segunda-feira, 22 de abril de 2013

OPOSIÇÃO AFIRMA QUE ENERGIA EM CABO VERDE É A MAIS CARA DO MUNDO




CLI - JSD – APN - Lusa

Cidade da Praia, 22 abr (Lusa) - O presidente do Movimento para a Democracia (MpD, oposição) defendeu hoje no Parlamento que Cabo Verde tem a energia "mais cara e ineficiente do mundo", responsabilizando o Governo de José Maria Neves pela situação.

Carlos Veiga, que discursava no debate sobre Política Energética com que a Assembleia Nacional (AN) cabo-verdiana iniciou os trabalhos da sessão de abril, acusou o executivo de "vender ilusões" no meio de uma "realidade muito mais dura".

"Andaram a vender-nos ilusões, mas a realidade é muito mais dura e já está a atingir as pessoas e as empresas. O Governo não conseguiu nenhum dos grandes objetivos que se propôs. Não aplicou um único dos instrumentos que tem na sua política energética", afirmou.

"O resultado é este: temos a energia mais cara do mundo e uma política energética das mais ineficientes do mundo. É esse o resultado da sua política energética, não esquecendo que aumentou substancialmente os impostos sobre o consumo de energia", afirmou.

Presente no plenário, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, admitiu que ainda existem problemas, mas defendeu que a situação "é bem melhor" do que a registada na década 1990, altura em que o MpD esteve no poder.

"Há melhorias substanciais e a estabilização já está garantida na ilha de Santiago. Ainda há perdas, ainda há grandes ineficiências, ainda há instabilidades, ainda temos apagões, mas a situação está longe daquele que herdamos. Fala-se na qualidade de fornecimento de energia", afirmou.

"Carlos Veiga (primeiro-ministro de 1991 a 2000) disse que, em termos de qualidade de fornecimento de energia, estamos no 135.º lugar num «ranking» de 144 países. Onde estaríamos em 1999/2000? Estamos a dar passos seguros e a avançar para a resolução do problema energético de Cabo Verde", garantiu.

A bancada do PAICV, através do deputado Júlio Correia, centrou também as suas declarações na altura da privatização da Electra, afirmando que o Governo de então aplicou mal o dinheiro do negócio, começando os problemas nessa altura.

"Carlos Veiga tinha dois caminhos a seguir com os 45 milhões de contos (408 milhões de euros) que arrecadou. Ou os depositava no Trust Fund ou os investia no setor energético. Não fez. A partir dessa má privatização, foi o Governo (do PAICV) a corrigir todas as anomalias", disse.

O ministro do Turismo, Indústria e Energia cabo-verdiano, Humberto Brito, reafirmou que, em breve, o Governo vai levar ao Parlamento uma lei contra a fraude e o roubo de energia, forma encontrada para disciplinar o setor e também para punir os prevaricadores.

Em março último, o presidente da Electra, Alexandre Fortes, disse à agência Lusa que as falhas técnicas e roubos são responsáveis por 37 por cento de perda de produção de energia elétrica em Cabo Verde, um valor mensal de 200/300 mil contos (1,8/2,7 milhões de euros), valor "incomportável para a sustentabilidade" da empresa.

Segundo Alexandre Fortes, as perdas técnicas representam 13 por cento da produção total, enquanto os roubos (ligações ilegais) ascendem a 24 por cento.

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