Informação
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A
entrevista que se segue, compilada do jornal moçambicano O País, data de 20 de
Abril último naquela publicação. Consideramos oportuno publicá-la agora no PG
pelo facto de manifesto interesse por Moçambique e sua atualidade dos que nos
visitam e na data mencionada não ser possível proceder a publicações no PG. Como anteriormente
vimos anunciando.
Na verdade estivemos impossibilitados de publicar no PG por
cerca de três semanas e só há cerca de uma semana conseguimos - de modo muito limitado - efetuar algumas
postagens. Contamos que até ao inicio do mês de Junho retomaremos a normalidade
e ritmo anterior de publicações. Até lá agradecemos a vossa compreensão e paciência.
(Redação PG)
Afonso
Dhlakama em entrevista
Arsénio Henriques – O País (mz)
Guebuza,
ou seja quem for membro da Frelimo. Aquilo que dizem não é o que fazem. Se a
Frelimo fosse sincera e credível, estaria tudo feito. A guerra cessou em 1992 e
nessa altura já teríamos estabelecido de facto um laço de confiança. Mas são
instáveis. Falam de paz hoje, mas dia seguinte atacam. Não aceito, de maneira
alguma, que seja cercado pelas forças governamentais, vindas de Maputo com
intenção de me aniquilar. Se vier hoje, podemos sentar. Só saio se retirarem
todas as forças militares governamentais.
A
Frelimo exibe canhões todos os dias e ninguém diz nada. Mas se Dhlakama mandar
um batalhão para atravessar o rio Save, a dois quilómetros de Inhambane ou de
Gaza, todo o mundo irá gritar. Mas todos temos os mesmos direitos como seres
humanos.
Julga
que as forças governamentais querem matá-lo?
Não
são eles. Mas são os dirigentes da Frelimo. Eles são um instrumento usado para
me matar e nem sabem por que aqui estão. Uns desistem, outros fogem
para África do Sul. Os países vizinhos estão cheios desses “piriquitos”. Foram
mandados sem saber. Não é aquele Macaringue, nem o Graça. Eles apenas recebem
ordens. Não se trata de um problema político, mas sim militar.
Mas
de quem são as ordens?
São
do presidente, que é Comandante-em-Chefe, Armando Guebuza. Você
pensa que o Graça pode planificar matar-me sem ordens? Seria preso.
Neste
momento, o que é preciso para o cessar-fogo?
É
preciso que façamos um acordo sério. Porque cessar-fogo não significa nada.
Queremos um acordo não do cessar do fogo apenas, porque poderíamos acordar
cessar o fogo 20 vezes por dia, mas as pessoas continuariam a disparar.
É
preciso negociar com boa-fé e chegar a um entendimento. Por exemplo, dissemos
que juntassem as forças da Renamo e as Armadas para criar um exército credível
como instituição do Estado, e não aquela fantochadas das FADM que tem o “cartão
vermelho””. Mas não é do interesse deles que haja esta junção. Contrariaram
aquele acordo de Roma, 50% Renamo, 50% Frelimo. E mais: querem até desarmar
meia dúzia de guardas que protegem o presidente da Renamo. Tem medo de meia
dúzia e querem que Dhlakama não tenha medo da Intervenção Rápida, da polícia e
da FADM; mas eles querem que eu acredite que têm medo de quatro ou 20
seguranças da Renamo, isto é absurdo e má-fé. Já teríamos cessado fogo há muito
tempo, meu amigo. É que não estou em Maputo, estou no mato e às vezes não tenho
tempo para esclarecer bem através dos meios da comunicação social. Só querem
aniquilar a Renamo fisicamente, arrancar as armas; não posso aceitar, porque
não sou filho da Frelimo. Tenho direitos como cidadão e a constituição defende
o meu partido também. Portanto, se a Frelimo não nos quer, arranje uma ilha
para nos colocar.
Está
disposto a conversar com o presidente Guebuza em Santungira?
Claro
que sim. Pergunte ao Dom Dinis Sengulane, professor doutor Lourenço do Rosário
e ao Observatório Eleitoral; vinham sempre negociar para saber se seria na
Beira ou em Chimoio. As
coisas já estavam maduras.
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