quinta-feira, 5 de junho de 2014

Macau e Hong-Kong homenageiam vítimas do massacre de Tiananmen




Centenas de pessoas recordaram vítimas na principal praça de Macau

05 de Junho de 2014, 04:45

Macau, China, 04 jun (Lusa) - Centenas de pessoas, maioritariamente jovens, concentraram-se hoje, pela primeira vez desde 1999, no Largo do Senado em Macau para assinalar os 25 anos do massacre de Tiananmen.

Com o Largo do Senado "reservado" para assinalar a data - o que não acontecia desde 1999 por estar sempre ocupado com atividades ligadas ao Dia Mundial da Criança - o número de pessoas que aderiu à vigília foi muito superior ao de anos anteriores, quando eram apenas dezenas, que ficavam então uns metros à frente, em homenagem às vítimas dos tanques na praça de Pequim e em apelos para mais democracia na República Popular da China.

A organização, hoje, fala numa participação de 2.000 pessoas, mas mesmo não sendo possível contabilizar o número certo, nunca se viu o Largo do Senado tão preenchido de pessoas nesta data.

"Estou muito emocionado com a adesão a esta vigília. Fico muito feliz por ver tanta gente aqui", afirmou Bill Chou, professor da Universidade de Macau (UM), ativista e voluntário da organização.

Pouco minutos depois das 20:00 locais (13:00 em Lisboa), mais de dois terços da principal praça do território estavam ocupados. As cerimónias começaram com um minuto de silêncio em memória dos que foram mortos há 25 anos em Tiananmen.

O evento prolongou-se por cerca de três horas, com exibição de vídeos sobre o massacre, intervenções de membros da organização apelando à luta democrática e aos direitos do povo chinês, salientando sempre o que aconteceu a 04 de junho de 1989.

Apesar dos seus 18 anos, Ray Leong, estudante e residente em Macau, quis marcar presença em homenagem às vítimas do massacre.

"Esta é a oportunidade das pessoas de Macau, como eu, mas também de Hong Kong e do interior da China virem expressar o seu apoio à democracia e aos seus direitos, lembrando os estudantes que lutaram por isso", disse ao acrescentar que, para ele, "é um privilégio residir em Macau e ter a oportunidade de manifestar" o seu pensamento livremente.

Da mesma opinião é Luís Leong, 30 anos, voluntário da organização da vigília, que defende a "necessidade dos chineses não esquecerem a luta pelos seus direitos".

"O que os estudantes fizeram há 25 anos foi histórico e eu defendo que o Governo chinês deve um pedido de desculpas aos familiares das vítimas e a toda a sociedade chinesa, em vez de tentar apagar da nossa vida aquilo que foi o maior massacre estudantil a que já assistimos", defendeu.

Natural do interior da China, Luís Leong acredita que a mentalidade chinesa está a mudar, principalmente em Macau e essa mudança foi visível nas manifestações realizadas a 25 e 27 de maio contra a proposta de lei que previa um conjunto de garantias e benefícios para titulares dos principais cargos políticos.

"[As manifestações] mostraram a vontade que o povo tem de ser ouvido, e o mesmo acontece para com as vítimas de Tiananmen. Elas merecem que estejamos todos aqui hoje, e isto deveria estar acontecer no interior da China também", defendeu.

Apesar de não ser nascido aquando do massacre, Oliveira Lam, 21 anos, cedo percebeu o que tinha acontecido em Tiananmen.

"Os meus pais sempre me passaram a mensagem dos estudantes que lutaram por aquilo em que acreditavam", contou, ao explicar ter tido sempre muita curiosidade sobre o "manifestante que se colocou em frente ao tanque militar".

Para este jovem, "ainda hoje o Governo Chinês pressiona e controla muito a sociedade", e por isso, Oliveira Lam defende ser "uma obrigação da nova geração [de Macau]" divulgar os acontecimentos de 1989 aos "jovens que não sabem o que aconteceu, porque os pais não contam e os professores não ensinam".

Tal como em Macau, o 04 de junho é assinalado também em Hong Kong, numa manifestação popular que este ano juntou cerca de 180.000 pessoas no parque Vitória, os únicos dois locais da República Popular da China onde se realizam iniciativas para recordar os acontecimentos de 04 de junho de 1989 abertamente.

Em Macau, e apesar da Polícia de Segurança Pública ter pretendido confinar os participantes na vigília a uma pequena parte do Largo do Senado, uma decisão do Tribunal de Última Instância proferida hoje à tarde (hora local) concedeu aos organizadores o direito de utilização da praça em toda a sua área.

FAR // EL - Lusa

Mais de 180 mil pessoas participam em vigília em Hong Kong

05 de Junho de 2014, 00:17

Hong Kong, China, 04 jun (Lusa) - Mais de 180 mil pessoas participaram hoje em Hong Kong numa vigília de homenagem às vítimas do massacre de há 25 anos na praça de Tiananmen, segundo números da organização.

Milhares de pessoas permaneceram cerca de duas horas sentadas no chão com uma vela acesa na mão, numa cerimónia em que se ouviram gritos de protesto contra o Partido Comunista Chinês e outras mensagens como 'You cannot kill us all' ('Não nos podem matar a todos').

Hong Kong e Macau - sob o estatuto de região administrativa especial - são os únicos dois locais da República Popular da China onde se realizam iniciativas para recordar os acontecimentos de 04 de junho de 1989 abertamente.

A organização da vigília, que se realiza anualmente no Parque Vitória de Hong Kong, sublinhou a adesão recorde deste ano, numa data redonda, atendendo a que, além das 180 mil pessoas que se encontravam no interior do parque, havia muitas outras do lado de fora que não puderam ou não quiseram entrar.

Entre os participantes da homenagem encontravam-se alguns dirigentes de partidos políticos da antiga colónia britânica de Hong Kong, assim como muitos jovens e muitos chineses do interior da China, que viajaram especificamente para a vigília, e também algumas dezenas de expatriados.

DM // APN - Lusa

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