Fernando Dacosta –
Jornal i, opinião
A perseguição aos
idosos pobres continua florescente entre nós. Explorá-los, humilhá-los,
tornou-se afã insaciável dos que julgam hoje governar o país.
Última malfeitoria:
obrigar os que recebem pensões acima de 293 euros mensais a fazer declarações
de IRS – de que estavam dispensados.
Sendo, como se
sabe, o preenchimento do seu formulário um mimo de simplicidade e a sua entrega
(por internet) um doce, a medida vai tornar-se passatempo de delícias para os
velhotes que, como se sabe, são barras em informática.
Desde que os preços
dos computadores e das mensalidades da net passaram a ser ninharias em
rendimentos como os referidos, os pensionistas portugueses não mais largaram o
primeiro lugar do rating europeu de utilizadores de PC, MAC e quejandos.
A decisão é ainda
excelente por permitir aos funcionários públicos da área combaterem a pasmaceira
em que caíram quando o simplex entrou, pela sua eficácia, de dispensar o
dinamismo da máquina do Estado. Complicar tudo sempre foi apanágio das boas
administrações.
A bondade da
iniciativa é, por outro lado, insuspeita, pois não se destina, desta vez, a
sacar dinheiro aos visados, mas a colher informações para combater fugas ao
fisco – sendo entre eles que essas fugas maiores valores atingem. A seu lado, a
cratera do BPN não passa, com efeito, de covinha de crianças.
Exagerados são
assim os que insinuam ser a medida mais uma devassa controleira (não bastavam
as pidescas escutas telefónicas?), mais um fascismo electrónico da bela
república caseira.
Que valentes
democratas tem a nossa democracia!
Escreve à
quinta-feira
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