Fernanda
Mestrinho – jornal i, opinião
Podem
dar as voltas que quiserem: a CPLP, como foi concebida, acabou. Passou da cepa
torta, mas de língua portuguesa, para uma plataforma de negócios, lavandaria
para um ditador, o da Guiné Equatorial, que se impôs a troco de dinheiro.
Portugal
tentou resistir, admito. Há muito que se sabia que, quando fosse a “sério”,
Brasil e Angola impunham as regras. Petróleo, dinheiro, a CPLP virou um veículo
financeiro ( como gostam de dizer…).
E aparece sempre um banqueiro a tratar do assunto. Desta vez, Luís Amado, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do PS que, não sei por que carga de água, virou presidente do Banif. Mais um banco, por razões familiares, em dificuldades, onde o Estado meteu dinheiro e, claro, o presidente da Guiné Equatorial vai injectar 100 milhões. No intervalo, Luís Amado, em voz baixa e pausada, disserta sobre estratégia política. Esta vai-lhe ficar agarrada à pele.
Outra
instituição que me fascina é a Associação de Bancos. O actual presidente, Faria
de Oliveira, ficou surpreendido com o que aconteceu no BES. Os anteriores
também ficaram espantados com o BCP, BPN ou BPP. Ouvi, na televisão, outro
ex-presidente, João Salgueiro, chutar para a supervisão, reguladores, auditorias,
etc. Em Portugal, a culpa mora ao lado. E a responsabilidade. Em teoria são
todos muito bons, tão crédulos que não acreditam em delinquências. Os
seus associados são bancos, é certo, mas assobiam para o lado com o seu
comportamento. Pois, “o povo é que paga”, como diz a canção.
Jornalista/advogada
- Escreve ao sábado
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