Sydney, Austrália,
31 jul (Lusa) -- O Governo da Austrália tentou encobrir um relatório que revela
os problemas psíquicos enfrentados pelos menores em centros de detenção para
imigrantes indocumentados, denunciou hoje uma comissão de investigação.
O diretor do
serviço de saúde mental destes centros, Peter Young, explicou à comissão que a
sua equipa apresentou um relatório sobre a situação de menores detidos na ilha
de Christmas e em Nauru que mostrava "um grande número de crianças com
distúrbios mentais significativos".
Segundo Young, a
apresentação do relatório provocou uma resposta "negativa" por parte
do departamento de Imigração.
A Imigração
"reagiu de forma alarmada e pediu-nos que retirássemos estes dados do
nosso relatório", disse Young numa declaração perante a Comissão
Australiana para os Direitos Humanos, segundo a estação ABC.
Young disse que o
relatório incluía os casos de 128 menores que tentaram autoinfligir-se nos
últimos 15 meses, 23 dos quais em mais de duas ocasiões, ingerindo substâncias
tóxicas ou batendo com a cabeça contra as paredes.
A Austrália envia
os imigrantes indocumentados que tentam alcançar as suas costas para centros de
detenção, incluindo dois na ilha papuana de Manus, e outro em Nauru, no
Pacífico Sul, durante a tramitação dos seus pedidos de asilo.
O Governo mantém um
forte secretismo sobre a situação destas pessoas e as operações da marinha para
bloquear a passagem de barcos que tentam chegar ao território australiano,
apesar das críticas do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados e Amnistia Internacional.
Muitos destes
imigrantes fugiram de conflitos no Afeganistão, Darfur, Paquistão, Somália e
Síria, e outros escaparam à discriminação ou condição de apátridas como as
minorias rohingya, da Birmânia, ou Bidun, da região do Golfo.
FV // FV - Lusa
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