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Lusa
Cidade da Praia, 22
abr (Lusa) - O presidente do Movimento para a Democracia (MpD, oposição)
defendeu hoje no Parlamento que Cabo Verde tem a energia "mais cara e
ineficiente do mundo", responsabilizando o Governo de José Maria Neves
pela situação.
Carlos Veiga, que
discursava no debate sobre Política Energética com que a Assembleia Nacional
(AN) cabo-verdiana iniciou os trabalhos da sessão de abril, acusou o executivo
de "vender ilusões" no meio de uma "realidade muito mais
dura".
"Andaram a
vender-nos ilusões, mas a realidade é muito mais dura e já está a atingir as
pessoas e as empresas. O Governo não conseguiu nenhum dos grandes objetivos que
se propôs. Não aplicou um único dos instrumentos que tem na sua política
energética", afirmou.
"O resultado é
este: temos a energia mais cara do mundo e uma política energética das mais
ineficientes do mundo. É esse o resultado da sua política energética, não
esquecendo que aumentou substancialmente os impostos sobre o consumo de
energia", afirmou.
Presente no plenário,
o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, admitiu que ainda existem
problemas, mas defendeu que a situação "é bem melhor" do que a
registada na década 1990, altura em que o MpD esteve no poder.
"Há melhorias
substanciais e a estabilização já está garantida na ilha de Santiago. Ainda há
perdas, ainda há grandes ineficiências, ainda há instabilidades, ainda temos
apagões, mas a situação está longe daquele que herdamos. Fala-se na qualidade
de fornecimento de energia", afirmou.
"Carlos Veiga
(primeiro-ministro de 1991 a
2000) disse que, em termos de qualidade de fornecimento de energia, estamos no
135.º lugar num «ranking» de 144 países. Onde estaríamos em 1999/2000? Estamos
a dar passos seguros e a avançar para a resolução do problema energético de
Cabo Verde", garantiu.
A bancada do PAICV,
através do deputado Júlio Correia, centrou também as suas declarações na altura
da privatização da Electra, afirmando que o Governo de então aplicou mal o
dinheiro do negócio, começando os problemas nessa altura.
"Carlos Veiga
tinha dois caminhos a seguir com os 45 milhões de contos (408 milhões de euros)
que arrecadou. Ou os depositava no Trust Fund ou os investia no setor
energético. Não fez. A partir dessa má privatização, foi o Governo (do PAICV) a
corrigir todas as anomalias", disse.
O ministro do
Turismo, Indústria e Energia cabo-verdiano, Humberto Brito, reafirmou que, em
breve, o Governo vai levar ao Parlamento uma lei contra a fraude e o roubo de
energia, forma encontrada para disciplinar o setor e também para punir os
prevaricadores.
Em março último, o
presidente da Electra, Alexandre Fortes, disse à agência Lusa que as falhas
técnicas e roubos são responsáveis por 37 por cento de perda de produção de
energia elétrica em Cabo Verde, um valor mensal de 200/300 mil contos (1,8/2,7
milhões de euros), valor "incomportável para a sustentabilidade" da
empresa.
Segundo Alexandre
Fortes, as perdas técnicas representam 13 por cento da produção total, enquanto
os roubos (ligações ilegais) ascendem a 24 por cento.
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