A economia
portuguesa vai continuar a destruir empregos até ao final de 2014, ano em que
deverão existir menos de 4,43 milhões de trabalhadores no país, contra os 4,63
milhões existentes no final do ano passado. O desemprego só começará assim a
recuperar em 2015 – uns meros 0,4% ou 17 mil novos empregos –, com o total de
remunerações pagas em Portugal a reflectir isso mesmo:os valores pagos vão cair
950 milhões de euros entre o final de 2012 e o final de 2014, passam de 79,2
mil milhões para 78,3 mil milhões.
Esta visão para a evolução do mundo do trabalho em Portugal vem no Documento de
Estratégia Orçamental (DEO), divulgado esta semana pelo executivo. O ano de
2014 será assim o de todos os picos negativos:será o ano em que Portugal
atingirá a maior taxa de desemprego de sempre e o ano em que as remunerações
totais atingirão um novo mínimo. Ainda assim, é precisamente em 2014 que Vítor
Gaspar prevê que o consumo privado volta o crescer, depois de nova queda
abrupta este ano.
O consumo privado, a parcela que mais sustenta o PIB português, vai recuar um
total de 3,4 mil milhões de euros ao longo deste ano, passando dos 107,4 mil
milhões de euros em 2012 – já uma queda de 5,6% face a 2011 –, para menos de
104 mil milhões de euros. No ano seguinte, em 2014, o governo estima que o
consumo das famílias já suba 0,1%, isto apesar dos valores negativos
antecipados para desemprego e salários.
A evolução esperada para o mercado do trabalho irá fazer com que o Estado passe
a gastar mais cerca de 300 milhões de euros com o subsídio de desemprego de 2012
para 2013, para 2,9 mil milhões de euros. A factura continua a crescer nos anos
seguintes, chegando a um pico de 2,97 mil milhões de euros em 2015. Tanto em
2016, como em 2017, o executivo estima que esta prestação social já entre em
queda, ainda que prossiga acima dos valores de 2012 – o Estado gastou 2,65 mil
milhões no ano passado com estes subsídios que porém, beneficiam só uma parte
dos desempregados.
A luz que o governo promete
Já tantas vezes prometida, a recuperação económica
que o governo antecipava para meados deste ano, está agora prometida para 2014.
É nesse ano que Vítor Gaspar agora promete algum crescimento (0,6% do PIB),
prometendo de seguida três anos seguidos de crescimentos a rondar os 2% – em
2015, 2016 e 2017, economia vai expandir 1,5%, 1,8% e 2,2% nas contas de Vítor
Gaspar. Crescimentos baseados nas exportações e retoma do consumo privado, que
entre 2015 e 2017 subirá 1% ao ano.
Com alguma animação da procura interna virá um aumento das receitas fiscais.
O executivo estima chegar a 2017 com mais 3,46 mil milhões de euros em receitas
anuais de impostos do que terá no final deste ano – de 39 mil milhões para 42,4
mil milhões.
Isto quer dizer que grande parte da recuperação económica do país, assenta nas
exportações, que por sua vez dependem do crescimento mundial, e da expectativa
de evolução positiva do consumo das famílias. O consumo do Estado vai continuar
em queda – 2% ao ano –, alimentando mais desemprego.
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