Governo
alemão exige esclarecimentos sobre caso do funcionário do serviço secreto
alemão preso por suspeita de passar dados sigilosos aos americanos. Caso pode
ampliar tensão no relacionamento entre os dois países.
Berlim
exige esclarecimentos de Washington sobre o caso do funcionário do serviço
secreto alemão preso por suspeita de vender documentos sigilosos aos EUA. O
ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, o presidente alemão,
Joachim Gauck, e o ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier,
cobraram explicações do governo americano. O portal alemão de notícias Spiegel
Online noticiou neste domingo (06/07) que a chanceler federal alemã,
Angela Merkel, se disse "chocada" com o caso.
"Espero
que todos colaborem de forma rápida para o esclarecimento das acusações e que
haja também explicações imediatas e inequívocas dos EUA", apelou o
ministro Thomas de Maizière, em entrevista ao jornal Bild, a ser publicada
na edição desta segunda-feira.
"Agora
chega"
Em
entrevista ao canal de televisão estatal alemão ZDF, o presidente da Alemanha,
Joachim Gauck, alertou que, se as suspeitas forem confirmadas, os EUA estão
colocando em risco a amizade com a Alemanha. "Chegou a hora de dizer,
'agora chega'", avisou o chefe de Estado.
Até
agora, a Casa Branca e o Departamento de Estado dos EUA se recusaram a comentar
a prisão de um funcionário do Departamento Federal de Informações (BND, na
sigla em alemão), na quarta-feira, acusado de vender informações sigilosas para
o serviço secreto dos EUA.
Segundo
a agência de notícias alemã DPA, o homem preso confessou ter encaminhado,
durante mais de dois anos, 218 documentos ao serviço secreto americano, em
troca de 25 mil euros.
"Caso
as informações forem verdadeiras, então estaremos falando de algo que não é
coisa pequena", disse neste domingo o ministro do Exterior alemão,
Frank-Walter Steinmeier, durante visita à Mongólia. Ele cobrou que os EUA
colaborem no esclarecimento do incidente "o mais rápido possível".
"Para seu próprio interesse, os Estados Unidos devem cumprir sua obrigação
em cooperar", afirmou.
Laços
já estremecidos
O
incidente corre o risco de provocar mais tensões no relacionamento entre os
dois países, já estremecido pela revelação, no ano passado, de que a NSA
realizou operações de espionagem em grande escala dentro da Alemanha tendo, inclusive,
grampeado o celular da chanceler Angela Merkel.
A
chefe de governo alemã teria se mostrado "desapontada" e
"chocada" com o caso, escreveu neste domingo o portal Spiegel
Online, edição eletrônica da revista Der Spiegel, citando membros da
delegação de executivos e deputados que acompanha Merkel em uma viagem à China.
"Durante o voo rumo ao país asiático, o grupo teria tido uma longa
conversa com a chanceler", informa a publicação.
A
ex-secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou durante um evento em Berlim,
que soube do caso pela mídia, mas que, se a suspeita for confirmada "se
trata claramente de um assunto sério" e que as relações entre a Alemanha e
os Estados Unidos nas áreas de serviços de segurança e de inteligência
"não devem ser comprometidas".
De
acordo com o jornal Bild am Sonntag, o funcionário do BND preso trabalhava
para a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA). Ele teria confessado que
encaminhou aos americanos dados sobre a comissão de inquérito do Parlamento
alemão que investiga as atividades na Alemanha da Agência de Segurança Nacional
(NSA) dos Estados Unidos.
Deutsche
Welle - MD/afp/dpa/rtr - Edição Roberto Crescenti
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