Rui Peralta, Luanda
I - Após as acções
de protesto (que prolongaram-se por cerca de 40 dias) dos camponeses do
Catatumbo, a Colômbia vê agora milhares de pequenos proprietários mineiros a
protestarem contra as multinacionais e contra as perseguições a que se
encontram sujeitos, por o governo colombiano os considerar ilegais. Entra as
diversas acções de protesto levadas a cabo pelos mineiros, destacam-se a
ocupação do aeroporto do Quibdó e os diversos bloqueios que impediram a
circulação em importantes estradas, por todo o país. O porto de Buenaventura, o
mais movimentado porto colombiano do Pacifico, foi afectado com o bloqueio às
estradas
A Constituinte
Mineira pela Defesa do Território e dos Recursos Naturais, realizada no
departamento do Chocó, efectuou no dia 17 de Julho de 2013, o seguinte
pronunciamento publico:
“Las organizaciones
étnicas territoriales de comunidades Negras, Indígenas y mestizas y las
organizaciones mineras que hacen parte de la Mesa Minera Permanente del Chocó
manifestamos ante la opinión pública nacional e internacional:
22000 chocoanos
afros, Indígenas, mestizos y mineros hemos acordado declararnos en Paro Minero
Indefinido. Las concentraciones el día de hoy que han estado en Quibdó,
Istmina, Tadó (Quibdó - Pereira) y Buenaventura (Valle del Cauca) lo evidencian
y confirman.
Las organizaciones
étnicas territoriales de comunidades negras, indígenas y mestizas y las
organizaciones mineras del Chocó respaldan el pliego de peticiones nacional que
convoca al Paro Nacional Minero por la Confederación de Mineros de Colombia.
Por las propias particularidades que vivimos los chocoanos, hemos presentado un
pliego de peticiones departamental. Insistimos que sólo mediante el diálogo
transparente y el cumplimiento cabal entre el gobierno nacional y sus delegados
y las comunidades y organizaciones movilizadas podremos llegar a acuerdos que
beneficien a todo el pueblo chocoano, siempre en el marco de la Mesa Minera
Permanente del Chocó.
Instamos al
gobierno nacional a que se haga presente en Quibdó delegando a los ministros de
las carteras del Interior, Minas y Energía, Ambiente y Desarrollo Sostenible,
Trabajo y Defensa a que instalemos la mesa de diálogo y negociación para
acordar la metodología y se aborde el pliego de peticiones.
Agradecemos públicamente
el respaldo de la defensora de derechos humanos Piedad Córdoba y proponemos
para que cumpla el papel de mediación y verificación de estos diálogos al señor
Obispo de Quibdó Juan Carlos Barreto Barreto, al representante a la Cámara
Indígena Hernando Hernández Tapasco, a la Representante a la Cámara del Partido
Verde Ángela María Robledo y la Senadora Astrid Sanchez.
Llamamos a los
organismos de control, de protección de derechos humanos a servir de garantes
frente a las violaciones de nuestros derechos que ya se vienen presentando y
denunciamos al gobierno de Juan Manuel Santos como responsable del uso excesivo
de la fuerza contra los manifestantes en Córdoba, punto de la vía
Buenaventura-Cali.
En apoyo al
presente PRONUNICIAMIENTO PÚBLICO DEL PARO MINERO QUE INICIÓ HOY 17 DE JULIO
firmamos:
Delegados de
Comunidades Negras en la Mesa Minera Permanente del Chocó.
Federación de
Mineros del Chocó, FEDEMICHOCÓ.
WONDEKO
Consejo Regional
Indígena del Chocó, CRICH.
Consejos
Comunitarios Mayor Integral del Atrato. COCOMACIA
Asociación de
Gremios Mineros del San Juan, ASOGREMIS.
Cooperativa de
Mineros del San Juan, COOMISANJUAN.
Asociación de
Dragueros del Chocó, ASODRACHO.
