sábado, 26 de julho de 2014

A CULPA MORA…



Fernanda Mestrinho – jornal i, opinião

Podem dar as voltas que quiserem: a CPLP, como foi concebida, acabou. Passou da cepa torta, mas de língua portuguesa, para uma plataforma de negócios, lavandaria para um ditador, o da Guiné Equatorial, que se impôs a troco de dinheiro.

Portugal tentou resistir, admito. Há muito que se sabia que, quando fosse a “sério”, Brasil e Angola impunham as regras. Petróleo, dinheiro, a CPLP virou um veículo financeiro ( como gostam de dizer…). 

E aparece sempre um banqueiro a tratar do assunto. Desta vez, Luís Amado, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do PS que, não sei por que carga de água, virou presidente do Banif. Mais um banco, por razões familiares, em dificuldades, onde o Estado meteu dinheiro e, claro, o presidente da Guiné Equatorial vai injectar 100 milhões. No intervalo, Luís Amado, em voz baixa e pausada, disserta sobre estratégia política. Esta vai-lhe ficar agarrada à pele.

Outra instituição que me fascina é a Associação de Bancos. O actual presidente, Faria de Oliveira, ficou surpreendido com o que aconteceu no BES. Os anteriores também ficaram espantados com o BCP, BPN ou BPP. Ouvi, na televisão, outro ex-presidente, João Salgueiro, chutar para a supervisão, reguladores, auditorias, etc. Em Portugal, a culpa mora ao lado. E a responsabilidade. Em teoria são todos muito bons, tão crédulos que não acreditam em delinquências. Os seus associados são bancos, é certo, mas assobiam para o lado com o seu comportamento. Pois, “o povo é que paga”, como diz a canção.

Jornalista/advogada - Escreve ao sábado

Sem comentários:

Mais lidas da semana