Deutsche Welle
Mais de dez dias
após rompimento de oleoduto na Amazônia equatoriana, mancha atinge o Peru, mas
especialistas consideram poucas as chances de que chegue ao território
brasileiro. Petrolífera ainda não estima danos.
O Ibama, a Marinha
e Agência Nacional do Petróleo (ANP) estão em alerta, mas a dificuldade em
precisar quantos dos cerca de 11.400 barris de petróleo vazados de um oleoduto
na Amazônia equatoriana atingiram o rio Coca torna ainda complicado, mesmo mais
de dez dias após o acidente, saber se a mancha realmente atingirá o Brasil.
Apesar de cautelosos, especialistas tratam como improvável que o óleo cause
danos ambientais em território brasileiro.
O vazamento foi
provocado por uma ruptura no oleoduto Trans-Equatoriano (Sote) depois de um
deslizamento de terra, em 31 de maio. O petróleo escorreu até o rio Coca e
depois se deslocou até o Peru através do rio Napo. Como os dois são afluentes
do Solimões, há a possibilidade de que chegue ao Brasil. O oleoduto já foi
consertado, e o derrame foi contido no último dia 4 .
"Ainda não
existem dados oficiais sobre a quantidade de petróleo que caiu no rio Coca.
Também não se sabe a dimensão dos danos”, informou por e-mail à DW-Brasil Mercy
Castro, porta-voz da EP Petroecuador, empresa responsável pelo oleoduto. “O vazamento
foi controlado imediatamente e agora estão sendo realizados os trabalhos de
limpeza. O curso do da mancha está sendo observado por terra, ar e rio.”
O deslocamento do
petróleo ocorre em função dos ventos e da correnteza dos rios. A mancha já chegou
a Loreto, no Peru, região próxima à fronteira com Tabatinga, no Brasil. Os
governos equatoriano e peruano uniram forças no trabalho de limpeza.
"Está sendo
realizado um trabalho em conjunto com o Peru para que as consequências sejam as
menores possíveis", disse o embaixador do Equador na Alemanha, Jorge
Jurado.
Barreiras de
contenção
Ainda não se sabe
se o petróleo será contido nesse local, pois além dos fatores naturais, o
deslocamento depende do volume do líquido que vazou para o rio. Para Newton
Narciso Pereira, pesquisador do departamento de Engenharia Naval e Oceânica da
USP, se os dois países afetados já montaram barreiras de contenção de forma
correta e iniciaram os processos de limpeza, a probabilidade de essa mancha
chegar ao Brasil é pequena.
"Agora não há
como garantir 100% que o petróleo não vai chegar, porque depende do plano de
contingência e até agora não sabemos se esses países têm um plano eficiente
para quando acontecer um acidente ter uma resposta rápida. Hoje, faz 12 dias
que ocorreu o vazamento e a mancha se dispersou. Em termos de volume, não há
uma informação correta, a própria companhia não informa a quantidade que caiu
na água", afirmou Pereira.
Para o
especialista, é difícil calcular o tamanho dos danos que esse vazamento pode
causar em uma região como a Amazônia, que possui um ecossistema particular e
muitas vezes ainda desconhecido. O petróleo, explica, pode se depositar no
fundo do rio e nas encostas, contaminando microorganismos, peixes e aves.
"Os danos
ambientais são severos. Mesmo após um processo de recuperação do habitat,
sempre vai ficar um dano, porque não é possível retirar uma parcela desse
petróleo, principalmente o que vai para o fundo e continua impactando a vida
aquática daquela região", observa Pereira.
Segundo Gustavo
Endara, coordenador de projetos da Fundação Friedrich Ebert em Quito, as
consequências do acidente não são só ambientais, mas também econômicas e
sociais. Devido ao vazamento, o abastecimento de água teve que ser cortado no
município de Coca até o último fim de semana. O especialista afirma que os
custos da limpeza também poderão, de alguma forma, impactar a economia do país.
Autoria: Clarissa
Neher - Edição: Rafael
Plaisant
Sem comentários:
Enviar um comentário