Asociación de
Mineros de Nóvita, ASOMINÓVITA.
Asociación de
Mineros de Tadó, ASOMITADÓ.
Cooperativa
agroindustrial del Chocó, COAINCH.
Fedeorewa.
Consejo Comunitario
de Tado ASOCASAN.
Consejo Comunitario
de Riosucio.”
II - A Colômbia
vive uma das conjunturas mais complexas da sua História. As negociações entre o
governo e as FARC-EP cruzaram-se com a mobilização social de amplas camadas da
população, expressada nas múltiplas paralisações de trabalho, greves, bloqueios
e manifestações. Desde os camponeses do Catatumbo, aos mineiros artesanais,
passando pelos pequenos produtores de café e pelas grandes movimentações no
sector da saúde e pela greve dos operários da Drummond, exploradora de carvão,
o país entrou num período de grande agitação social e politica.
Por outro lado
alguns elementos do regime mostram-se recalcitrantes em relação às negociações
com a guerrilha e pouco dispostos a aceitar reformas, mesmo que tímidas. Entre
eles encontra-se o Procurador Alejandro Ordoñez, que bloqueou a nova legislação
que reconhece as uniões homossexuais e a lei do aborto. A extrema-direita e as
associações mafiosas de Bogotá bloqueiam um programa de melhoramento da cidade,
lançado pelo governo de Bogotá, o que originou um movimento em apoio ao
programa, em toda a cidade.
Os habituais
escândalos de corrupção nas altas esferas governamentais prosseguem, em ritmo
acelerado, envolvendo agora, para lá das habituais figuras da oligarquia
colombiana, o embaixador em Washington, que surge mergulhado em estranhas
manobras com as multinacionais do sector alimentar e que rola em torno da posse
ilegal de terras. No meio de tudo isto, o presidente Santos e o seu governo
vivem num estado de perplexidade e de angústia existencial, questionando-se
sobre o processo de Havana, a reeleição, a debilitada coligação governamental,
se surgirão outros candidatos no campo da coligação e se o espaço político á
sua direita, a extrema-direita e a facção do ex-presidente Uribe, recuperarão
nas urnas, inviabilizando o programa actual.
O governo
colombiano demonstrou uma descomunal incompetência e inabilidade no atendimento
às reivindicações populares e revelou-se um desastre nas negociações com os
líderes das greves e dos protestos. A única resposta que o angustiado e
perplexo governo de Santos soube dar de forma decisiva foi o Esquadrão Móvel
Anti-Distúrbios, o ESMAD.
Veio em socorro do
governo de Santos a industria mediática, funcionando o bastão e a propaganda
como os únicos remédios da oligarquia. O que deixou uma terrível sensação de
vazio de poder. A sociedade colombiana sente que as instituições governamentais
atingiram um ponto de ruptura e que aos poucos deixam de funcionar,
transformando-se em meros instrumentos das diversas facções da oligarquia
colombiana. A paralisia tomou conta das instituições e o autismo dos ministros
de Santos (parecendo estar a viver numa outra realidade que não a colombiana)
recheado de uma fantasiosa surrealidade, é criador de uma faceta esquizofrénica
que aos poucos afecta toda a oligarquia e transborda para o mercado e para os
“empreendedores” parasitas que vivem das negociatas com os ministros e com os
militares.
Por esta razão o
cepticismo de largos sectores da sociedade colombiana em relação às
conversações de paz enraíza-se cada vez mais. Apesar dos avanços realizados nas
conversações, a guerra mantem-se e o campo de batalha faz soar todos os dias os
sinos anunciadores da morte. O presidentes Santos assemelha-se a um cadáver
politico, com enterro anunciado e deixou de ser parte da solução para passar a
constituir mais um factor do problema, o que leva os norte-americanos a
preparar uma nova fórmula que permita á oligarquia transferir os seus capitais
e renovar-se, sendo o novo sangue provindo dos “empresários de sucesso” que a propaganda
cria semanalmente. A coligação governamental é uma marca desgastada e um
logotipo ferrugento. As movimentações que se fazem sentir no seu seio, são o
típico movimento dos ratos que abandonam o porão do navio a naufragar. Vargas
Lleras, um dos principais “coligados” já se pôs a monte, aguardando-se a
formalização da sua candidatura às presidenciais, esquecendo-se que a sua
última campanha eleitoral não foi além dos 150 mil votos, apesar dos
financiamentos das imobiliárias.
