Seis a sete milhões
de novos licenciados saem anualmente das universidades chinesas, excedendo as
ofertas de emprego disponíveis no mercado, mas Liu Jiantong não parece
preocupada: "A China tem muitos negócios com o Brasil e outros países
lusófonos".
Liu Jiantong, 21
anos, é finalista do curso de português da Universidade de Estudos Estrangeiros
de Pequim (Beiwai), a mais antiga licenciatura em língua portuguesa da
República Popular da China, criada em 1961.
Durante quase vinte
anos, aquele curso foi o único do género no país e até ao final da década de
1990 surgiu apenas mais um, em Xangai. Hoje, não contando com Macau e Hong
Kong, há vinte universidades chinesas que ensinam português.
"O português
tem um retorno do ponto de vista do emprego, o que não acontece com outras
línguas", realça o embaixador de Portugal na China, Jorge Torres-Pereira.
Liu Jiantong diz o
mesmo: "Os chineses que falam português são muito procurados".
Da província de
Heilongjiang, na fronteira com a Sibéria, até a tropical ilha de Hainan, no Mar
do Sul da China, há uma dezena de cidades chinesas onde se pode aprender
português.
O número de
estudantes ultrapassou os 1.100 em 2012 e no próximo ano, só em Pequim, deverão
abrir mais dois cursos.
A maioria das
licenciaturas apareceu na última década, coincidindo com a criação do Fórum
Macau para Cooperação Económica e Comercial entre a China e a Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), em 2003.
Segunda economia
mundial, a seguir aos Estados Unidos, a China é hoje o maior parceiro comercial
do Brasil e centenas de empresas chinesas operam em Angola.
Em 2012, a China
Three Gorges pagou 2.700 milhões de euros por 21,3% do capital da EDP,
tornando-se o maior acionista da elétrica portuguesa. Foi uma das maiores
aquisições feitas pela China na Europa.
A presença chinesa
em Moçambique, Timor-Leste e outros países da CPLP é também cada vez mais
forte.
Como todos os
estudantes de português, logo na primeira aula, em setembro de 2010, Liu Jiantong
adotou um nome português - Julieta. Tinha 18 anos.
"Gosto muito
da história de Romeu e Julieta. Eu também quero encontrar o meu Romeu",
disse.
Natural de Henan -
província do centro da China, com cerca de 95 milhões de habitantes -, Julieta
e nove colegas da Beiwai fizeram o terceiro e penúltimo ano na Universidade de
Coimbra.
Foi a primeira vez
que saiu da China: "Gostei muito, especialmente dos portugueses, que são
muito simpáticos. O clima e a comida são ótimos".
Pelo que viu, desde
Guimarães aos Açores, Portugal "tem pouca gente" e "há chineses
em todas as terras do país".
O português não é
uma língua fácil. Pelo contrário: "No início foi difícil, sobretudo por
causa da pronúncia e da gramática".
"A maneira de
pensar também é diferente", acrescenta.
Mas, três anos
depois, Julieta já sabe cozinhar "bacalhau à Brás", gosta de jogar
futebol e admite até poder encontrar o seu Romeu em Portugal: "É
possível", diz.
Por ora, vai
gozando as últimas semanas das férias de verão: "Só vou começar a procurar
emprego no segundo semestre (do ano letivo 2013/14)".
O sonho de Julieta
é simples: "Gostaria de viver alguns anos fora da China, trabalhar em
Portugal, Brasil ou África, e depois voltar".
Lusa
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1 comentário:
Timor precisa de uma vila, por menor que seja,que fale português para que seja um ponto de intercâmbio com os chineses que estudam o idioma de Camões.
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