… para rusga a
escritório de advogado
O primeiro-ministro
timorense rejeitou quinta-feira a justificação de "segurança
nacional" dada pelo seu homólogo australiano, Tony Abbott, para a rusga
realizada ao escritório do advogado que defende Timor-Leste no processo de
acusações de espionagem contra a Austrália.
"Infelizmente,
há dois dias, a Austrália utilizou a desculpa da segurança nacional para fazer
uma rusga às instalações do nosso advogado e para deter a nossa testemunha.
Rejeitamos a desculpa da segurança nacional, uma vez que esta questão refere-se
apenas a interesses comerciais e à negociação de um tratado petrolífero",
afirmou Xanana Gusmão, num discurso proferido no Sudão do Sul e enviado hoje à
agência Lusa.
O primeiro-ministro
falava quinta-feira em Juba, no Sudão do Sul, onde se deslocou para participar
numa conferência sobre investimento naquele país.
"No tribunal
arbitral de Haia, as duas partes irão reunir-se com uma equipa de arbitragem
para discutir os procedimentos relativos a este processo de arbitragem, sendo
que iremos solicitar proteção para a nossa testemunha", disse Xanana
Gusmão.
Na terça-feira, a
secreta australiana fez uma rusga ao escritório do advogado que representa
Timor-Leste, tendo confiscado vários ficheiros eletrónicos e documentos, e
apreendeu também o passaporte a um antigo espião, que é uma testemunha chave do
processo.
Timor-Leste acusou
formalmente junto do tribunal arbitral de Haia, a Austrália de espionagem
quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajustes Marítimos no Mar
de Timor, em 2004.
Com a arbitragem
internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podem assim negociar
a limitação das fronteiras marítimas e, assim, tirar todos os proveitos da
exploração do Greater Sunrise.
No discurso,
proferido em Juba, Xanana Gusmão, aconselhou também o Sudão do Sul garantir que
futuros contratos sobre exploração de recursos sejam feitos de forma
"ética".
"O Sudão do
Sul tem a sorte de possuir recursos naturais consideráveis. O meu conselho para
o Governo e para o povo do Sudão do Sul é que encorajem a exploração desses
recursos, mas assegurando que os contratos e acordos são elaborados de forma
ética", afirmou Xanana Gusmão.
"Em
Timor-Leste aprendemos isto às nossas custas, tendo estabelecido acordos
internacionais injustos com a Austrália que estamos atualmente a procurar
retificar em tribunal", salientou.
O primeiro-ministro
timorense salientou que já alertou o Banco Mundial para a "necessidade dos
contratos e acordos internacionais serem justos e transparentes e de
constituírem uma parceria verdadeira que assegure que não há aproveitamento em
relação aos Estados frágeis".
O Sudão do Sul,
rico em petróleo, tornou-se independente a 14 de julho de 2011
RTP - Lusa
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