quarta-feira, 11 de junho de 2014

A ADMINISTRAÇÃO OBAMA ESVERDEOU?




Dias antes da proposta de redução da emissão de CO2 ser anunciada, Obama premiou a Exxon com mais de 172 milhões de barris de petróleo do Golfo do México.

Steve Hom, originalmente publicado em CounterPunch – Carta Maior

No dia 30 de Maio, apenas alguns dias antes da Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA) anunciar os detalhes da proposta de redução de emissões de CO2, a administração Obama premiou com concessões de petróleo em alto mar a empresa ExxonMobil. A área situada no Golfo do México contém mais de 172 milhões de barris de petróleo.

O Departamento do Interior (DOI) e o Bureau de Administração de Energia Oceânica (BOEM) afirmam que as concessões dadas à ExxonMobil fazem parte de uma "estratégia energética do Presidente Obama de continuar expandindo com segurança e responsabilidade a produção doméstica de energia."

A Secretária do Interior Sally Jewell já trabalhou como engenheira para a petrolífera Mobil, comprada como subsidiária pela Exxon em 1998.

Apelidada de "Império Privado" pelo repórter investigativo Steve Coll, a ExxonMobil agora terá acesso ao petróleo e ao gás na aréa de Alaminos Canyon, localizada 170 milhas ao leste de Port Isabel, Texas. Port Isabel faz fronteira com o ponto turístico South Padre Island.

A ExxonMobil originalmente ganhou as três concessões na texto_detalhe Planning Area Sale 233, em 19 de Março. Segundo dados da BOEM, a corporação foi a única companhia que participou do leilão e pagou mais de U$ 21.3 milhões.

Acordo transfronteiriço abre porteiras

O Acordo Transfronteiriço de Hidrocarbonetos EUA-México assinado pelo presidente Obama em 23 de Dezembro de 2013 - um precursor chave no debate sobre as reformas nas indústrias de petróleo e gás do México - serviu como base legal para a premiação de concessões à ExxonMobil.

"Com o acordo em pleno vigor, dois governos podem fornecer a supervisão necessária para assegurar que a exploração e as atividades sejam conduzidas com segurança e responsabilidade," afirma Sally Jewell.

Ainda segundo a Secretária do Interior, "essas concessões representam um passo significativo na cooperação EUA-México em produção de energia e preparam o caminho para uma futura colaboração ambiental." Mais de 1.5 milhões de acres em alto mar foram abertos para negócio em virtude do Acordo Transfronteiriço.

Para garantir o acordo, companhias americanas concordaram em desenvolver a área junto com a companhia mexicana Petroleos Mexicanos (Pemex).

Deputados mexicanos estão debatendo os detalhes da legislação secundária. As emendas constitucionais disponibilizarão o resto das reservas em terra e alto mar para companhias internacionais de gás e petróleo, sempre trabalhando em parceria com a Pemex.

Recentemente, um alto funcionário da Pemex afirmou que 21 leis secundárias serão aprovadas pela legislatura numa sessão extraordinário já programada para este mês.

Programa de Cinco Anos

Além do Acordo Transfronteiriço, a administração Obama anunciou em fevereiro a abertura de mais de 40 milhões de acres em alto mar para o desenvolvimento de petróleo e gás.

Segundo Sally Jewell, "essas vendas de concessões ressaltam o comprometimento de Obama em criar empregos por meio da exploração segura e responsável das fontes de energia doméstica da nação".

Ainda de acordo com ela, "o Programa de Cinco Anos reflete a determinação do governo em facilitar o desenvolvimento enquanto protege os ambientes humano, marinho e costeiro, e assegura um retorno justo ao americanos pagantes de impostos".

No entanto, nem todo mundo confia na habilidade da administração Obama de "facilitar o desenvolvimento enquanto protege os ambientes humano, marinho e costeiro," tendo em vista a crise climática e os impactos ecológicos da perfuração em alto mar.

Isso sem contar as inúmeras imperfeições da proposta do carbono da EPA, a qual um artigo na Bloomberg Businessweek descreveu como se estivesse "fazendo um grande favor para a indústria de energia."

"A administração Obama teve um problema com a política energética: anunciando políticas que competem umas com as outras em relação à redução de emissões," disse Tyson Slocum, diretor do programa de energia da ONG Public Citizen.

Tradução de Isabela Palhares.

Créditos da foto: Peter Andrews KPRM

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