Antiga
ministra das Finanças defende que é fácil resolver o buraco orçamental deixado
em aberto pela decisão do TC. Bastaria que Passos Coelho utilizasse as reservas
de mais de 500 milhões de euros "que lá tem para tapar estas
situações". Não levava mais de "dez minutos".
Joana
Madeira Pereira - Expresso
Manuela Ferreira Leite, no seu espaço de comentário na TVI24, voltou quinta-feira a questionar o paradeiro da provisão orçamental de várias centenas de milhões de euros existente no Orçamento de Estado deste ano.
As
declarações foram proferidas horas depois de a ministra das Finanças, Maria
Luís Albuquerque, ter admitido que alguns trabalhadores do Estado só em julho
deverão receber os salários com a reposição dos cortes - apesar de a decisão do
Tribunal Constitucional (TC) de chumbar os cortes salariais na Função Pública
determinar a sua reposição já neste mês de junho. "Haverá muitos serviços
que não dispõem de fundos suficientes no imediato", garantiu a ministra,
no final do Conselho de Ministros de quinta-feira, que aprovou matérias como a
nova Contribuição de Sustentabilidade, o aumento do ICA e a subida da Taxa
Social Única.
Ontem
à noite, Manuela Ferreira Leite mostrou não se conformar com estas declarações.
Nem com a dramatização que o Governo está a fazer à volta do "custo"
dos chumbos do TC - e que levaram mesmo o primeiro-ministro Passos Coelho a
desmarcar a viagem ao Mundial de futebol do Brasil, que arranca na próxima
semana.
"O
Orçamento para 2014 tinha uma reserva chamada de dotação provisional: 570 e tal
milhões de euros. Onde está esse dinheiro? Para onde foi? Onde está a ser
aplicado? Não é para ter uma reserva? A dotação provisional é isso mesmo. A
ministra das Finanças dizia que os serviços não têm dinheiro, mas ela pode
fazer um despacho e tem delegação de competências para fazer um reforço dos
ministérios, o que pode acontecer em 10 minutos", afirmou.
Por
isso, defendeu, " em vez de o primeiro-ministro não ir ao futebol, eu acho
que ele devia dizer à ministra das Finanças que utilizasse as reservas que tem
lá para tapar estas situações. Para onde é que ele foi? Não é para ter uma
reserva? A dotação provisional é para isso mesmo", adiantou a ex-ministra
das Finanças.
Não
é a primeira vez que a antiga líder do PSD aborda este tema. E admite pedir
esclarecimentos à Assembleia da República a propósito desta matéria. "Há
um ponto em relação ao qual não consigo conformar-me, que é não saber qual o
destino daquele dinheiro. Se não houver nenhum esclarecimento público sobre
essa matéria, eu própria farei um requerimento à Assembleia da República a pedir
aos deputados que me esclareçam sobre essa matéria, porque eles são obrigados a
responder", declarou.
Folga
orçamental de 911 milhões
Segundo
a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), que analisa a execução orçamental
dos primeiros quatro meses do ano, o Estado tinha, no final do último mês de
abril, uma folga orçamental de 911 milhões de euros: 533, milhões que
constituem a chamada dotação provisional e 377,1 milhões que compõem a reserva
orçamental dos serviços.
Foto:
José Carlos Carvalho
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