Sérgio Domingues – Debates Culturais
Matéria
do portal IG afirma “Construção de rodovias no governo militar matou cerca de 8
mil índios”. A reportagem de Luciana Lima, publicada em 25/09, refere-se a
conclusões da Comissão da Verdade, encarregada de investigar os crimes da
ditadura militar.
O número mostra que
a ação covarde das forças de repressão não atingiu apenas jovens de classe
média, como querem alguns defensores enrustidos do regime militar. Segundo o
texto, a maior parte das mortes aconteceu em quatro frentes de construção de
rodovias.
São estradas
construídas na região norte e centro-oeste, como Transamazônica e Perimetral
Norte. Não há como chegar a um número exato, mas relatos mostram que as obras
representaram “uma verdadeira tragédia para 29 grupos indígenas”.
O desconhecimento
sobre tamanha mortandade mostra como uma ditadura é capaz de tornar invisível
um verdadeiro massacre racista. Mas a mesma invisibilidade toma conta do que
vem acontecendo no Congresso Nacional.
Mesmo sem ditadura,
quase ninguém sabe que há um projeto que ataca direitos indígenas em debate.
Trata-se de proposta do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que atende aos interesses
dos ruralistas e do grande capital em geral. Permite liberar terras indígenas,
para a instalação de fazendas, minas, hidrelétricas e estradas.
O governo petista é
a favor da proposta. Alega que a alternativa é pior: uma emenda constitucional
que transfere ao Legislativo a competência de aprovar as demarcações. Com um
Congresso dominado por ruralistas e empreiteiras seria um desastre.
Mas esta situação é
resultado de um governo que retira sua força da rendição aos poderosos. Que
oferece a vida dos mais fracos em sacrifício ao deus genocida do progresso.
*Sérgio Domingues é
militante social e partidário (PSOL). Membro do coletivo Revolutas. Também tem um blog sobre
mídia: Mídia Vigiada. Sociólogo.
Leia mais em
Debates Culturais:
Mais
lições do comunismo indígena (em Pílulas Diárias)
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