Diário de Notícias,
editorial
Quando toda a gente
esperava que o novo líder da UGT "radicalizasse" o discurso daquela
central sindical, Carlos Silva decidiu aproveitar o seu primeiro 1.º de Maio à
frente da UGT para manter a sua estrutura no terreno da negociação com o Governo.
É certo que Carlos
Silva avisou que pode "muscular a ação", mas a forma como não fechou
a porta ao diálogo com Pedro Passos Coelho revela, antes de mais nada, que o
novo secretário-geral da UGT quer afirmar-se pelo consenso, tal como o seu antecessor,
e não pela rutura como é tradição da CGTP.
É evidente que
propor um novo "acordo de concertação social" focado no crescimento e
no emprego, como fez ontem o primeiro-ministro, quando está por cumprir boa
parte do compromisso tripartido, é, no mínimo, bizarro. Sobretudo quando o que
está em causa é, sabe-se agora, cortar de forma permanente até 2017 mais de
seis mil milhões de euros na despesa do Estado. As consequências deste plano
ainda por detalhar conduzem, inevitavelmente, a mais recessão e mais desemprego.
A margem para
entendimento é por isso muito estreita. As condições da UGT foram conhecidas.
Acabar com a austeridade e oposição absoluta a despedimentos da administração
pública e ao desmantelamento do Estado social. Um discurso, aliás, alinhado com
o Partido Socialista. Cabe agora ao Governo, se ainda for a tempo, valorizar o
palco da concertação para obter o indispensável consenso. Sob pena de ficar
ainda mais isolado do que já está, tendo apenas como único aliado em Portugal o
Presidente da República.
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