A oligarquia está
confusa e sente aproximar-se o fim do seu domínio sobre o aparelho de Estado. A
facção menos conformada com o actual processo de decomposição é a
extrema-direita, reunida em torno do fascistoide Uribe Velez, o ex-presidente
de triste memória, que aposta na ofensiva politica, para ver se consegue
livrar-se dos inúmeros processos que decorrem nos tribunais (na Colômbia e no
estrangeiro), devido às suas ligações com os grupos paramilitares e com os
gangues do narcotráfico (financiadores da sua campanha).
Á esquerda do
panorama politico, as alternativas politicas ainda não se encontram
configuradas, permanecendo em estado latente as suas enormes potencialidades
(será que por aqui, pela esquerda, vai sair a renovação da oligarquia? É uma
possibilidade que ronda na cabeça de alguns estrategas norte-americanos, mais
próximos a Obama. Uma aposta na dócil “esquerda moderna”, é sedutora para
alguns sectores da oligarquia e tentadora para “os empreendedores” que assim
poderão manter um baixo custo de mão-obra, ao mesmo tempo que permitirá a
Washington seguir online e em tempo real a s eventuais reformas necessárias
para a renovação do tecido oligárquico).
Quanto às reformas
necessárias, a sociedade colombiana continua a pressenti-las como uma miragem.
Ou seja, são uma questão de lucidez e esta apenas reside na cabeça dos pobres.
Os outros mergulharam na alucinação…
III - As
alucinações de Santos vão ao ponto de anunciar que o seu governo solicitará o
ingresso na NATO, conforme o presidente colombiano afirmou num acto
comemorativo da Marinha. Para o presidente Santos: “Colombia tiene derecho a
pensar en grande, ya no a nivel regional, sino a nivel mundial". A esta
afirmação junta-se a recepção a Henrique Capriles, um acto de completo delírio,
sendo o derrotado candidato venezuelano recebido como se fosse presidente do
país vizinho. Mas os delírios vão ainda mais longe e Santos assina o Tratado da
Aliança do Pacifico, num acto de desprezo em relação á UNASUR.
A esquizofrenia da
oligarquia colombiana, da facção Santos, poderá ser caracterizada numa frase
retirada do léxico maoista: “Pacificar a frente interna para golpear os
inimigos ideológicos, na frente externa”. A NATO, claro, fez lembrar ao
alucinado presidente colombiano, que a Colômbia não cumpre os requisitos
necessários obrigatórios, em termos geográficos, para ingressar. No entanto
deixaram a porta aberta para que a Colômbia seja “aliada da Aliança” fornecendo
carne para canhão para os conflitos em que a NATO mergulha o mundo, com o
objectivo de controlar as matérias-primas.
Um sonho acumulado
pela oligarquia, desde o tempo de Uribe na presidência, é o de tornar a
Colômbia num Israel latino-americano, ou seja, num polícia especial de
intervenção. Daí que o delírio sobre a NATO não tenha sido mais do que um
factor mitológico dos tenebrosos etnemas da oligarquia. Mesmo a recusa dos amos
em aceitar estes fiéis e leais “indígenas” colocando-os no seu lugar através da
“fatalidade geográfica” não os desanimou e tornou-os ainda mais frenéticos na
busca de um caminho para nova Israel Latino-Americana. “Se a única forma de
estarmos ao lado do amo é sermos carne para canhão, pois carne para canhão
sejamos”, eis o actual estado de “delirium tremens” da oligarquia.
