Eleftherotypia, I
Kathimerini - Presseurop
Para o jornal
diário Eleftherotypia, o encerramento da radiotelevisão pública grega ERT,
algumas horas após ter sido perpetrado sem pré-aviso pelo Governo, a 11 de
junho, não é nem mais nem menos do que uma “condenação à morte”. Às 23 horas os
gregos descobriram de uma forma brutal o vídeo de despedida dos
jornalistas da cadeia que, num gesto inédito – não apenas para a Grécia – foi
encerrada pelo Governo num piscar de olhos, escreve este jornal. Ao saber da notícia
milhares de pessoas saíram à rua e manifestaram-se em frente à ERT. As televisões
privadas suspenderam, em sinal de solidariedade, as suas emissões durante
algumas horas.
De acordo com o Eleftherotypia, o gabinete do
primeiro-ministro há muito que tinha esta decisão em mente, até porque
acreditava que ao encerrar este organismo público poderia resolver a questão do
corte de dois mil funcionários imposto pela troika. Na verdade, com este gesto,
enviou para o desemprego 2656 pessoas.
Para o diário de
Atenas, esta decisão precipitada constitui um enorme problema
democrático que destrói o pluralismo da informação. O povo grego tem o direito
e deve ter uma televisão pública aberta, imparcial e de qualidade.
“Havia muitas
coisas que não estavam a correr bem na ERT”, reconhece por seu lado I
Kathimerini:
Durante muito tempo
foi tratada como a maioria do setor público pelos sucessivos governos, que
consideravam que tinham um público para manter e dinheiro para gastar. As suas
19 rádios locais padeciam de uma má gestão simplesmente incomportável. [...]
Mas também existiam muitas razões para acarinhar a ERT: continuava a produzir
documentários excecionais, numa altura em que, na Grécia, mais ninguém o fazia.
As suas estações difundiam tipos de música que outros não teriam posto no ar.
Sobre a forma como
foi feito, o diário económico denuncia que não houve nem debate no
parlamento, nem debate público, nem autorização dos parceiros de coligação da
Nova Democracia, os Socialistas e a Esquerda democrática. Tudo isto foi
substituído por um decreto-lei que foi aprovado.
[...] O porta-voz governamental pode assim anunciar que a ERT se tinha tornado
num poço sem fundo, que devorava €300 milhões por ano e era objeto de má gestão
e de ineficácia em vez de produzir bons programas. [...] A ERT era uma das
inúmeras questões que os partidos queriam esconder debaixo do tapete. Que
melhor forma de proceder ao encerramento de empresas na mesma altura em que a
troika [os credores] está em Atenas e questiona a promessa da coligação de
dispensar dois mil funcionários até ao verão?
Por seu lado, o
Governo assegurou que este encerramento é temporário. Apenas o tempo de criar
“tão rapidamente quanto possível” uma “nova estrutura”. O Eleftherotypia diz saber que na gaveta está
um projeto-lei para a criação da NERIT AE (nova radiodifusão grega, Internet e
televisão), com um quadro de pessoal “bem mais modesto”. Os principais
sindicatos da função pública e também do setor privado decretaram uma greve
geral de 24 horas esta quinta-feira para protestar contra o encerramento da ERT.
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