A assistente
particular e neta por afinidade de Nelson Mandela falou hoje sobre o seu
profundo amor pelo homem que mudou a sua vida para sempre ainda que com grande
custo pessoal.
Zelda la Grange,
oriunda da classe media afrikaner e que se tornou a mão direira do primeiro
presidente negro da África do Sul, falou a uma emissora privada do seu amor
pelo homem que chama de "Khulu", um diminutivo da palavra avô na
língua materna de Mandela, isiXhosa.
"A pressão era
implacável", disse a antiga assistente de Mandela que o acompanhou em
todas as iniciativas protegendo-o, igualmente, das pessoas que pediam reuniões
com o prémio Nobel da Paz.
"Amava-o
profundamente", disse Zelda la Grange, 43 anos à 702 Talk Radio.
"Não creio que
alguma vez estejamos suficientemente preparados", observou a antiga
assistente sobre a morte de Mandela, aos 95 anos, acrescentando estar ainda
"chocada e triste".
"Preparamo-nos
emocionalmente mas, mesmo assim, não ultrapassamos o sentimento de perda e
tristeza", frisou.
A sua devoção
surpreendeu alguns por ser originária da comunidade afrikaner que prendeu
Mandela por 27 anos devido à segregação racial, mas tem sido bastante saudada
nos últimos dias devido à lealdade para com 'Madiba'.
"Zelda, onde
quer que estejas, queremos agradecer-te", disse hoje o bispo emérito e
prémio Nobel da Paz Desmond Tutu.
O bispo emérito,
que falava num serviço de homenagem em Joanesburgo, acrescentou que Zelda la
Grange "era a afrikaner mais Africana". Afrikaner é o termo que
designa os colonos originais da África do Sul, os boer.
O ministro da
Defesa da África do Sul, Nosiviwe Mapisa-Ngakula, disse, no domingo, que a
África do Sul tem para com La Grange uma "dívida de gratidão".
"Ela
sacrificou a juventude, o seu tempo. Não creio que tenha tido um namorado. É
altura de lhe expressarmos apreço e gratidão", disse o ministro à
Associação de Imprensa Sul-Africana.
Todavia, Zelda la
Grange disse sentir-se desconfortável com a utilização do termo sacrifício,
sublinhando: "Não podemos usar as palavras ´sacrifício`, ´Nelson Mandela`
e ´Zelda la Grange` na mesma frase".
Zelda la Grange
deixou de visitar Mandela há uns meses para não assistir à degradação física do
ex-Presidente, preferindo recordá-lo como o conheceu.
"Foi uma
altura difícil, mas creio que lhe disse tudo o que queria e isso dá-me algum
conforto", referiu.
Sobre Mandela --
que a alcunhou de "Zeldina" -- disse ter sido um chefe
"inspirador e paciente".
"Madiba era a
pessoa mais fácil para se trabalhar, o melhor professor, um mentor",
acrescentou, usando o nome de clã do prémio Nobel da Paz, ao mesmo tempo que
pediu aos sul-africanos que lhe sigam o exemplo.
"Nós
sentimo-nos muito emocionados agora porque o perdemos, mas este é também um
momento para o lembrarmos e para nos lembrarmos do seu legado, dos seus valores
e da sua moral e então podemos alcançar a África do Sul com que todos
sonhamos", concluiu.
Lusa, em Notícias
ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário