Ana Suspiro –
jornal i
A reestruturação
financeira das empresas, em particular das PME,é apontada como um factor
crítico para a retoma econômica no período pôs ajustamento, na medida em que
dela depende o crescimento do investimento e a criação de emprego
A economia
portuguesa perdeu 680 mil postos de trabalho nos últimos cinco anos. Os dados
do Banco de Portugal mostram que a perda de empregos foi especialmente
relevante na indústria onde atingiu 360 mil pessoas.
Uma parte desta
evolução é o resultado do processo de viragem da economia para o sector
terciário, visível na subida do emprego nos serviços. No entanto, a análise da
economia portuguesa do relatório anual, aponta para "aspectos
particulares" que levaram ao crescimento do emprego em sectores da administração
publica, saúde e educação.
A par da queda do
emprego, os dados do Banco de Portugal, ilustram uma descida acentuada da
população activa face às projecções feitas em 2006. Só no ano passado, a
população activa perdeu 121 mil trabalhadores, dos quais 70 mil se concentram
no grupo com menos de 25 anos. No grupo entre os 25 e os 34 anos, a
população activa caiu 51 mil indivíduos. O Banco de Portugal admite que os
fluxos migratórios expliquem esta evolução, a par com o aumento dos anos de
escolaridade e um maior nível de desencorajamenro dos desempregados.
A evolução do
mercado do trabalho é um ponto chave do relatório que analisa a evolução da
economia portuguesa no período do ajustamento em que se assume que o aumento do
desemprego foi um dos maiores custos do processo de consolidação e
reestruturação. Apesar dos sinais positivos visíveis na reorientaçao da
economia para os sectores transaccionáveis, a nível micro este dinamismo não se
sente ainda.
Entre as
fragilidades estruturais que já existiam antes da crise econômica e financeira
e que ainda não foram ultrapassadas, destacam se o elevado nível de
endividamento das empresas portuguesas, que trava o investimento. Um baixo grau
de qualificação e inovação, em particular ao nível da gestão e orientação das
empresas, associado à pequena dimensão e estrutura familiar da maioria das
sociedades, também pesam.
A reestruturação
financeira das empresas, em particular das PME, é apontada como um factor
crítico para a retoma econômica no período pôs ajustamento, na medida em que
dela depende o crescimento do investimento e a criação de emprego.
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