quarta-feira, 21 de maio de 2014

Moçambique: “Não aceito que seja cercado por forças do governo”




Informação Página Global

A entrevista que se segue, compilada do jornal moçambicano O País, data de 20 de Abril último naquela publicação. Consideramos oportuno publicá-la agora no PG pelo facto de manifesto interesse por Moçambique e sua atualidade dos que nos visitam e na data mencionada não ser possível  proceder a publicações no PG. Como anteriormente vimos anunciando. 

Na verdade estivemos impossibilitados de publicar no PG por cerca de três semanas e só há cerca de uma semana conseguimos - de modo muito limitado - efetuar algumas postagens. Contamos que até ao inicio do mês de Junho retomaremos a normalidade e ritmo anterior de publicações. Até lá agradecemos a vossa compreensão e paciência. (Redação PG)

Afonso Dhlakama em entrevista

Arsénio Henriques – O País (mz)

Guebuza, ou seja quem for membro da Frelimo. Aquilo que dizem não é o que fazem. Se a Frelimo fosse sincera e credível, estaria tudo feito. A guerra cessou em 1992 e nessa altura já teríamos estabelecido de facto um laço de confiança. Mas são instáveis. Falam de paz hoje, mas dia seguinte atacam. Não aceito, de maneira alguma, que seja cercado pelas forças governamentais, vindas de Maputo com intenção de me aniquilar. Se vier hoje, podemos sentar. Só saio se retirarem todas as forças militares governamentais.

A Frelimo exibe canhões todos os dias e ninguém diz nada. Mas se Dhlakama mandar um batalhão para atravessar o rio Save, a dois quilómetros de Inhambane ou de Gaza, todo o mundo irá gritar. Mas todos temos os mesmos direitos como seres humanos.

Julga que as forças governamentais querem matá-lo?

Não são eles. Mas são os dirigentes da Frelimo. Eles são um instrumento usado para me matar e nem sabem por que aqui estão.  Uns desistem, outros fogem para África do Sul. Os países vizinhos estão cheios desses “piriquitos”. Foram mandados sem saber. Não é aquele Macaringue, nem o Graça. Eles apenas recebem ordens. Não se trata de um problema político, mas sim militar.

Mas de quem são as ordens?

São do presidente, que é Comandante-em-Chefe, Armando Guebuza. Você pensa que o Graça pode planificar matar-me sem ordens? Seria preso.

Neste momento, o que é preciso para o cessar-fogo?

É preciso que façamos um acordo sério. Porque cessar-fogo não significa nada. Queremos um acordo não do cessar do fogo apenas, porque poderíamos acordar cessar o fogo 20 vezes por dia, mas as pessoas continuariam a disparar.

É preciso negociar com boa-fé e chegar a um entendimento. Por exemplo, dissemos que juntassem as forças da Renamo e as Armadas para criar um exército credível como instituição do Estado, e não aquela fantochadas das FADM que tem o “cartão vermelho””. Mas não é do interesse deles que haja esta junção. Contrariaram aquele acordo de Roma, 50% Renamo, 50% Frelimo. E mais: querem até desarmar meia dúzia de guardas que protegem o presidente da Renamo. Tem medo de meia dúzia e querem que Dhlakama não tenha medo da Intervenção Rápida, da polícia e da FADM; mas eles querem que eu acredite que têm medo de quatro ou 20 seguranças da Renamo, isto é absurdo e má-fé. Já teríamos cessado fogo há muito tempo, meu amigo. É que não estou em Maputo, estou no mato e às vezes não tenho tempo para esclarecer bem através dos meios da comunicação social. Só querem aniquilar a Renamo fisicamente, arrancar as armas; não posso aceitar, porque não sou filho da Frelimo. Tenho direitos como cidadão e a constituição defende o meu partido também. Portanto, se a Frelimo não nos quer, arranje uma ilha para nos colocar.

Está disposto a conversar com o presidente Guebuza em Santungira?

Claro que sim. Pergunte ao Dom Dinis Sengulane, professor doutor Lourenço do Rosário e ao Observatório Eleitoral; vinham sempre negociar para saber se seria na Beira ou em Chimoio. As coisas já estavam maduras.

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