Página de rede
social fotográfica escancara assassinatos praticados pelos EUA usando aviões
controlados remotamente. Número de vítimas já supera 3 mil
Nick Hopkins –
Outras Palavras - Tradução: Gabriela Leite
Os militares
geralmente ficam felizes no momento de alardear seus êxitos, e de louvar homens
e mulheres que arriscam a vida por seu país. Talvez o vínculo humano (ou a
ausência dele) seja o que os anima a levantar a voz quando falam de algumas
missões, e a se envergonhar quando se trata dos aviões não-tripulados (drones).
Dirigidos por
controle remoto a milhares de quilômetros de distância, os Veículos Aéreos
Não-Tripulados (UAV, Unmanned Aerial Vehicles) provaram ser o único triunfo
militar infalível na guerra do Afeganistão; quer dizer, se é que “êxito”
significa uma equação em que muita gente morre, quase inevitavelmente, e a um
preço acessível.
De acordo com o
Escritório de Jornalismo Investigativo (BIJ, Bureau of Investigative
Journalismo), que compila os números de ataques com aviões não-tripulados, os
Estados Unidos já mataram 3.378 pessoas, em 350 ataques com drones nos últimos
oito anos. E isso, só no Paquistão. Os EUA também organizam ataques com esses
aviões no Iêmen e na Somália a partir de uma base situada no minúsculo estado
africano de Djibuti (o qual supõe-se que ninguém conhece). Mas a Casa
Branca quer falar sobre isso? Não, a menos que tenha que fazê-lo, e às vezes
nem sequer nesse caso.
Em abril, o
Assessor de Contraterrorismo do Presidente Obama, John Brennan, fez um
pronunciamento defendendo o uso de drones, e afirmou que tomava grandes
precauções para garantir que os ataques fossem legais e éticos. “Estamos em
guerra”, declarou. “Estamos em guerra contra uma organização terrorista chamada
Al-Qaeda”.
Quem aparece na
lista dos alvos, por que os ataques acontecem em certos momento e local
específicos e quem assume a responsabilidade pelos mesmos… bom, isso fica para
outro dia.
A informação sobre
os UAVs é arrancada de Washington aos poucos, e aqui aparece James Bridle.
Utilizando as informações escassas que existem, Bridle, criador do microblog New
Aesthetic, inventou o Dronestagram.
Ao cruzar imagens do Google com detalhes de objetivos do BIJ, começou a apontar
os lugares atingidos por ataques UAV.
Bridle afirma que
quer que eles fiquem “um pouco mais visíveis, um pouco mais próximos. Um pouco
mais reais”.
Em seu blog, Bridle
sustenta que “os ataques com drones são realizados por aparatos invisíveis, à
distância e sobre uma mídia e uma sociedade desconectados… a tecnologia que,
supunha-se, iria nos aproximar, está sendo usada também para obscurecer e
ocultar”.
As imagens de
Dronestagram podem ser só “paisagens estranhas”, mas Bridle tem a esperança de
que sua imediatez e intimidade somem-se à crescente exigência por
transparência. Ainda neste ano, a Apple impediu a circulação de um aplicativo
que faria praticamente o mesmo, sob o argumento de que muita gente consideraria
o conteúdo eticamente questionável. Não é caso, podemos supor, dos parentes e
amigos dos civis que são mortos frequentemente pelos ataques de drones, por
mais “cuidadosamente” de que se escolha o alvo dos ataques, e por mais
“precisos” que sejam os mísseis.
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