Público
Novos escalões do
IRS e impostos adicionais levam Portugal ao primeiro lugar na carga fiscal
sobre os rendimentos mais elevados de entre as cinco principais economias da UE.
Portugal é o país
com maior carga de impostos sobre os rendimentos mais elevados dentro do grupo
das cinco principais economias da Europa, afirma um estudo da consultora KPMG,
divulgado nesta segunda-feira pelo Diário Económico.
Os cálculos
publicados contam com os novos escalões do IRS e Contribuição Extraordinária de
Solidariedade (CES), no caso dos pensionistas, ou contribuições para a
Segurança Social, no caso dos trabalhadores.
O estudo considera
apenas salários superiores aos 50 mil euros e grupos de rendimentos sem
dependentes. Com maior ou menor discrepância face à Alemanha, França, Espanha,
Itália e Reino Unido, Portugal tem quase sempre a maior carga fiscal nos grupos
de solteiros e casais com ordenados ou pensões acima dos 50 mil euros.
Em Portugal, os
grupos mais castigados pela subida de impostos são os dos pensionistas. E,
dentro deste sector, os solteiros sem dependentes com rendimentos acima dos 300
mil euros por ano mostram a maior carga fiscal. Considerando a
Contribuição Extraordinária de Solidariedade introduzida este ano, a taxa
efectiva sobre estas pensões será de 67,75% em Portugal, consideravelmente
superior aos impostos para este grupo em Espanha, que ficaram em segundo lugar,
com 45,50%.
Ainda no grupo dos
pensionistas solteiros com reformas acima dos 300 mil euros, destaque ainda
para a contribuição de 27,26% na Alemanha, cerca de um terço da carga fiscal
portuguesa e a menor dos seis países considerados.
As pensões acima
dos 300 mil euros serão também as mais castigadas no caso dos casais sem
dependentes. Em Portugal, a contribuição efectiva será de 64,18%, a mais alta.
A França, com uma contribuição efectiva de 36,7%, e a Alemanha, com impostos
sobre o rendimento na casa dos 24,36%, são os países em que os casais com
pensões de 300 mil euros contribuem menos para o Estado.
A principal causa
da subida dos impostos nas pensões mais altas prende-se com a entrada da
Contribuição Extraordinária de Solidariedade, que foi enviada por Cavaco Silva
e pela oposição para ser fiscalizada pelo Tribunal Constitucional. A nova taxa
que incide sobre as pensões superiores aos 1350 euros permite ao Estado retirar
de entre 3,5 a 10% destas pensões mais elevadas.
Trabalhadores
penalizados
Mas também os trabalhadores são penalizados em 2013, com a reorganização dos
escalões do IRS e com a entrada da sobretaxa de 3,5%. No caso do trabalhador
solteiro sem dependentes com um salário de 50 mil euros, a taxa efectiva em
Portugal é de 41,5% em 2013, segundo a KPMG, uma taxa ligeiramente superior à
alemã, que ficou em segundo lugar com 40,68%.
Ainda nos 50 mil
euros, mas no caso de casais sem dependentes, Portugal fica pela primeira e
única vez abaixo do primeiro lugar, descendo para segundo, atrás de Itália. A
taxa efectiva em Portugal será de 34,52%, segundo KPMG, inferior à italiana,
com 36,70%.
Os pensionistas
portugueses com rendimentos anuais nos 50 mil euros terão uma contribuição
efectiva de 40,83% no caso de serem solteiros, e de 33,75% no caso de serem
casais. Em ambos os casos, no grupo dos países analisados, a Alemanha surge
como país mais brando nos impostos, com contribuições de 20,26 e 14,39%,
respectivamente.
Trabalhadores com
salários na casa dos 100 mil euros vão contribuir uns efectivos 48,3% em
Portugal, no caso dos solteiros, e 41,50% no caso de serem casais. Nestes dois
sectores, a França surge como o país com menor carga fiscal: 37,59% para os
solteiros com rendimentos de 100 mil euros e 31,67% para casais neste campo de
vencimento.
Já os pensionistas
solteiros com reformas de 100 mil euros vão contribuir com 49,91%, sendo que os
casais de reformados vão estar sujeitos a uma taxa efectiva de 43,27%. A
Alemanha surge, novamente, com os impostos mais baixos para as pensões nos 100
mil euros.
A KPMG aponta ainda
para uma contribuição efectiva de 55,62% dos solteiros portugueses sem
dependentes com salários acima dos 300 mil euros. Para os casais esta carga
será de 51,90%.
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