Logo após a chamada
de atenção da NATO, a colocar os cipaios no sitio, o Ministro da Defesa Juan
Carlos Pinzón afirmou: "Colombia no puede y no quiere ingresar a la OTAN
(…) lo que Colombia sí quiere es recorrer el camino para ser un socio en la
cooperación como lo son ahora Australia, Nueva Zelanda, Japón, entre otros
países". É possível que os políticos da oligarquia (que devem muito pouco
á inteligência e que podem ser caricaturados com um lápis na orelha ou a
fazerem contas em papel de embrulho e que se babem a verem nos canais
internacionais as imagens das operações da NATO) não consigam entender muito
bem o significado da NATO e tenham sido levados pelo entusiasmo, mas com certeza
que a visita de Joe Biden, o vice-presidente dos USA, ao país deve ter deixado
Santos e o seu elenco governativo de tal forma extasiados que a diarreia foi
inevitável.
Recapitulemos, de
forma cronológica, o comportamento esquizofrénico de Santos, naquela semana
fenética e electrizante do passado mês de Maio. A 23 de Maio, Santos foi o
anfitrião, em Cali, de Ollanta Humala, Sebastian Piñera e Enrique Peña Nieto,
que reuniram-se nesse dia para discutirem a Aliança do Pacifico. Quatro dias
depois, a 27 de Maio, Joe Biden visitou Santos e este aproveitou para convidar
os USA a incorporarem a Aliança do Pacifico. Entusiasmado, Santos deixou
escapar aquela da NATO no dia seguinte, quando do encontro comemorativo com os
oficiais da Marinha e no dia 29 de Maio, Santos recebe Capriles, o candidato
venezuelano derrotado, que recusou-se a aceitar os resultados eleitorais e que
foi responsável pela morte de 11 venezuelanos, caídos durante o conturbado
processo pós-eleitoral, criado pelo comportamento irresponsável e
antidemocrático de Capriles.
Mas o programa não
terminou aqui. Depois de ter recebido todos estes ilustres visitantes, Santos,
em estado de êxtase, viajou para Israel e entre 9 e 11 de Junho cumpriu um dos
etnemas da oligarquia colombiana: a identificação com o sionismo. E assim
demonstrou aos seus ídolos que tem prata e comprou drones, armamento, munições
e equipamento israelitas. Estes, satisfeitos, tomaram conhecimento que o seu
discípulo latino-americano orçamentou o seu Ministério da Defesa, em 2013, com
uma verba de 14 mil e quinhentos milhões de USD. Nada melhor que um bom cartão
de apresentações.
IV - Esta paranoia
da oligarquia ganhou forma racional no Plano Colômbia, iniciado na última
década do seculo XX. Apresentado como um acordo destinado a combater o
narcotráfico – a Colômbia sempre foi um dos maiores produtores de cocaína e em
menor escala, de marijuana e papoila, utilizada na produção de heroína – o
Plano Colômbia escondia um outro propósito estratégico: o fortalecimento do
aparelho militar e repressivo do Estado colombiano, para o tornar mais eficaz
no combate á guerrilha colombiana – qua na época tinha dado duros golpes na
estrutura militar – e para controlar a região amazónica, uma zona geoeconómica
essencial para os USA. Desta forma enquanto o governo colombiano da época,
dirigido por Andrés Pastrana, desenrolava conversações com as FARC-EP, os USA
financiavam e reorganizavam as Forças Armadas Colombianas.
