i online - Lusa
O ex-Presidente
Mário Soares afirmou hoje que o primeiro-ministro “humilhou” o PS e agora
queria que participasse na redefinição das funções do Estado para “se manter no
poder”, considerando que “só se o PS fosse doido” aceitaria.
Mário Soares foi
hoje questionado pelos jornalistas, em Lisboa, sobre a carta que o
primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, enviou ao secretário-geral do PS,
António José Seguro, a convidá-lo a participar na redefinição das funções do
Estado e no corte de quatro mil milhões de euros na despesa pública, tendo hoje
os dois estado reunidos, de novo por iniciativa de chefe do executivo.
Sublinhando que não
viu “carta nenhuma” e que “isso é tudo uma coisa que é silenciosa”, Mário
Soares considerou que todo este processo é “um fait-divers”.
“O que é importante
é que o primeiro-ministro fez tudo para afastar o PS. Humilhou o PS, não
respondeu, não disse nada, só o injuriou de diversas maneiras e agora quer, de
repente, que o PS fosse lá. Só se o PS fosse doido. O atual primeiro-ministro
tem o país inteiro contra ele, ninguém pode negar isso, basta ver o que se
passa de norte a sul. E agora é que o PS ia entrar? Para quê? Para o manter no
poder? Não é possível”, acrescentou o antigo Presidente da República, que falava
em Lisboa, na apresentação do seu livro “Crónicas de um tempo difícil”.
A 27 de outubro, no
encerramento das jornadas parlamentares conjuntas PSD/CDS-PP, o
primeiro-ministro disse que, até 2014, vai realizar-se uma reforma do Estado
que constituirá "uma refundação do memorando de entendimento".
Na mesma altura,
Passos Coelho defendeu que o PS deve estar comprometido com esse processo e,
dois dias depois, anunciou que iria convidar formalmente [por carta] o PS para
um programa de reavaliação das funções do Estado que corte 4.000 milhões de
euros na despesa e evite um segundo resgate a Portugal.
Depois de ter
estado hoje reunido com o primeiro-ministro, António José Seguro recusou
assumir responsabilidades na execução dos cortes de quatro mil milhões de euros
nas funções do Estado, dizendo que esse objetivo para 2013 e 2014 vincula
apenas o Governo e a 'troika'.
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