MMT – JPF - Lusa
Maputo, 20 jan
(Lusa) - A presidência moçambicana da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) garantiu que a solução para a crise da Guiné-Bissau não
"vai ser imposta" pelos parceiros internacionais, que vão respeitar a
decisão do povo guineense.
"A saída não
vai ser imposta nem pela CPLP, nem pela CEDEAO, União africana, Nações Unidas
ou outro parceiro, incluindo a União Europeia, que possa entrar na
Guiné-Bissau. O que nós temos que fazer é tentar mostrar vários cenários
possíveis de saída" à crise guineense, disse à Lusa o vice-ministro dos
Negócios Estrangeiros moçambicano, Henrique Banze, fazendo um balanço dos seis
meses da presidência moçambicana da CPLP, que hoje se assinala.
"Aquilo que
for decidido no processo de negociação intra-guineense, nós vamos seguir, mas
queremos que haja retoma da normalidade constitucional dentro daquilo que está
estabelecido na carta das Nações Unidas, aliás, a União Africana é muito
vigorosa nesse aspeto e incluindo até aquilo que está estabelecido no quadro legislativo
da própria Guiné-Bissau", disse Henrique Banze.
Na cimeira, que se
realizou a 20 de junho em Maputo, sob o lema "A CPLP e os desafios na
Segurança Alimentar e Nutrição", Moçambique assumiu a presidência rotativa
da organização dos oito países lusófonos assinalando a segurança alimentar e a
normalização da situação política na Guiné-Bissau como dois dos sete pontos
fortes.
Moçambique
qualifica de "francamente positiva e encorajadora para o resto do
processo" os trabalhos feitos nos primeiros meses da presidência da CPLP,
mas reconhece que a Guiné-Bissau é um "grande desafio".
Henrique Banze
considera que o problema político da Guiné-Bissau pode levar a que a evolução
da economia do país seja menos acelerada. "Os nossos países ainda são
dependentes da ajuda externa, se esta ajuda externa for condicionada à situação
política do país contribui para desacelerar o processo", referiu.
A organização
"está aberta para aceitar" algumas iniciativas que concorram para que
a normalidade seja estabelecida o mais rapidamente possível na
Guiné-Bissau", disse Henrique Banze.
"Nós
trabalhamos nessa perspicácia necessária de irmos ao longo do processo
ajustando-nos às dinâmicas, mas uma coisa é certa: o princípio da tolerância
zero por parte de Moçambique e da CPLP continua válido. No processo de diálogo
os guineenses é que devem decidir, nós ajudamos os guineenses", afirmou.
A presidência
moçambicana da CPLP acredita, por isso, que "o povo guineense vai
encontrar uma saída" para a crise no país, pelo que os Estados membros da
organização "estão prontos para ajudar a essa solução".
Contudo, "uma
coisa é clara, a situação da Guiné-Bissau não pode continuar eternamente na
situação em que está neste momento de permanentes golpes de Estado e de
instabilidade. O povo guineense merece uma melhor sorte no sentido de continuar
o seu desenvolvimento económico", disse Henrique Banze.
Sem comentários:
Enviar um comentário