Desta forma foi
posta em práctica uma política de terra queimada, nas regiões produtoras de
folha de coca, através das infrutuosas fumigações aéreas, que devastaram
milhares de hectares pertencentes a pequenos camponeses do país, em particular
nas zonas da selva, a sul, para além de afectar os países fronteiriços,
principalmente o Equador. Enquanto isso, entre 1998 e 2008, 72 mil militares e
polícias colombianos foram treinados por instrutores norte-americanos
(instrutores do exército norte-americano e instrutores das companhias privadas
de segurança, na sua maioria israelitas). A Colômbia tornou-se o segundo país
do mundo, a seguir á Coreia do Sul, a ter esta vasta programação militar.
Em finais de 2010
encontravam-se na Colômbia mil e quatrocentos instrutores (militares e do
sector privado) contra os 400 inicialmente referidos no Plano. A embaixada dos
USA cresceu de tal forma, em quantidade, de pessoal administrativo civil e
militar, que é, actualmente, a quinta maior embaixada norte-americana no mundo.
Em finais de 2008 o custo global do Plano Colômbia, incluindo o financiamento
dos USA e as obrigações financeiras do governo colombiano, foi de 66 mil 126
milhões de USD. Terminou aqui a primeira fase do Plano. A segunda fase consistiu em levar a guerra interna da Colômbia,
para além das suas fronteiras, envolvendo os países vizinhos e a terceira fase
foi a adaptação á doutrina da guerra preventiva, adoptada pelos USA após o 11
de Setembro. O ataque realizado em território equatoriano, pelo exército
colombiano, em Março de 2008, pertence a esta terceira fase.
Uma das
consequências do Plano Colômbia reflecte-se nos aumentos dos gastos militares,
que representam cerca de 6,5% do PIB colombiano, a maior taxa da América
Latina, que em média disponibiliza para a Defesa entre 1,5% a 2% do respectivo
PIB. As Forças Armadas colombianas contam com cerca de meio milhão de efectivos
(terra, mar e ar) e a Policia está sob tutela do Ministério da Defesa. Segundo
os dados de 2008 (os únicos confirmados pelas instancias internacionais) o
exército colombiano (forças terrestres) contava com 210 mil elementos, contra
os 190 mil do Brasil, 137 mil da França e 125 mil de Israel e a relação de
efectivos do exército colombiano estava na proporção de 6 para 1, com a
Venezuela e de 11 para 1 com o Equador.
Depois de Israel e
do Egipto, a Colômbia é o terceiro país do mundo, em termos quantitativos, a
receber ajuda militar dos USA, que em equipamentos, armamento e munições –
excluindo a polícia, os custos de restruturação das forças armadas colombianas
e a instrução militar – forneceram cerca de 7 mil milhões de USD de 2001 a
2010. Os custos políticos desta ajuda são elevados. A Colômbia foi o único pais
da América do Sul a apoiar a ocupação do Iraque, propondo a George Bush - em
2003, durante o autoproclamado fim da guerra no Iraque, uma alucinação do Pentágono
e da clique de Bush – que os bombardeiros norte-americanos fossem enviados para
a Colômbia, para serem usados nas operações de irradicação da guerrilha
colombiana. Foi também o único país da América Latina donde saíram contingentes
militares para o Afeganistão e mercenários para as companhias privadas no
Iraque. Uribe apoiou o golpe de Estado nas Honduras em 2009 sendo o primeiro
presidente a visitar o perfumado Porfírio Lobo, que substituiu o presidente
deposto e foi o único país da América do Sul a negar o reconhecimento do Estado
Palestiniano.
A triste e
dramática conclusão a que os cidadãos colombianos podem chegar é que o seu país
é o principal instrumento geoestratégico dos USA para a recolonização do sul do
continente americano. E descobrem, atónitos, que vivem, afinal, num grande
porta-aviões…
(continua)
Fontes
Varese, Luis Santos
habla de paz y se prepara para la guerra http://alainet.org/active/64405
Oppenheimer, Andrés
La Alianza del Pacífico saca ventaja al Mercosur La Nación Mayo, 28, 2013.
Vega Cantor, Renán
Neoliberalismo: mito y realidad; El Caos Planetario, E
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