JSD – NS - Lusa
Cidade da Praia, 22
abr (Lusa) - O oficialmente presidente do PAICV, Carlos Gomes Júnior recusou
hoje falar sobre o atual chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMGFA) da
Guiné-Bissau, António Indjai, alegando não gostar de falar sobre os seus subordinados.
Numa entrevista
conjunta à agência Lusa, RTP África e Deutsche Welle, na Cidade da Praia, e
assumindo-se como presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC), Gomes Júnior salientou que são os seus subordinados que
devem respeitar a hierarquia.
"Não gosto de
pronunciar-me sobre os meus subordinados. Os meus subordinados têm de respeitar
a hierarquia e eu sou o chefe. Não me pronuncio sobre quem quer que seja. Se
quiser pergunte-lhe a ele", respondeu, ao ser-lhe pedido uma avaliação
sobre Indjai, líder do golpe de Estado de 12 de abril de 2012, que derrubou o
regime democraticamente eleito de Gomes Júnior.
Assumindo-se também
como primeiro-ministro "de facto" da Guiné-Bissau, Gomes Júnior, que
participou no XIII Congresso do Partido Africano da Independência de Cabo Verde
(PAICV), disse também que a detenção de Bubo Na Tchuto (ex-chefe do Estado
Maior da Armada guineense) e as acusações norte-americanas de ligações ao
narcotráfico e tráfico de armas de Indjai são assuntos do foro judicial.
"Mas são
informações negativas para o que almejávamos, são questões do foro judicial
sobre as quais não me pronuncio antes da tomada de qualquer decisão",
acrescentou, indicando que tem acompanhado o evoluir da situação através da
comunicação social e que nunca mais falou com Indjai.
Gomes Júnior
salientou que, desde o golpe de Estado de 12 de abril de 2012, tem
"percorrido o mundo" a explicar a crise político-militar guineense,
tendo sempre como pano de fundo a ideia de que continua a ser o
primeiro-ministro e presidente do PAIGC.
"Não tenho
falado com ninguém (na Guiné-Bissau). Fiz muitos contactos internacionais, que
resultaram em factos positivos, porque hoje a CPLP (Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa) já participa nas reuniões com a UA (União Africana) e CEDEAO
(Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental)", referiu.
"Isso, para
mim, é o fundamental: não ter contactos com A, B ou C, porque eu sou o chefe de
Governo legitimamente eleito", reivindicou.
Questionado sobre
como vê a evolução do país desde o golpe de Estado, Gomes Júnior defendeu que
as "boas perspetivas de crescimento" criadas durante o seu Governo
"foram por água abaixo", lamentando que o seu "exílio" em
Portugal, ao longo do último ano, tenha parado o desenvolvimento da Guiné-Bissau.
Gomes Júnior remeteu
para os quadros do Ministério da Economia guineense as contas que têm de ser
feitas relativamente à regressão do país.
"Só os
técnicos é que podem dar resposta ao que se perdeu nestes 12 meses. Não quero
fazer um balanço em cima do joelho. Os técnicos do Ministério da Economia que
façam a comparação entre o que estava previsto e o que se fez ou não se fez.
Grosso modo, cremos que é um balanço altamente negativo para a
Guiné-Bissau", argumentou.
Sem comentários:
Enviar um comentário