Estado sem um entendimento com o PS. “Não é fácil” sem um consenso, desabafou quando questionado pelos jornalistas. E por isso pediu um “entendimento das forças políticas” no debate sobre as funções do Estado.
 
Para Cavaco Silva, que falou pela primeira vez sobre o corte de 4 mil milhões de euros na despesa, rever o papel do Estado “deve ser uma matéria de preocupação permanente”, e se se puser essa questão “com urgência” devem ser convocadas para o debate as forças políticas, os parceiros sociais e a sociedade em geral.
 
O chefe de Estado respondia a perguntas de jornalistas na inauguração de um hotel, depois de estar há um mês sem aparecer em público e umas horas após a reunião com António José Seguro. Um encontro “bastante frutuoso”, como o classificou, mas que deu para concluir que “não é fácil” fazer a reforma do Estado sem os socialistas.
 
“Sou um defensor de um diálogo com os partidos e parceiros, mas neste momento só se estão a fazer estudos técnicos e não mais. Surgirão as decisões políticas e essas competem aos portugueses”, disse. Mas primeiro o Presidente tinha dito que o debate sobre as funções do Estado “deve ser uma preocupação permanente” e esse “debate é da maior importância”. Tendo em conta a dificuldade de conseguir um consenso entre o PS e o governo – mesmo depois da conversa de segunda-feira entre António José Seguro e Passos Coelho – Cavaco Silva lembrou que “se se colocar com urgência a necessidade de um debate aprofundado sobre o papel do Estado, temos de convocar todas as forças políticas e a sociedade em geral”, sem querer comentar o valor de 4 mil milhões que o governo tem de levar a cabo até ao sétimo exame regular, em Fevereiro.
 
NINGUÉM ME PRESSIONARÁ
 
Com o debate do Orçamento do Estado para 2013 a decorrer na Assembleia da República e com várias vozes a levantarem o problema da constitucionalidade do documento, Cavaco fez questão de dizer: “Ninguém me pressionará”, referindo-se às pressões para enviar o documento para fiscalização preventiva no Tribunal Constitucional.
 
Perante essas dúvidas, o Presidente garante que se vai basear “em pareceres jurídicos aprofundados e não em qualquer ideia que aqui ou ali se formula, mas bastante superficial”.
 
Nas longas respostas que deu aos jornalistas, o Presidente da República sublinhou ainda a importância das palavras de Christine Lagarde, directora- -geral do Fundo Monetário Internacional, que lembrou o papel da austeridade nos países sob assistência financeira. “Se estivermos ao lado dela talvez seja mais fácil”, finalizou. A resposta pode ser encarada como um recado ao governo, que tem negado que a dirigente do FMI defendeu um alívio da austeridade para Portugal e que o que ela disse foi o que já aconteceu em Portugal: um resvalar dos objectivos do défice por mais um ano.
 

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