terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Brasil: TROPA DO BRAÇO BATE EM JORNALISTAS E MANIFESTANTES




'Tropa do Braço' da PM-SP bate em jornalistas e usa extinta tática de polícia alemã para cercar manifestantes

Pragmatismo Político

A manifestação contra a Copa que aconteceu em São Paulo, no sábado (22), terminou com 260 feridos. O ato foi organizado através da internet e contou com pouco mais de mil manifestantes.

Desde o início da manifestação esteve presente um forte aparato policial, em número igual ou superior ao número de manifestantes. Antes do ato, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), havia anunciado que iria utilizar uma nova tropa para acompanhar as manifestações, a “tropa do braço”. Segundo a corporação, os policiais deste destacamento são treinados especificamente para combate corpo a corpo, e não atuam com balas de borracha ou bombas de gás.

Segundo manifestantes e jornalistas que estavam presentes, depois de um começo de manifestação pacífico, a polícia utilizou bombas de gás para dividir o grupo de pessoas que marchavam pelo centro e começou a cercar indistintamente os grupos que se dispersavam. Os policiais utilizaram uma tática conhecida como “Caldeira de Hamburgo”, utilizada pela primeira vez em manifestações na Alemanha em 1986.

Caldeirão

A tática consiste em prender os manifestantes dentro de um cordão de policiais para retirá-los e detê-los aos poucos. Na Alemanha ela foi utilizada pela primeira vez em uma manifestação contra as usinas nucleares no país. Na época, a ação foi justificada porque o governo entendia que o grupo de manifestantes compunha-se de “indivíduos com passado de violência”, “simpatizantes da Fração do Exército Vermelho” e “integrantes do movimento de ocupação urbana da Hafenstraße e os tais autônomos”. Hoje a polícia justifica sua necessidade pela presença de “mascarados”, “vândalos” e “Black Blocs”.

Na Alemanha, os manifestantes chegaram a ficar presos durante 17 horas sem poder comer, beber, o que levou os policiais que coordenaram a ação a serem processados por cárcere privado e a própria ação a ser considerada ilegal. Em São Paulo, no entanto, a conclusão foi bem diferente e a polícia comemorou o que considerou uma ação bem sucedida: “A operação foi um sucesso. Houve menos danos, menos policiais e civis feridos e menos confrontos”, afirmou o coronel Celso Luís Pinheiro. O governador também fez uma avaliação positiva: “A operação ‘tropa do braço’ foi muito bem sucedida. Nós tivemos menos confronto, menos violência, menos depredações, menos pessoas feridas, menos estragos de uma maneira geral. Acredito que a tática usada pela Polícia Militar teve êxito sim”.

Antecipação

O coronel também afirmou que a polícia agiu por antecipação, “antes que a ordem fosse quebrada”. Além das imagens de agressão gratuita com cassetadas e chaves de braço, o ato também foi marcado pela obstrução do trabalho dos jornalistas, e muitos dos repórteres que estavam no local foram impedidos de filmar o que acontecia ou até mesmo detidos.

Os manifestantes saíram às ruas contra os gastos com a Copa do Mundo e contra a situação precária do transporte, moradia, saúde e educação no Brasil. O grupo que organiza as manifestações pelo Facebook, “Contra a Copa 2014″, convocou uma nova manifestação contra a Copa para o dia 13 de março.

Foto: Tática conhecida como “Caldeira de Hamburgo” foi utilizada pela primeira vez em manifestações na Alemanha em 1986 (Reuters)


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