quinta-feira, 2 de maio de 2013

Operação Rigor Mortis. Gaspar destrói mais de 208 mil empregos até ao próximo ano





A economia portuguesa vai continuar a destruir empregos até ao final de 2014, ano em que deverão existir menos de 4,43 milhões de trabalhadores no país, contra os 4,63 milhões existentes no final do ano passado. O desemprego só começará assim a recuperar em 2015 – uns meros 0,4% ou 17 mil novos empregos –, com o total de remunerações pagas em Portugal a reflectir isso mesmo:os valores pagos vão cair 950 milhões de euros entre o final de 2012 e o final de 2014, passam de 79,2 mil milhões para 78,3 mil milhões.

Esta visão para a evolução do mundo do trabalho em Portugal vem no Documento de Estratégia Orçamental (DEO), divulgado esta semana pelo executivo. O ano de 2014 será assim o de todos os picos negativos:será o ano em que Portugal atingirá a maior taxa de desemprego de sempre e o ano em que as remunerações totais atingirão um novo mínimo. Ainda assim, é precisamente em 2014 que Vítor Gaspar prevê que o consumo privado volta o crescer, depois de nova queda abrupta este ano.

O consumo privado, a parcela que mais sustenta o PIB português, vai recuar um total de 3,4 mil milhões de euros ao longo deste ano, passando dos 107,4 mil milhões de euros em 2012 – já uma queda de 5,6% face a 2011 –, para menos de 104 mil milhões de euros. No ano seguinte, em 2014, o governo estima que o consumo das famílias já suba 0,1%, isto apesar dos valores negativos antecipados para desemprego e salários.

A evolução esperada para o mercado do trabalho irá fazer com que o Estado passe a gastar mais cerca de 300 milhões de euros com o subsídio de desemprego de 2012 para 2013, para 2,9 mil milhões de euros. A factura continua a crescer nos anos seguintes, chegando a um pico de 2,97 mil milhões de euros em 2015. Tanto em 2016, como em 2017, o executivo estima que esta prestação social já entre em queda, ainda que prossiga acima dos valores de 2012 – o Estado gastou 2,65 mil milhões no ano passado com estes subsídios que porém, beneficiam só uma parte dos desempregados.

A luz que o governo promete 

Já tantas vezes prometida, a recuperação económica que o governo antecipava para meados deste ano, está agora prometida para 2014. É nesse ano que Vítor Gaspar agora promete algum crescimento (0,6% do PIB), prometendo de seguida três anos seguidos de crescimentos a rondar os 2% – em 2015, 2016 e 2017, economia vai expandir 1,5%, 1,8% e 2,2% nas contas de Vítor Gaspar. Crescimentos baseados nas exportações e retoma do consumo privado, que entre 2015 e 2017 subirá 1% ao ano.

Com alguma animação da procura interna virá um aumento das receitas fiscais. O executivo estima chegar a 2017 com mais 3,46 mil milhões de euros em receitas anuais de impostos do que terá no final deste ano – de 39 mil milhões para 42,4 mil milhões.

Isto quer dizer que grande parte da recuperação económica do país, assenta nas exportações, que por sua vez dependem do crescimento mundial, e da expectativa de evolução positiva do consumo das famílias. O consumo do Estado vai continuar em queda – 2% ao ano –, alimentando mais desemprego.

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