sábado, 25 de maio de 2013

MORTE DE PORTUGUÊS NA ORIGEM DOS TUMULTOS EM ESTOCOLMO




Depois de nos anos 70 ter conhecido a futura mulher finlandesa, foi de Portugal para a Suécia, onde residia até ser morto pela polícia, o que revoltou os jovens dos subúrbios de Estocolmo. 

Alexandre Costa, Anabela Natário e Cristina Peres - Expresso

O homem de 68 anos cuja morte às mãos da polícia sueca está na origem dos tumultos que abalam os arredores de Estocolmo há cinco noites, chama-se Lenine Relvas-Martins, é português, casado com uma finlandesa, e encontrava-se a viver na Suécia há mais de 30 anos, soube o Expresso.

Lenine Relvas Martins foi morto pela polícia no passado dia 12, durante um episódio ainda mal-esclarecido. O certo é que os agentes dispararam contra o emigrante português, dentro de casa deste em Husby, perto da capital sueca.

A polícia afirma ter sido chamada por habitantes do bloco de apartamentos, que se queixavam de um desacato, que um homem armado com uma faca estaria a ameaçar a mulher. Quando chegou ao local, sustenta, tentou acalmar pelo telefone Relvas-Martins e como este não desse mostras de abrir a porta resolveu arrombá-la e disparar sobre o português.

A família tem outra versão. O cunhado do português, Risto Kajanto, conta que o casal tinha ido jantar a um restaurante e, à saída, foi importunado por um grupo de jovens que travou à sua beira o automóvel em que seguia. O caso ficou por ali, mas, já em casa, quando a polícia bateu à porta, Relvas-Martins pensou tratar-se do "gangue", resolvendo ir buscar "uma faca de colecão" e aparecer na varanda empunhando-a.

"Isto é o que a minha irmã me disse. Mas ela está em estado de choque, o que realmente aconteceu provavelmente ninguém sabe bem", disse ainda Risto Kajanto, a viver na Finlândia, ao tabloide sueco "Aftonbladet". Adianta que a irmã se encontra num hotel acompanhada por um sacerdote, tentando ultrapassar o facto de ter visto o marido ser morto.

Apesar das dúvidas, o cunhado afirma que Lenine Relvas-Martins, cujo nome não tinha sido divulgado até agora, não era uma pessoa violenta e nunca faria mal à mulher. Kajanto diz ter vivido com eles - casados há mais de 30 anos - durante um período de tempo e que Lenine era "um homem feliz, com um grande humor".  

Kajanto até percebe que a polícia se tenha precipitado por não saber exatamente o que se passava, mas essa razão não justifica a atitude. Além disso, não entente a razão dos disparos para dominar um homem de estatura pequena como era o seu cunhado.

Perante o facto da morte de Relvas-Martins ter desencadeado os tumultos, Risto Kajanto deixou no "Aftonbladet" um apelo para o fim da violência.

Na noite passada, os distúrbios, encabeçados por jovens,  prosseguiram em diversos locais dos subúrbios de Estocolmo.

Foram incendiados cerca de 30 carros e algumas escolas, provocando a revolta de moradores mais velhos.

A polícia de Estocolmo solicitou reforços para fazer frente à situação, considerando no entanto que os atos de destruição, que há cinco noites se repetem, estão a diminuir.

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