Deutsche Welle
Após visita de
Dilma a Moscou e de Medvedev a Brasília, viagem de Lavrov expõe interesse cada
vez maior dos países em fortalecer relação. Entre prioridades, elevar trocas
comerciais e afinar posturas em política externa.
O ministro das
Relações Exteriores russo, Seguei Lavrov, desembarcou nesta terça-feira (11/06)
no Rio de Janeiro, numa visita que reforça o interesse de dar seguimento aos
esforços de aproximação estabelecidos por Brasil e Rússia – já evidenciado em
viagens recentes dos líderes dos dois países.
Em dezembro, por
exemplo, a presidente Dilma Rousseff foi à Rússia e, em fevereiro, recebeu o
primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, em Brasília. Neste último encontro,
foram assinados acordos nas áreas de educação, defesa, indústria e agricultura
– acordos também contemplados na viagem de Lavrov. Segundo o Ministério de
Relações Exteriores (MRE), Rússia e Brasil mantêm as parcerias concentradas em
dois mecanismos de cooperação.
O primeiro deles é
a Comissão de Alto Nível de Cooperação, que teve a última rodada durante a
visita de fevereiro. Há, também, a Comissão Intergovernamental de Cooperação
Econômica, Comercial, Científica e Tecnológica (CIC).
Áreas prioritárias
Segundo informações
do MRE, o comércio entre os dois países alcançou a marca dos US$ 5,93 bilhões
em 2012, cifra três vezes maior do que a registrada dez anos antes. Na
avaliação de Layla Dawood, coordenadora adjunta do Centro de Estudos e
Pesquisas Brics da PUC-Rio, a Rússia é um grande importador de produtos
agrícolas brasileiros, mas há interesse mútuo em aumentar as trocas de bens de
maior valor agregado e, também, no setor de serviços.
“Na época da vista
da presidente Dilma à Rússia, em 2012, chegou-se a declarar que a meta seria
que os fluxos comerciais entre esses países chegassem a US$ 10 bilhões”, disse
Laya Dawood à DW Brasil.
Dawood explicou
que, além das trocas comerciais, existe, entre os dois países, o objetivo de
aumentar o fluxo de investimentos, principalmente nas áreas de indústria,
infraestrutura, energia e o setor aeroespacial.
Após o encontro
entre Medvedev e Michel Temer em fevereiro, as duas nações anunciaram que iriam
incrementar as negociações para compra de baterias antiaéreas russas, parte da
estratégia de defesa para os grandes eventos esportivos que serão sediados pelo
Brasil nos próximos anos. Segundo fontes do Ministério de Relações Exteriores,
as negociações estão em fases ainda preliminares.
Entre os dois
países há, também, o compromisso para transferência de tecnologia aplicada ao
esporte, envolvendo centros de pesquisa e outras instituições, incluindo a
instalação do Grupo de Trabalho Brasil-Rússia sobre Temas Esportivos. A Rússia
se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de inverno em 2014.
Quanto à área de
energia, há interesse brasileiro em uma maior participação russa na exploração
de petróleo. A Rússia já atua em alguns blocos da Bacia do Solimões, no norte
do país, por meio de parceria entre a empresa anglo-russa TNK-BP e a brasileira
HRT Participações.
No âmbito do
programa Ciência sem Fronteiras, os dois países devem ampliar a cooperação e
promover o intercâmbio de estudantes e pesquisadores nos próximos três anos.
Temas
internacionais
Os mecanismos de
coordenação entre Brasil e Rússia em fóruns internacionais como a ONU, o G20 e
o Brics estão no centro das discussões entre os dois países. Para Layla Dawood,
a Rússia espera que os países do Brics participem mais ativamente da gestão dos
problemas globais nas áreas de economia e de segurança internacional.
“A Rússia não se
mostra satisfeita com a perspectiva de que a cooperação entre os países Brics
venha a se restringir a questões econômicas”, avalia. “A Rússia também espera
gradual transformação do agrupamento Brics de um mero fórum de diálogo a um
mecanismo de cooperação estratégica voltado à resolução coletiva de problemas.”
Nesse sentido, o
conflito na Síria também está na pauta oficial do encontro. O Brasil tem
demonstrado o apoio à realização da conferência internacional de paz, em
Genebra, e Dawood explica que a visita do ministro das relações exteriores
russo ao Brasil deve buscar fortalecer o apoio brasileiro. “Há convergência
entre o Brasil e a Rússia no que se refere à posição contrária a uma
intervenção militar externa na Síria liderada por um arranjo como a Otan, por
exemplo.”
Autoria: Ericka de
Sá, de Brasília - Edição: Rafael
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